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Brasil

General da reserva confirma autoria de plano para matar Lula, Alckmin e Moraes

Mario Fernandes disse ao STF, no entanto, que o documento “Punhal Verde e Amarelo” era apenas um “pensamento digitalizado”.

Marcelo Camargo/Agência Bras

O general da reserva Mario Fernandes, ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência da República, confirmou nesta 5ª feira (24.jul.2025), em interrogatório no STF (Supremo Tribunal Federal), ser o autor do documento que propunha o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes.

No depoimento, Fernandes confirmou ter idealizado o texto do plano “Punhal Verde e Amarelo”, que descrevia a execução de autoridades da República. Ele afirmou, no entanto, que se tratava apenas de um “pensamento” que foi digitalizado. Disse ainda que o material era uma “análise de riscos” e um “compilado de dados”, sem qualquer intenção de execução.

“Confirmo. Esse arquivo digital nada mais retrata do que um pensamento meu que foi digitalizado — um compilar de dados, um estudo de situação, uma análise de riscos que eu fiz e, por costume próprio, decidi digitalizar. Não foi apresentado a ninguém esse pensamento digitalizado e não foi compartilhado com ninguém. Eu garanto que, se meu HD fosse extraído dos autos do processo, em nada isso impactaria o processo ou mesmo a parte das denúncias”, afirmou.

O general disse também que chegou a imprimir o conteúdo no Palácio do Planalto em 9 de novembro de 2022, mas alegou ter rasgado o papel logo depois por “hábito de leitura fora da tela”. Quarenta minutos depois da impressão, ele entrou no Palácio da Alvorada, quando o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ainda residia no local. Fernandes afirmou que a coincidência de horários se deu por motivos profissionais e negou ter levado o material consigo.

O Alvorada é a residência oficial da Presidência da República. Dias antes, Bolsonaro havia sido derrotado por Lula no 2º turno da eleição. Mario Fernandes é réu no núcleo 2 da ação que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado para impedir a posse do presidente eleito.

Prisão

Em novembro de 2024, o ministro Alexandre de Moraes determinou a prisão do general e de mais 4 pessoas no processo que investiga um plano para matar o presidente Lula, Alckmin e o próprio ministro. Ele é um dos kids pretos –militares das Forças Especiais do Exército– presos na operação.

Ele teria elaborado o planejamento operacional denominado “Punhal Verde e Amarelo”, que marcava para o dia 15 de dezembro de 2022 o homicídio de Lula e Alckmin. O documento continha tópicos relacionados à munição que seria utilizada contra as autoridades, segundo as investigações.

Para a PF, Fernandes é um dos militares “mais radicais” que integravam o núcleo, fato ressaltado por Mauro Cid em seu acordo de colaboração premiada, segundo o documento. Mario Fernandes atuou no gabinete do ex-ministro da Saúde e deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ) de 2023 a março de 2024. Foi chefe substituto da Secretaria Geral da Presidência no governo de Jair Bolsonaro (PL) de outubro de 2020 a janeiro de 2023.

Núcleo 2 do “Golpe”

Os réus do núcleo 2 são acusados de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe, dano qualificado, deterioração de patrimônio tombado e participação em organização criminosa armada.

A denúncia da PGR descreve esse grupo como responsável pela “gerência” do plano “golpista”. O núcleo teria sido responsável por “coordenar as ações de monitoramento e neutralização de autoridades públicas”.

Integram o “núcleo 2”:

Fernando de Sousa Oliveira, delegado da PF e ex-secretário-executivo da SSP: atuou em conjunto com Marília na organização de blitz. Também é acusado de “omissão”, como os demais integrantes da SSP denunciados: Marília e o ex-ministro Anderson Torres, que estava no comando do órgão durante o 8 de Janeiro.

Filipe Martins, ex-assessor especial de Assuntos Internacionais de Bolsonaro: teria sido responsável por editar a chamada “minuta golpista” e apresentar os seus “fundamentos jurídicos” ao alto escalão das Forças Armadas em reunião em 7 de dezembro de 2022.

Marcelo Costa Câmara, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, coronel do Exército: ficou responsável por “coordenar as ações de monitoramento e neutralização de autoridades públicas”, segundo a denúncia, junto do militar Mario Fernandes. Era ele quem repassava a agenda e os deslocamentos de Alexandre de Moraes a Mauro Cid, segundo as investigações.

Marília Ferreira de Alencar, delegada da PF (Polícia Federal) e ex-subsecretária de Inteligência da SSP (Secretaria de Segurança Pública): além de ter organizado blitz com Vasques e Fernando De Sousa Oliveira, teria coordenado “o emprego das forças policiais para sustentar a permanência ilegítima de Jair Messias Bolsonaro no poder”, segundo a denúncia.

Mario Fernandes, general da reserva e ex-número 2 da Secretaria-Geral da Presidência no governo Bolsonaro: além do monitoramento, teria elaborado o plano “Punhal Verde e Amarelo”, que planejou a execução de autoridades. ambém teria sido interlocutor dos manifestantes acampados em quartéis no fim de 2022 e pressionado o então comandante do Exército, Freire Gomes, a aderir ao golpe.

Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da PRF (Polícia Rodoviária Federal): era diretor do órgão que teria organizado blitz para tentar impedir que eleitores de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), sobretudo no Nordeste, chegassem às urnas no 2º turno das eleições de 2022. Sua corporação também foi tida como “omissa” em não tentar deter as paralisações em estradas em apoio a Bolsonaro, depois de derrotado nas urnas.


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