Conecte-se conosco

Brasil

Menos da metade volta para tomar 2ª dose de vacina contra a dengue no Brasil

A segunda aplicação deve ser feita com um intervalo mínimo de três meses em relação à primeira.

menos-da-metade-volta-para-tom

Crianças e adolescentes que iniciaram o esquema vacinal contra a dengue não estão retornando para completar a imunização. As informações são do jornal O Globo, que consultou todas as unidades da federação para entender o panorama da vacinação e recebeu resposta de 15 estados.

Em todos eles, foi registrada baixa adesão à segunda dose. Em 13, menos da metade dos jovens que tomaram a primeira aplicação voltou para completar o ciclo. A baixa procura pela segunda dose ocorre em um contexto de adesão reduzida desde o começo da campanha. Em muitos estados, o número de vacinados com a primeira dose nem sequer alcança 50% da população elegível.

No Pará, por exemplo, um ano após o início da vacinação, apenas 59.179 das 477.732 pessoas aptas receberam o imunizante—o equivalente a 12,3%do público-alvo. Estudos já mostraram que a aplicação de apenas uma das doses pode não ser suficiente para produzir resposta imunológica contra a doença. A segunda aplicação deve ser feita com um intervalo mínimo de três meses em relação à primeira.

Apenas Rio de Janeiro e Distrito Federal tiveram taxas de retorno superiores a50% entre os que tomaram a primeira dose. No Rio, a cobertura foi de 67%, e no DF, de 53,8%, segundo cálculos com base nos dados das secretarias de Saúde. Já Amazonas, Alagoas, Amapá, Tocantins, Sergipe, Roraima, Rondônia, Piauí, Pernambuco, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Ceará não enviaram informações.

A vacina distribuída pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é destinada a crianças e adolescentes de 10 a 14 anos que residem em áreas prioritárias, conforme critérios definidos pelo cenário epidemiológico da dengue no país.

Em nota, o Ministério da Saúde informou que, desde o início da vacinação em 2024, o Brasil já aplicou mais de 5,7milhões de doses do imunizante, sendo 4 milhões de primeiras doses e 1,7 milhão de segundas doses.

A pasta também orienta estados e municípios a reforçarem a busca ativa por pessoas com sintomas e que ainda não se vacinaram. Como a farmacêutica responsável pela produção do imunizante não possui capacidade para atender a demanda nacional, o governo adotou uma estratégia de vacinação restrita. Alguns estados, como Goiás e Santa Catarina, estenderam a faixa etária até 16 anos devido à baixa adesão ou para evitar o desperdício de doses próximas ao vencimento.

“A estratégia adotada é uma discussão que precisa ser feita continuamente. Precisamos continuar avaliando se vale a pena ampliar municípios e/ou ampliar a faixa etária”, firmou o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri. Segundo o especialista, dois fatores dificultam o avanço da campanha: a ausência de uma comunicação unificada, inviável enquanto a vacina não é distribuída para todas as cidades, e a interrupção da vacinação nas escolas após casos de reações alérgicas. No ano passado, o Ministério da Saúde recomendou evitar a aplicação da vacina contra a dengue fora das salas de vacinação, inclusive em escolas.

Neste ano, a orientação foi ajustada, e a imunização pode ocorrer nas unidades educacionais apenas quando houver estrutura adequada para emergências, com profissionais capacitados para lidar com anafilaxia e acesso a medicamentos como adrenalina, anti-histamínicos e corticosteróides.

Estoque alto

Além da dificuldade de dar vazão aos imunizantes já distribuídos, dados obtidos via Lei de Acesso à Informação revelam que o Ministério da Saúde mantém mais de um milhão de frascos estocados. Em fevereiro, para reduzir perdas, a pasta passou a autorizar a ampliação da faixa etária de 6 a16 anos quando os frascos estiverem a até dois meses do vencimento.

Se restar apenas um mês de validade, a vacinação poderá ser ampliada até o limite previsto na bula, de 4 a 59 anos. A recomendação é que a ampliação leve em conta tanto a quantidade disponível quanto a situação epidemiológica de cada local. O ministério também orienta que estados e municípios reforcem as ações de busca ativa para alcançar quem ainda não concluiu o esquema vacinal.

As primeiras remessas da vacina Qdenga chegaram ao Brasil em janeiro de 2024, com 1,32 milhão de doses doadas pela fabricante. Além disso, o Ministério da Saúde adquiriu 5,2 milhões de doses para 2024 e contratou outras 9 milhões para 2025, totalizando 15,5  milhões de frascos. Reportagem de O Globo, publicada em novembro de 2024, revelou que o terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva deixou vencer 58,7 milhões de vacinas — 22% a mais do que o total desperdiçado durante os quatro anos de governo de Jair Bolsonaro.


Clique para comentar

Faça um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

20 − nove =