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Brasil

Ex-presidente Bolsonaro diz que já há votos na Câmara para votação da anistia do 8 de janeiro

Em meio à expectativa de ser denunciado pela PGR, ex-presidente recebe gesto político de aliados

O ex-presidente Jair Bolsonaro disse nesta terça-feira que já há maioria na Câmara para a aprovação da anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro. Em meio à expectativa de ser denunciado nesta semana por tentativa de golpe de estado pela Procuradoria-Geral da República, Bolsonaro reuniu apoio de parlamentares da oposição no início da tarde no Senado. Perguntado sobre o assunto, o ex-presidente disse ter “zero preocupação” com a manifestação do Ministério Público. As informações são do O Globo.

O ex-presidente sinalizou ainda que recebeu o aval do presidente do PSD, Gilberto Kassab, para emplacar a pauta da anistia.

— Há dez dias conversei com Kassab, conversa reservada. Ele falou já parte do aconteceu. Hoje o que eu sinto conversando com parlamentares, como os do PSD, a maioria votaria é favorável. Acho que na Câmara já tem quórum para aprovar a anistia.

Bolsonaro também tratou sobre a recepção do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), a familiares de um preso do 8 de janeiro:

— Conversei lá atrás com ele (Hugo Motta). Hugo Motta dá declarações, recebeu aquela senhora com seis filhos, cujo marido está foragido, talvez esteja na Argentina. Essa punição é justa? Essa dosimetria é justa? 17 anos de cadeia? Foi o que o Hugo Motta disse: Não podemos ignorar a pauta do maior partido da Câmara.

Ao ser questionado sobre sua suposta participação em uma tentativa de golpe, Bolsonaro citou a fala de “amigo”. Segundo essa pessoa, nem o serviço secreto de Israel sabia sobre qualquer movimentação neste sentido.

— Você já viu a minuta do golpe? Não viu. Viu a delação do Mauro Cid? Não viu. A frase mais emblemática, tem uns 30 dias mais ou menos, um amigo que deixei em Israel falou o seguinte: “Que golpe é esse que o Mossad não estava sabendo?” Nenhuma preocupação com essa denúncia, zero

O ex-presidente também reagiu à condenação imposta pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que o tornou inelegível por ataques à lisura do pleito de 2022.

— Por que eu estou inelegível pela Justiça Eleitoral? Por ter me reunido com embaixadores? Eu não me reuni com traficantes no morro do Alemão. Por que discursei no 7 de setembro? Usei os meios do 7 de setembro para angariar eleitores? Acabou o desfile, entreguei a faixa, subi no carro de som e fui falar com o povo. Isso é motivo de inelegibilidade? Eles querem negar a democracia e me proibir de disputar a eleição.

Estão com medo do que? A pesquisa hoje diz que estou cinco pontos na frente do nove dedos (Lula), inclusive a dona Michelle (Bolsonaro) na frente dele. É sinal que ele (Lula) está derretendo, é incompetente, o povo está sofrendo

Bolsonaro foi ao Senado na tarde de hoje para participar de um almoço com senadores da oposição. Estiveram presentes nomes como Tereza Cristina (PP-MS), Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Marcos Rogério (PL-RO), Eduardo Gomes (PL-TO), Rogério Marinho (PL-RN) e Hamilton Mourão (Republicanos-RS).

Marinho, que é líder da oposição no Senado, acompanhou o ex-presidente no trajeto da sede do PL, em Brasília, até o Congresso. Antes de Bolsonaro chegar para o almoço, senadores aliados minimizaram a iminente denúncia que deve ser oferecida pela PGR e, assim, como fez Bolsonaro, citaram o levantamento feito pelo Paraná Pesquisas, que foi encomendado pelo PL e mostra a ex-primeira dama Michelle Bolsonaro, o deputado Eduardo Bolsonaro e o próprio ex-presidente em vantagem numérica em relação ao petista nas intenções de voto para 2026.

Senadores bolsonaristas também evitaram falar sobre o cenário em que o ex-presidente pode ser preso. Ao chegar no Congresso, Bolsonaro foi questionado pela imprensa se teme ser preso, mas não respondeu.

Bolsonaro ainda fez novas críticas à lei da Ficha Limpa, que proíbe pessoas condenadas em segunda instância de se candidatarem. Antes defensor da iniciativa, ele disse hoje que a lei ” está sendo usada para beneficiar a esquerda e perseguir a direita”. Ele também disse que o presidente americano Donald Trump não teria sido eleito se a legislação existisse nos Estados Unidos.

— A anistia é uma coisa e a lei da Ficha Limpa é outra. Os Estados Unidos não tem a lei da Ficha Limpa, se tivesse o Trump estaria inelegível. A prioridade para mim é a anistia, para essas pessoas que estão presas e são inocentes. Imagina vocês, a mãe acordar e dormir sem o filho do lado.

Ontem, Bolsonaro passou a tarde na sede do PL, em Brasília, e recebeu senadores e deputados aliados. A previsão é que durante toda a semana, que deve ser marcada pela denúncia da PGR, Bolsonaro participe de diversos eventos políticos para arregimentar sua base de apoio. Há previsão de um jantar com influenciadores de direita na quarta-feira e um evento voltado para a comunicação, organizado pelo PL, na quinta e na sexta-feira.


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