Brasil
Fundos de investimentos sustentáveis voltados para pessoas físicas crescem em mais de 1.000%
Chamados de IS, eles são caracterizados por terem o objetivo intencional de proteger o meio ambiente.

Os fundos de investimentos sustentáveis (IS) voltados a pessoas físicas estão em plena expansão no Brasil e alcançaram um patamar inédito desde que a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima) passou a regular sua nomenclatura, em 2022.
O número de fundos IS saltou de 43 em dezembro de 2022 para 183 em julho de 2025; no mesmo período, o patrimônio líquido desses fundos passou de R$ 5,6 bilhões para R$ 36,8 bilhões e a captação líquida cresceu mais de 1.000%, passando de R$ 508,4 milhões entre janeiro e dezembro de 2022 para R$ 7,8 bilhões entre janeiro e julho de 2025.
Na classificação da Anbima, os fundos IS são aqueles que têm o objetivo intencional de proteger o meio ambiente, gerar impactos positivos e assegurar direitos nas questões ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês).
O crescimento dos fundos IS é expressivo, mas ainda representa uma fatia pequena dentro da indústria de investimentos no Brasil — em número de fundos, são 0,56% do total (eram 0,15% em 2022) e, em termos de patrimônio líquido, representam 0,37% (0,08% em 2022). Os dados refletem um movimento do mercado ao mesmo tempo incipiente, mas consistente.
— Os investidores que buscam fundos sustentáveis não olham apenas para oportunidades. Esse investidor tem estratégia e perspectiva de risco e retorno, e absoluta consciência de onde está investindo — diz Cacá Takahashi, coordenador da Rede Anbima de Sustentabilidade.
E, embora os fundos voltados à sustentabilidade ainda representem um nicho, eles não são completamente novos — na década de 2000, a ONU criou os Princípios para o Investimento Responsável (PRI), um esforço para fomentar a indústria de investimentos sustentáveis.
Esse movimento orientou a criação de produtos com a temática ESG no Brasil, sendo o fundo Ethical, lançado pelo banco Real na época, um dos pioneiros — em 2020, o produto foi reformulado e relançado no mercado pelo Santander.
O investidor de varejo interessado em gerar um impacto positivo a partir de seus investimentos não precisa, porém, ficar preso aos produtos oferecidos pelos bancos e gestoras de ativos. Novos arranjos possibilitam que pessoas físicas financiem negócios verdes.
A Sitawi, organização voltada a mobilizar capital para arranjos de finanças sustentáveis, mantém uma plataforma de empréstimos coletivos que permite investimentos a partir de R$ 10. Funciona por meio do chamado peer to peer lending, modalidade onde um ou mais investidores emprestam dinheiro a empresas ou pessoas. São lançadas rodadas temáticas de investimento, que conectam os investidores que buscam negócios de impacto socioambiental positivo a empresas e organizações, geralmente comunitárias.
Desde 2008, quando a plataforma entrou em operação, já foram mobilizados R$ 37 milhões em recursos, destinados a mais de 70 organizações. São mais de 800 investidores e um portfólio de mais de 30 negócios que atuam na Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica.
— A plataforma tem um aspecto educativo, de construir um público de investidores interessados em produzir impacto social e ambiental — afirma Bruno Girardi, diretor vice-presidente da Sitawi.
A taxa de retorno é semelhante ao de um investimento em renda fixa, e fica em torno da Selic mais 2% ao ano. A Sitawi lança cerca de duas rodadas por ano, e elas costumam ser concorridas. A mais recente, voltada a negócios do Cerrado, teve as cotas de investimento finalizadas em poucos dias, e mobilizou recursos para a Ceppec, associação fundada por mulheres agricultoras do Assentamento Andalúcia, em Anastácio (MS), que gera renda por meio do extrativismo sustentável, e a Mel do Sol, agroindústria formada por 400 apicultores que comercializa mel e derivados e preserva 150 hectares de vegetação nativa.
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