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Brasil

Fundo de Jeff Bezos faz doação de US$ 2,5 milhões para ajudar pesquisa na Amazônia e Mata Atlântica

A ideia é fomentar o cultivo de espécies nativas com valor econômico e demonstrar sua importância para a conservação, a biodiversidade.

O Bezos Earth Fund anunciou a doação de US$ 2,5 milhões para ajudar em um programa de pesquisa e desenvolvimento de 30 espécies nativas da Amazônia e 30 da Mata Atlântica. Trata-se de um programa com duração inicial de 20 anos e que tem à frente a Coalizão Brasil Clima Florestas e Agricultura com outros parceiros.

O fundo foi criado em 2020 por Jeff Bezos, dono da Amazon e do “Washington Post” e a terceira pessoa mais rica do mundo, com US$ 157 bilhões, segundo a “Forbes”. Na ocasião, Bezos se comprometeu a doar US$ 10 bilhões nesta década, em projetos para combater a mudança do clima e a perda de natureza. Até agora, o fundo doou US$ 1,6 bilhão em mais de cem projetos englobados em sete programas – de conservação e restauro, justiça ambiental, novas tecnologias, descarbonização energética e da indústria, finanças e mercados, dados e monitoramento e produção de alimentos.

O programa de Pesquisa e Desenvolvimento de Silvicultura de Espécies Nativas, que atende pela sigla PP&D-SEN, é o primeiro projeto nacional do gênero, com foco em espécies nativas de alto valor econômico e produtivo. A intenção é formar uma rede de institutos de pesquisa, universidades, empresas, governos, financiadores e ONGs para promover o desenvolvimento tecnológico necessário para equiparar a silvicultura de espécies nativas à dos principais setores agroindustriais brasileiros.

“Temos muita pesquisa e desenvolvimento de espécies exóticas, como o pinus e o eucalipto. Mas não é assim para as espécies nativas”, constata o agrônomo Miguel Calmon, colíder da força-tarefa silvicultura de nativas da Coalizão Brasil e consultor sênior do WRI Brasil. “Agora queremos estudar como promover o manejo, melhoramento genético e a pesquisa de espécies nativas.”

“A ideia é fomentar o cultivo de espécies nativas com valor econômico e demonstrar sua importância para a conservação, a biodiversidade, a mitigação da mudança do clima e gerar emprego e renda”, continua Calmon. Ele explica que foram selecionadas espécies nativas com alto valor econômico – “para o produtor plantar e ter retorno”. São espécies com alto potencial de produção de madeira e algumas também de produtos não madeireiros.

As espécies da Mata Atlântica são a araucária, o jequitibá-rosa, o jacarandá da Bahia, o ipê roxo, o pau-brasil, entre outras. As que foram selecionadas da Amazônia são a andiroba, o paricá, o cumaru, o ipê amarelo, o mogno, o angelim vermelho e a copaíba, entre várias outras. “Temos que estudar como aumentar o rendimento e a qualidade das espécies nativas para conseguir melhores resultados nos custos de produção e gestão”, explica Calmon.

O programa está em fase de estruturação com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Os recursos da Bezos Earth Fund serão empregados ao longo dos próximos três anos para implantar, entre outras coisas, dois sítios de pesquisas para coleta de dados e estudos em um campo experimental. Também serão elaborados mapas de áreas prioritárias para plantio de espécies nativas, modelos de negócios e propostas de melhoria de conservação de áreas protegidas e seu entorno.

“As espécies de árvores nativas são essenciais para o enriquecimento, a conservação e a restauração das florestas, proporcionando os máximos benefícios para o sequestro de carbono e a proteção da natureza. Mas por muito tempo as espécies nativas foram ignoradas, enquanto as espécies exóticas se beneficiaram de décadas de investimento privado”, diz Cristián Samper, diretor-executivo e líder de soluções para a natureza no Bezos Earth Fund, em nota à imprensa.

Em 2021, os maiores exportadores de produtos de madeira foram Canadá (US$ 22,5 bilhões), China (US$ 20,5 bilhões) e Alemanha (US$ 13 bilhões). O Brasil registrou US$ 4,6 bilhões.

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