Brasil
Garimpo ilegal e desmatamento posicionam cidades da Amazônia Legal com pior qualidade de vida, mostra IPS
Relatório do Índice de Progresso Social (IPS) mostra que, das dez piores, sete ficam no Pará; outras três estão em Roraima.

Uiramutã (RR) é o município com a pior qualidade, segundo IPS. (Foto:Reprodução)
As dez cidades com pior qualidade de vida do Brasil estão na Amazônia Legal. Um estudo divulgado nessa quinta-feira (29/5) pelo Imazon analisou indicadores sociais e ambientais para entender como vivem as pessoas no país. Com o avanço do desmatamento, do garimpo, da violência e a dificuldade de acesso à saúde, quem vive sob as piores condições é justamente quem está mais próximo da floresta.
O Índice de Progresso Social (IPS) Brasil 2025 analisou os 5.570 municípios brasileiros com base em 57 indicadores. De acordo com a nota em cada indicador, as cidades receberam uma pontuação que as ranqueava.
Na lista constam cidades nos estados de Roraima, Pará, Acre, Maranhão. Apenas uma cidade não está dentro da floresta, que é Japorã, no Mato Grosso do Sul.
A cidade com o pior índice está em Roraima. Uiramutã (RR) é a cidade com a pior qualidade de vida do Brasil — o que é um alerta. O município é o com a maior população indígena no país e com a população mais jovem. Segundo o IBGE, metade da população tem até 15 anos.
Apesar disso, o estado com o maior número de cidades entre as top 10 é o Pará, com sete das dez cidades. Entre elas, está Jacareacanga (PA), que abriga o povo indígena Munduruku, que vem tendo seu território ameaçado por garimpeiros.
O Pará recebe este ano a Conferência Mundial do Clima, a COP 30, que vai debater as mudanças climáticas com representantes do mundo todo. A expectativa do país é fazer o debate em meio a Amazônia, mas vem sendo pressionado com a situação ambiental e indígena.
O que diz e como foi feito relatório
O índice é composto por 57 indicadores separados em três grupos principais. São eles:
-Necessidades Humanas Básicas: avalia se o brasileiro tem acesso a comida, saúde, moradia, segurança.
-Fundamentos do Bem-Estar: analisa acesso à educação fundamental, vida saudável, contato com a natureza.
-Oportunidades: analisa os dados a respeito de direitos individuais e acesso ao ensino superior.
Para calcular o IPS, que mede e classifica a qualidade de vida nos 5.570 municípios brasileiros, o levantamento cruzou esses indicadores.
O estudo classificou os municípios em nove grupos, do grupo entre 1, os com melhores resultados, ao grupo 9, com os piores resultados.
Os municípios com os piores desempenhos representam 19% de todas as cidades do Brasil. Apesar disso, são cidades grandes que ocupam mais da metade do território nacional – 55%.
Em contraste, os grupos com melhor desempenho (1, 2 e 3) ocupam apenas 13% do território brasileiro.
O relatório observa que municípios nos piores grupos geralmente apresentam baixa densidade demográfica e estão distantes dos grandes centros urbanos, características comuns em vastas áreas da Amazônia, onde se concentram as cidades mais mal ranqueadas.
Ranking estadual e capitais na Amazônia
No ranking estadual, os estados da Amazônia Legal figuram entre os de pior desempenho no IPS Brasil 2025.
O Pará aparece na última posição (27º), com nota 53,71, precedido pelo Maranhão (26º, com 55,96) e Acre (25º, com 56,29). Outros estados amazônicos também apresentam notas abaixo da média nacional (61,96).
Componentes críticos na região amazônica
A análise detalhada dos 12 componentes que formam o IPS revela as áreas de maior fragilidade na Amazônia Legal.
Qualidade do Meio Ambiente. Este componente apresenta os resultados mais críticos do país e, de forma destacada, nos municípios situados no arco do desmatamento na Amazônia Legal. Estados nessa área enfrentam perda significativa de cobertura florestal, supressão de vegetação secundária, emissões expressivas de Gases de Efeito Estufa (GEE) e insuficiência de áreas verdes nos núcleos urbanos.
Indicadores como emissões de CO2 por habitante, focos de calor e supressão da vegetação primária e secundária, oriundos de fontes como SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa), Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e Mapbiomas, contribuem para essa nota baixa.
Nutrição e cuidados médicos básicos. municípios da Amazônia Legal lideram o ranking dos piores desempenhos neste componente, assim como em “água e saneamento” e “moradia”. Municípios do Pará e da Bahia são os piores em acesso a conhecimento básico, com desempenho também deficitário no quesito “acesso à educação superior”.
Água e saneamento. Os piores resultados para este componente se concentram na Amazônia Legal.
Moradia. Os desempenhos mais críticos são encontrados na Amazônia Legal, com ênfase no estado do Maranhão.
Acesso ao conhecimento básico. Municípios do Pará e da Bahia apresentam as notas mais baixas nesta categoria.
Acesso à informação e comunicação. Há maior déficit neste componente nos municípios do interior da região Nordeste e na Amazônia Legal.
Liberdades individuais e de escolha. A Amazônia Legal apresenta os piores desempenhos.
Acesso à educação superior. A Amazônia Legal e a região Nordeste abrigam os municípios com desempenhos mais deficitários.
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