Brasil
Operação para unir Master e BRB teve Rueda e Ciro Nogueira como padrinhos políticos, diz colunista do UOL
Rueda é presidente do União Brasil, partido do governador Wilson Lima, do Amazonas, cujo fundo de pensão, o Amazonprev, aplicou R$ 50 milhões no Master.
A aproximação do BRB (Banco de Brasília) com o Banco Master —que levou a uma oferta para comprar o Master, barrada pelo Banco Central— contou com a ajuda dos presidentes do União Brasil (UB), Antônio Rueda, e do Progressistas (PP), Ciro Nogueira. As informações são de Natália Portinari, colunista do UOL
Os partidos são aliados ao governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), cuja administração controla o BRB, banco estatal. O UB é o partido do governador Wilson Lima, do Amazonas, cujo fundo de pensão, o Amazonprev, aplicou R$ 50 milhões no Master.
No final do ano passado, Vorcaro procurava um comprador para o banco, e a influência dos dirigentes partidários no governo do Distrito Federal abriu as portas no BRB.
A proximidade de Ciro e Rueda com o banqueiro foi essencial na negociação com o banco estatal, já que Ibaneis precisa dos dois partidos para uma aliança nas eleições de 2026.
No ano que vem, Ibaneis deve tentar uma vaga no Senado e apoiar sua vice-governadora, Celina Leão (PP), como candidata a governadora do Distrito Federal.
Além da oferta malsucedida para comprar o Master, o BRB repassou R$ 12 bilhões ao banco privado no início de 2025, operação que levou à prisão de Vorcaro e de diretores do Master na Operação Zero Compliance.
A PF aponta que a operação se baseou em carteiras de crédito falsificadas e teve como objetivo apenas financiar o Master com dinheiro do banco estatal, em uma negociação sem lastro e com indícios de fraude.
A defesa de Vorcaro nega irregularidades. Procurados para comentar a ligação com o banqueiro, Ciro Nogueira e Rueda não responderam.
Ainda em 2023, a operação política do Banco Master em Brasília contou com um pontapé inicial de Flávia Peres, ex-mulher de José Roberto Arruda (PL) e ex-ministra do governo Jair Bolsonaro, hoje casada com Augusto Lima, sócio do Banco Master.
Foi através de Flávia que seu antigo colega no Palácio do Planalto, o ex-ministro da Casa Civil e hoje senador, Ciro Nogueira, se aproximou do Banco Master e de Daniel Vorcaro, sócio majoritário do Master.
Em agosto do ano passado, o presidente do PP defendeu os interesses do Master propondo um aumento na cobertura do FGC (Fundo Garantidor de Crédito) de R$ 250 mil para R$ 1 milhão por conta, tentando inserir a proposta em uma PEC sobre outro assunto. A cobertura serve para socorrer investidores caso um banco quebre.
A proposta foi descartada no Senado, mas o Banco Master poderia ter aumentado a captação através de CDBs, seu principal produto, se houvesse uma proteção maior do FGC. Agora, com a liquidação do banco, decretada ontem, caberá ao FGC pagar um socorro de R$ 41 bilhões aos investidores do banco.
Carnaval
Em fevereiro deste ano, um dia após a eleição de Hugo Motta (Republicanos-PB) como presidente da Câmara dos Deputados, Vorcaro estava em uma festa para celebrar a eleição na casa de um empresário em Brasília, com um grupo seleto de políticos.
Poucas semanas depois, no Carnaval do Rio de Janeiro, o dono do Banco Master patrocinou um camarote para poucos convidados na Sapucaí, onde também estavam Ciro, Rueda, o deputado federal Isnaldo Bulhões (MDB-AL) e outros políticos.
O camarote, patrocinado pelo Banco Master, foi marcado pela ostentação. “Era champagne Dom Pérignon servido no banheiro”, conta uma pessoa próxima ao banco.
A aproximação com o mundo político de Brasília aconteceu enquanto uma consultoria contratada pelo Banco Master tentava, em vão, vender o banco a agentes privados, mas encontrava ceticismo em relação à solidez da sua carteira de ativos.
Nesse contexto, Ibaneis e Paulo Henrique Costa, presidente do BRB, se uniram aos presidentes do União Brasil e do PP para tentar viabilizar a operação. Em abril deste ano, o BRB anunciou que iria comprar 58% das ações do Master. A operação acabou sendo barrada pelo Banco Central pelo potencial que teria de lesar o banco estatal, entre outros motivos.
Paulo Henrique Costa foi afastado da gestão do Banco de Brasília por decisão judicial nesta terça-feira, também investigado pela suspeita de operações fraudulentas na Operação Zero Compliance.
A defesa de Vorcaro disse que “o banqueiro anunciou ontem a venda da instituição e tinha plano de voo a Dubai para se encontrar com os compradores”. “No mesmo dia, advogados, por ele e pelo Banco Master, colocaram-se, como já haviam feito antes, à disposição para cooperar com as autoridades, prover informações, participar de audiências, inclusive com a presença de Vorcaro.”
O Governo do Distrito Federal disse, em nota, que “reforça seu compromisso com a legalidade, a transparência e a plena colaboração com as autoridades responsáveis pelas investigações”.
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