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Investimentos do Plano Amazônia viabilizaram apreensão de ouro na região, aponta PRF

“Todo o ouro produzido nesses locais é ilícito, já que veio de garimpo ilegal instalado em terras indígenas”, diz policial.

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A Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que a maior apreensão de ouro ilegal da história das rodovias federais e uma das maiores do Brasil, feita na última segunda-feira (04/08), em Roraima, é resultado do Plano Amazônia: Segurança e Soberania (Plano AMAS), iniciativa do Governo Federal lançada em 2023 para intensificar o combate ao crime organizado e reforçar a presença do Estado brasileiro no Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins, a Amazônia Legal.

Os mais de 103 kg de ouro, avaliados em mais de R$ 60 milhões, estavam escondidos no interior de uma caminhonete abordada pela PRF na altura da Ponte dos Macuxis, uma das principais ligações da capital Boa Vista com o interior do estado, pela BR-401. O veículo era conduzido por um homem de 30 anos, acompanhado da esposa e uma criança de colo. Em novembro do ano passado, em circunstâncias parecidas, a PRF apreendeu outros 21 kg de ouro durante uma abordagem na BR-174, no distrito de Jundiá, em Rorainópolis (RR). A suspeita é de que o ouro seja proveniente da Terra Indígena Yanomami.

Segundo a PRF, desde que entrou no Plano AMAS, em meados de 2023 – antes mesmo do repasse de recursos e da aquisição de equipamentos para as forças envolvidas pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) – a PRF vem batendo recordes em ações de combate a crimes ambientais na Amazônia Legal.

Em dois anos de atuação, mais de 1,8 milhão de veículos e 2,3 milhões de pessoas, muitas com extensa ficha criminal, foram abordados pela PRF nas BRs da região. As mais de 23.500 ações de fiscalização resultaram em grandes volumes de prisões e apreensões de madeira, minerais, animais silvestres e veículos utilizados nas ações criminosas.

Prejuízo

Além das apreensões e prisões, a PRF informou que impôs enorme prejuízo ao crime organizado, com a inutilização e destruição de equipamentos utilizados no garimpo ilegal, como balsas, dragas, motores, tratores, escavadeiras, caminhonetes, caminhões e aeronaves.

Coordenado pelo MJSP, o plano prevê investimentos de R$ 1,2 bilhão de recursos do Fundo Amazônia, via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para capacitação e mobilização de efetivos, reforço em ações de inteligência e fiscalização e aquisição e aluguel de helicópteros, lanchas e viaturas.

Recentemente, para ampliar seu efetivo na região, a PRF lotou 521 novos policiais do último curso de formação nos estados vinculados ao Plano AMAS. Também foram incorporadas 72 novas viaturas operacionais para emprego em áreas de difícil acesso, onde geralmente estão os garimpos clandestinos e a extração ilegal de madeira. Antes da aquisição, a PRF estava operando no Plano AMAS com efetivo, viaturas e aeronaves próprias. Todas as novas viaturas possuem tração integral e espaço para o transporte de equipamentos utilizados nas operações.

“A figura do garimpeiro de picareta e bateia na Amazônia foi substituída pelo criminoso armado de fuzil, aparelhado com aviões, helicópteros, balsas, dragas e outros equipamentos milionários. Tudo financiado pelo crime organizado”, defende o diretor-geral da PRF, Antonio Fernando Oliveira.

“Além dos imensuráveis, e em muitos casos, irreparáveis, danos ao meio ambiente e populações tradicionais, as organizações criminosas levam o terror para aquela região, como trabalho escravo, exploração sexual, tráfico de drogas, armas e outros crimes. Somente o Estado forte e equipado pode fazer frente a essa ameaça”, conclui.

O policial rodoviário federal Magalhães, da Superintendência de Roraima, aponta que a Região Norte abriga diversas aldeias indígenas, com solo que possui grandes variedades de minerais. Segundo ele, na maior parte das vezes, o ouro apreendido em operações foi extraído dessas áreas, o que faz com que seja classificado como ilegal.

“Todo o ouro produzido nesses locais é ilícito, já que veio de garimpo ilegal instalado em terras indígenas.”

Por terem solo rico, esses locais estão continuamente na mira dos criminosos, que insistem em invadi-los de modo irregular para exploração. Dessa forma, a PRF se posiciona estrategicamente nos arredores das áreas, para interceptar os garimpeiros ilegais e evitar a prática criminosa.

De acordo com Magalhães, atualmente as rodovias federais 310, 174 e 230, mais conhecida como Transamazônica, têm sido usadas como as principais rotas de transferência da carga irregular.

O diretor de operações Marcus Vinícius Silva De Almeida afirma que os criminosos vão além para não serem pegos. Usando materiais sofisticados, eles constroem estradas clandestinas, popularmente chamadas de “cabriteiras”, como forma de escaparem dos mapeamentos.

“Eles, então, vão margeando as rodovias, mas, com planejamento, o policial rodoviário aguarda a entrada na rodovia e faz a abordagem. Isso porque, em algum momento, eles terão de entrar na BR”, explicou.

As vias são cobiçadas pelos criminosos, sobretudo porque fazem ligação direta entre estados e dão acesso às fronteiras de outros países, como a Venezuela e a Guiana, para onde seriam levados os 103 quilos de ouro apreendidos em RR, por exemplo.

Transporte

Para além de tentarem escapar da polícia levando o ouro por vias terrestres, os criminosos inovam e buscam ludibriar as forças com alternativas paralelas.

Segundo o diretor de operações da PRF, apesar de ser mais arriscado, há quem tente realizar o escoamento por meio dos rios extensos da Região Norte.

“A Amazônia é repleta de rios grandes e seus afluentes, o que torna quase impossível fiscalizar toda essa rota. Então tem sido também uma rota utilizada para o transporte e escoamento de todos os ilícitos, não só de ouro, mas de drogas, de armas, animais silvestres e madeira”, listou.

O risco ocorre porque, de acordo com ele, no caso das embarcações, é mais difícil ocultar a carga ilegal. Além disso, o diretor destaca o transporte por meio aéreo, mas alega que, nesses casos, o “custo benefício” não é interessante aos criminosos.


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