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Brasil

Mensalidades de escolas particulares sobem entre 9% e 12% para matrículas em 2023

Representantes das escolas dizem que a inadimplência Ficou entre 9% e 11% no primeiro semestre deste ano.

Se a classe média teve, neste fim de 2022, um alívio com a queda da inflação causada principalmente pela redução nos preços dos combustíveis, 2023 será de aperto nas contas para quem tem filho em idade escolar. Levantamento do Grupo Rabbit, consultoria especializada em educação, mostra que as mensalidades escolares devem subir entre 9% e 12% no ano que vem.

É uma alta bem superior aos reajustes aplicados nos últimos dois anos, quando a pandemia obrigou várias escolas a adotarem o regime híbrido. Segundo dados do IBGE, em 2020, os cursos regulares tiveram alta de só 1,13%, refletindo os descontos aplicados no auge da pandemia. Em 2021, a alta foi de 2,64% e, este ano, até setembro, de 7,21%.

— O problema é que, na pandemia, as escolas se endividaram muito. Hoje, 70% têm um nível acentuado de dívida. E mesmo esse reajuste acima da inflação não será suficiente para pagar as dívidas que elas fizeram com os bancos — avalia Christian Rocha, diretor de conteúdo do Grupo Rabbit.

Quase 1.500 escolas

A estimativa para os aumentos de mensalidade da consultoria tem como base a situação de 1.480 escolas de educação infantil, ensino fundamental e ensino médio de todo o país e considera as necessidades de investimentos, reajustes salariais dos professores e a inflação.

Paulo Presse, coordenador inteligência de mercados da Hoper Educação, acredita que as chamadas escolas premium, direcionadas às classes A e B1, como as que têm ensino bilíngue, vão conseguir repassar o aumento de preços.

Já as demais, conhecidas como escolas de varejo, que atendem à classe média, podem tentar implementar aumentos que não se concretizarão na prática.

— No mercado de conveniência, predomina a necessidade de desconto. Dependendo do aluno, os descontos chegam a 50% do preço da mensalidade — explica. — Há excesso de oferta, com mais escolas ofertando educação básica do que há dez anos.

Em São Paulo, segundo o Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do estado, os reajustes devem ficar entre 10% e 12%. O sindicato explica que este cálculo leva em conta custos como investimentos em tecnologia, aluguel, taxas e impostos, reajustes salarias de professores e funcionários e outras despesas.

O presidente do sindicado, Benjamin Ribeiro da Silva, acrescenta que as escolas só aumentam uma vez no ano. E compara o cenário atual ao de 2002, quando as escolas também enfrentaram uma inflação inesperada.

— Em 2002, as escolas não aumentaram acima da inflação e sofreram. Agora, estão mais uma vez em condições sofríveis em relação à parte financeira. Tiveram que investir muito em tecnologia na pandemia e ainda não conseguiram repassar o preço — aponta.

Negociação necessária

Para as famílias que precisam se equilibrar para pagar as contas, o educador financeiro Marlon Glaciano sugere tentar negociar com as escolas. Para quem tem mais de um filho, afirma, vale tentar um desconto maior.

— Geralmente, as escolas oferecem descontos para pontualidade nos dias de pagamento. Essa pode ser uma possibilidade. Tentar indicar alunos filhos de conhecidos para a instituição também pode render descontos em algumas escolas — comenta Glaciano. — É importante entender a sua capacidade financeira e ter uma visão clara do planejamento financeiro familiar para priorizar o colégio.

Rocha, do Grupo Rabbit, afirma que a crise também se reflete nas escolas. Segundo ele, a rematrícula está atrasada. Nessa época do ano, entre 70% e 75% dos pais costumam já ter renovado o vínculo com a escola para o período letivo seguinte.

— Estamos com índice de matrícula de 53%. A maioria dos pais deve fazer isso só em janeiro — comenta o diretor de conteúdo. — A questão é que muitas escolas não têm caixa e usam a verba da rematrícula para pagar o décimo-terceiro dos professores. Sem esse dinheiro, vão ter que recorrer a mais empréstimos.

Inadimplência alta

Rocha lembra ainda que as escolas estão sofrendo com a inadimplência, que ficou entre 9% e 11% no primeiro semestre deste ano. Dados do Grupo Rabbit mostram que a média histórica de inadimplência nos dez anos imediatamente anteriores à pandemia, ou seja, até 2019, era de 5,5% no Rio de Janeiro e de 4,8% em São Paulo.

As informações são do site O Dia.


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