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Municípios da Amazônia que mais desmataram tiveram piores desempenhos em índice de progresso social, aponta pesquisa

O Imazon aponta que em 2020 a Amazônia foi responsável por cerca de 52% das emissões de gases de efeito estufa do Brasil, mas contribuiu com apenas 9% do PIB.

Gado na floresta desmatada. (Foto: João Laet_AFP)

O Índice de Progresso Social 2023 (IPS), que analisa 47 indicadores de qualidade de vida de áreas como saúde, educação, segurança e moradia, mostra que os municípios da Amazônia que tiveram os piores desempenhos nos últimos três anos são os mesmos que mais desmataram a floresta no período. O levantamento é elaborado pelo Imazon.

De acordo com o estudo, os 29 territórios da Amazônia com as notas mais altas no IPS apresentaram um desmatamento médio de 20 km² entre 2020 e 2022, baseado nos dados do Projeto Prodes, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Por outro lado, os 89 municípios que tiveram as avaliações mais baixas, com pontuações inferiores a 50,12 pontos, derrubaram uma média de 86 km² nesse período, quase quatro vezes mais.

Além disso, conforme destaca o Imazon, o IPS médio dos 20 municípios com as maiores áreas de floresta destruídas nos últimos três anos ficou em 52,30 pontos, menor do que o da Amazônia, que ficou 54,32.

São Félix do Xingu, localizado do no sul do Estado do Pará, é um dos exemplos destacados pelo Imazon. No município, a área desmatada superou 1,7 mil km2 de floresta no período enquanto o IPS registrado foi de apenas 52,56.

Conforme explica o cofundador do Imazon e coordenador da pesquisa, Beto Veríssimo, o IPS é um pouco melhor nas capitais e em alguns territórios com mais de 200 mil habitantes e, em geral, mais baixo em municípios com altas taxas de desmatamento.

“Isso mostra mais uma vez que a expansão da derrubada não gerou desenvolvimento na Amazônia. Pelo contrário, deixou os 27 milhões de habitantes da região sob condições sociais precárias”, disse em nota.

O Imazon aponta, por exemplo, que em 2020 a Amazônia foi responsável por cerca de 52% das emissões de gases de efeito estufa do Brasil, mas contribuiu com apenas 9% do PIB.

Para Veríssimo, as curvas de crescimento econômico e desmatamento estão dissociadas. “No período de maior queda na taxa de derrubada, entre 2004 e 2012, a economia da Amazônia cresceu. E o contrário ocorreu nos últimos anos, de 2017 a 2022, quando a destruição aumentou e a economia esteve em baixa”, afirma.

Ainda segundo o levantamento do Imazon, se a Amazônia fosse um país, estaria entre os piores no IPS Global.

Em relação ao Brasil, cujo IPS foi de 67,94, a nota da Amazônia em 2023 foi 25% menor (54,32). Já na comparação mundial, o desenvolvimento social amazônico equivaleria ao do Malawi, país africano que está na 125ª posição entre 169 países avaliados no último IPS Global, de 2022.

Nenhum dos nove Estados da Amazônia Legal superou a média nacional. Os piores resultados foram do Pará (52,68), Acre (52,99) e Roraima (53,19).

O IPS é um índice que conta com prestígio internacional. Foi criado em 2013 e analisa as condições sociais e ambientais de qualquer território – países, Estados, municípios e até mesmo de comunidades.

No Brasil, o Imazon lidera a publicação do índice para a Amazônia Legal desde 2014.

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