Brasil
Pesquisadores identificam alta concentração de terras raras em RR e estudam existência de jazida
O estudo busca mapear a ocorrência e identificar a viabilidade de extração. A iniciativa ainda não tem vínculo oficial com a UFRR, mas o termo de acordo de cooperação deve ser firmado, segundo os pesquisadores.

Pesquisadores do curso de geologia da Universidade Federal de Roraima (UFRR) identificaram rochas e argilas com alta concentração de elementos de terras raras, minerais químicos essenciais para o setor de tecnologia, em uma área privada em Caracaraí, município ao Sul de Roraima. O grupo agora estuda a existência de uma jazida no local. As informações são do g1 RR.
Terras raras (ETRs) são minerais que compõem um grupo de 17 elementos químicos, encontrados na natureza, normalmente misturados a outros minérios nas rochas ou no solo e com alto valor comercial (veja detalhadamente mais abaixo).
O estudo busca mapear a ocorrência e identificar a viabilidade de extração. A iniciativa ainda não tem vínculo oficial com a UFRR, mas o termo de acordo de cooperação deve ser firmado, segundo os pesquisadores.
Os elementos foram encontrados em quase toda a superfície, o que indica o potencial da área. Os pesquisadores ainda precisam confirmar se também estão presentes na camada abaixo do solo e em quantidade suficiente para exploração econômica. Nesse caso, o local será classificado como uma jazida.
O Complexo Mineral Barreira fica na zona Rural de Caracaraí, distante cerca de 140 km da capital Boa Vista. A área de 36 hectares — aproximadamente 50 campos de futebol — é de propriedade do advogado Gustavo Hugo de Andrade, de 34 anos, e o empresário Lucergio Barreira Abreu da Silva, de 46.
A pesquisa é conduzida por três professores da UFRR: Vladimir de Souza, doutor em bioestratigrafia, Carlos Eduardo Lucas Vieira, doutor em geociências, e Lorena Malta Feitosa, doutoranda e mestre em geofísica. Eles começaram a estudar a área a convite dos proprietários, há cerca de um mês, em agosto.
O estudo está na fase de caracterização mineralógica, processo que identifica a quantidade de minerais presentes em uma amostra. Segundo os pesquisadores, análises do solo apresentaram resultados fora do comum, com alta concentração de elementos terras raras, além de outros elementos críticos, essenciais para setores estratégicos, como tecnologia e transição energética.
O pesquisador Vladimir de Souza explica que a ocorrência de terras raras em Roraima é comum, mas algumas áreas apresentam mais elementos e minerais do que outras, como é o caso da propriedade em Caracaraí.
“Tem a ocorrência e os valores desta ocorrência estão bem acima do normal encontrado. Então, você encontra [elementos com teores] 100 vezes acima do que é normal. Já é um bom indicativo, porque as outras ocorrências que a gente encontra são pequenas, com um elemento muito alto. Essa área tem vários elementos com altíssima concentração”, explicou Vladimir ao g1.
Entre os elementos identificados na região, o ítrio — metal que é usado na produção de diversos eletrônicos — apresentou concentração de 296 partes por milhão (ppm), considerado acima do normal pelos pesquisadores quando comparado ao encontrado no solo de outros lugares.
“Nossa grande questão agora é descobrir se esses teores se mantém ao longo do corpo e que tamanho tem esse corpo, porque daí a gente vai poder dizer o quanto que existe de um determinado depósito”, explicou o pesquisador Carlos Eduardo.
Para confirmar a existência de uma jazida mineral, os pesquisadores seguem várias etapas. O trabalho começa pelo mapeamento de superfície, quando os geólogos vão a campo, coletam amostras e analisam sua composição química.
Em seguida, são aplicadas técnicas de geofísica. Depois, realizadas perfurações, sondagens, trincheiras e poços. Após isso, é feita a cubagem, que determina o tamanho e a quantidade do corpo mineralizado. Caso tenha um valor econômico, a área é oficialmente considerada uma jazida.
“Aí deixa de ser uma ocorrência para ser uma jazida, um depósito […] Para confirmar uma jazida são necessárias várias pesquisas geológicas, iniciadas pelo mapeamento de superfície, que os geólogos vão lá bater martelo, como a gente fala, e fazer coleta para a química. Depois, se utiliza a geofísica e por fim se faz furos, sondagens, trincheiras, poços e por aí vai. Se tiver um um valor econômico, ele é considerado como uma jazida”, explicou Lorena Feitosa.
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