Conecte-se conosco

Brasil

Forças Armadas do Brasil planejam grande ação militar próximo à fronteira com Venezuela, informa CNN

Um dos objetivos é treinar tropas para uma eventual nova escalada de tensão com o regime de Nicolás Maduro.

forcas-armadas-do-brasil-plane

As Forças Armadas planejam seu maior exercício militar de 2025 próximo à fronteira com a Venezuela. Um dos objetivos da ação é justamente treinar suas tropas para o caso de haver uma nova escalada de tensão com o regime de Nicolás Maduro.

Oficiais com quem o site CNN conversou relataram que o fato de Maduro ter diminuído sua retórica sobre invadir a região de Essequibo, na Guiana, não assegura a estabilidade da região.

Isso porque, na leitura de militares brasileiros, o rumo do país vizinho e em especial a estratégia militar é liderada pelo ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, e pelos militares venezuelanos de alta patente que, na prática, sustentam Maduro no poder.

A preocupação aumentou nas últimas semanas conforme chegaram às Forças brasileiras a informação de que, do lado venezuelano, tem havido movimentação militar nas fronteiras da Venezuela com o Brasil e com a Guiana, como a construção de pequenas pistas de pouso, ponte provisórias e acampamentos de lona entricheirados. Além disso, após a posse de Maduro, o país vizinho fechou a fronteira com o Brasil.

Batizada internamente de “Operação Atlas”, a ideia das Forças Armadas é que sejam deslocados já a partir do primeiro semestre grande parte do efetivo de veículos blindados e não blindados, além de estimados 8 mil oficiais.

O mês escolhido é o de novembro, o que coincidirá com a COP30, quando dezenas de autoridades brasileiras e mundiais estarão reunidas em Belém. Militares, porém, garantem que o objetivo da Operação Atlas é muito mais treinar as tropas e mostrar poder de dissuasão do que demonstrar presença militar próximo ao evento.

Tanto que o principal palco da operação será Roraima, estado brasileiro que faz fronteira com a Venezuela. O plano prevê, além do treinamento em si, que deve durar cerca de 15 dias, desenvolver a capacidade militar brasileira de logística e transporte em uma região de difícil acesso.

Uma graduada fonte do governo relatou à CNN que, na primeira vez em que Maduro ameaçou invadir Essequibo, no final de 2023, o Exército mandou tropas para Roraima.

Mas houve a leitura de que seria necessária uma maior agilidade caso houvesse real necessidade de utilização da Força. Aí que já nasceu a ideia de que Roraima fosse o palco de uma ampla operação deste ano.

Além disso, fontes civis e militares ligadas ao planejamento da Operação Atlas relataram à CNN que há também o interesse de setores do governo de demonstrar aos Estados Unidos — cujo novo presidente Donald Trump assume na semana que vem — e à Europa que o Brasil está comprometido com a estabilidade da região e não assistirá passivo qualquer ameaça. Tampouco que depende de apoio externo para resolver a situação.

Essa avaliação cresceu depois que os americanos ampliaram os sinais de apoio a Guiana. A agora ex-comandante militar do Sul, Laura Richardson, esteve na região em 2024, e os Estados Unidos encaminharam também grupos de militares para intercâmbios com oficiais do país.

Militares brasileiros enxergaram a movimentação como um sinal de que as potências ocidentais não confiam em Brasília para dissuadir Maduro caso ele avance sobre Essequibo.

Embora recentemente tenham se distanciado, o presidente Lula e o PT tem uma relação histórica com Maduro e o chavismo, e lideraram um frustrado movimento de acenos ao regime antes, durante e depois da eleição de Maduro em julho de 2024, apontada pela oposição e por diversos países como fraudada.

Por outro lado, a Guiana, onde fica a região de Essequibo, tem ligação histórica com os Estados Unidos e em especial com a Inglaterra, de quem foi colônia. A Operação Atlas é vista nas Forças como uma espécie de expansão da Operação Perseu, realizada neste ano pelo Exército brasileiro no vale do Paraíba e que contou com ampla mobilização da força terrestre.

No entanto, a ideia do Ministério da Defesa é de que, ao contrário da Perseu, a Operação Atlas seja feita com presença maciça das três Forças: Exército, Marinha e Aeronáutica. Até agora, a Marinha tem tido uma resistência maior a participar, por entender que o palco de ação não favorece suas tropas. Roraima é acessível pelo ar e pela terra, mas o acesso por água é feito somente por rios, já que o estado não é banhado pelo mar.


Clique para comentar

Faça um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

um × três =