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Brasil

Mais de 1.700 municípios se juntam a consórcio para vacinas e repudiam fala de Bolsonaro sobre ‘idiotas’

Cidades representam cerca de 125 milhões de brasileiros; Frente Nacional de Prefeitos vai procurar todos os imunizantes disponíveis no mercado, inclusive os que ainda não foram aprovados pela Anvisa.

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Prefeitos de 1.703 cidades, entre elas 24 capitais brasileiras, já aderiram ao consórcio Conectar, lançado pela Frente Nacional de Prefeitos (FNP) para a compra de vacinas contra a Covid-19. Ao anunciar a adesão das prefeituras, na tarde desta sexta-feira, o presidente da FNP, Jonas Donizette repudiou a fala do presidente Jair Bolsonaro, que chamou de “idiotas” os internautas que cobram nas redes sociais a compra de imunizantes pelo Ministério da Saúde, dizendo que só poderiam comprar “na casa da tua mãe”. As informações são do site do jornal O Globo.

“Quero registrar repúdio à fala, “comprar vacina na casa da mãe”. Parece briga de crianças de escola. Sabemos que não está fácil, que a vacina não está disponível em qualquer esquina, mas temos de fazer um esforço para ir atrás”, afirmou Donizette.

No total, os municípios representam cerca de 125 milhões de brasileiros, mais da metade da população do Brasil, estimada em cerca de 210 milhões de pessoas. Aderiram ao consórcio as prefeituras das maiores capitais do país, como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Salvador e Porto Alegre, Fortaleza e Manaus, por exemplo.

Donizette afirmou, ainda, que o consórcio vai atrás de todas as fabricantes que tiverem vacinas aprovadas no mercado internacional e que a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no Brasil é questão de tempo, pois não há notícia de imunizante que tenha sido aprovado em algum país e rejeitado por outro.

Ainda de acordo com ele, o governo federal informou que pode requisitar administrativamente qualquer vacina comprada por estados e municípios, mas ressaltou que isso não será problema, uma vez que as doses requisitadas serão incorporadas ao Programa Nacional de Imunização (PNI). “ Para nós está de bom tamanho, as vacinas vão chegar à população”, afirmou.

O presidente da FNP admitiu que o critério de distribuição das vacinas adquiridas pelo consórcio gerou debate entre os prefeitos e informou que, por maioria, ficou decidido que as doses que forem compradas com recursos federais, internacionais ou doações da iniciativa privada serão distribuídas de acordo com o tamanho da população de cada município. Porém, cada prefeitura ficará com as doses que forem pagas com recursos próprios.

“Só com a quantidade de vacinas necessárias vamos poder parar com esse abre e fecha. Se tem alguém que quer ver o comércio aberto, são os prefeitos”, disse Donizette, referindo-se às medidas de lockdown tomadas por governos estaduais e prefeituras para reduzir a disseminação do coronavírus, que se acelerou a partir de fevereiro.

O presidente da FNP afirmou também que a adesão ao consórcio surpreendeu e que grandes empresários manifestaram interesse em ajudar com recursos, logística e infraestrutura. Segundo ele, uma grande cervejaria nacional ofereceu sua rede de câmaras frias, que estão presentes em 35 unidades industriais no país, para armazenar imunizantes que necessitam de baixas temperaturas, caso da vacina da Pfizer.

Donizette assinalou que os prefeitos não discutiram a adoção de medidas de lockdown em conjunto, em função de divergências políticas. “Tem muitos prefeitos bolsonaristas e muitos contra o Bolsonaro. Tem prefeitos a favor de medidas restritivas e outros não. Não é o papel da Frente dizer “faça isso ou aquilo” a alguém que foi eleito pela população. Esse consórcio não é contra este ou aquele político. É para conseguir vacinas para imunizar a população”, disse, acrescentando que o consórcio só foi formado porque não há segurança de que o Ministério da Saúde vai adquirir a quantidade necessária de doses para imunizar a população.

É, no entanto, difícil conseguir vacinas, admitiu Donizette. Ainda assim, ele ressaltou que Bolsonaro erra em fazer afirmações “do jeito que está fazendo”. “A parte principal é uma realidade. A vacina está difícil, mas, se ficar de braço cruzado, a situação ficará ainda mais grave”, disse.

O Consórcio Conectar deve ser formalizado até 22 de março e a participação dos municípios precisa ser aprovada pelas Câmaras Municipais. A adesão continua aberta para prefeituras que queiram participar.

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