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Desnutrição silenciosa matou mais de 90 mil idosos no Brasil em 20 anos, diz estudo da Ufam e da UFVJM ; veja como perceber

A desnutrição pode se manifestar de forma silenciosa e variada.

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Um estudo realizado pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam) em parceria com a Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri apontou que a desnutrição foi responsável por mais de 90 mil óbitos de idosos no Brasil entre 2000 e 2021. As informações são do UOL.

Por não apresentar sinais evidentes de falta de nutrientes, a desnutrição silenciosa em idosos é uma condição que pode passar despercebida por familiares e até por médicos. Essa característica torna o problema ainda mais preocupante, já que frequentemente não é diagnosticado a tempo, comprometendo a saúde e a qualidade de vida do paciente.

A falta de nutrientes essenciais afeta diversas funções do organismo nos idosos e pode agravar doenças crônicas como diabetes, problemas cardiovasculares e renais. Além disso, manter uma alimentação adequada é fundamental para conservar a força muscular, o que permite ao idoso manter sua autonomia em atividades cotidianas e cuidar de si mesmo.

Segundo Theodora Karnakis, geriatra do Hospital Sírio-Libanês, trata-se de uma condição complexa, com múltiplas causas e manifestações. “Identificar sinais precoces, compreender os fatores contribuintes e promover intervenções adequadas são medidas fundamentais para melhorar a saúde desse grupo vulnerável.”

A desnutrição pode se manifestar de forma silenciosa e variada. Entre os sinais mais comuns, que muitas vezes são atribuídos ao envelhecimento natural, estão:

Perda de força muscular e de disposição física;Falta de apetite ou recusa alimentar;

Quedas frequentes e dificuldade de locomoção;

Alterações na pele, cabelos e unhas (ressecamento, quebra, fragilidade);

Déficits de memória, atenção e cognição;

Infecções recorrentes por baixa imunidade;

Irritabilidade, apatia ou oscilações de humor;

Cicatrização lenta e hematomas frequentes;

Desidratação leve ou moderada, agravando confusão mental e fraqueza.

Principais causas

O envelhecimento provoca mudanças que reduzem a capacidade do organismo de absorver nutrientes e alteram o metabolismo, o que pode comprometer a manutenção de uma nutrição adequada.

Além disso, entre as principais causas, estão:

Doenças crônicas: diabetes, doenças cardiovasculares e câncer afetam o apetite, o metabolismo e a absorção de nutrientes.

Disfagia e problemas dentários: dificuldade para engolir (disfagia) e problemas na mastigação, como próteses mal ajustadas ou perda de dentes, dificultam a ingestão de alimentos variados.

Efeitos colaterais de medicamentos: medicamentos comuns na terceira idade podem causar náuseas, perda de apetite ou alterações no paladar, reduzindo a ingestão alimentar.

Fatores emocionais e sociais: isolamento social, depressão e luto diminuem a motivação para preparar e consumir refeições, impactando diretamente o estado nutricional.

Condições econômicas: aposentadorias com valor baixo, alto custo com medicamentos e alimentação dificultam o acesso a uma dieta saudável e balanceada.

Formas de diagnóstico

Para diagnosticar a desnutrição em idosos é necessário realizar uma avaliação completa que envolve observação clínica e exames específicos.

O diagnóstico visa identificar a perda de peso involuntária e a diminuição da massa muscular, mesmo quando o peso corporal não varia muito. A falta de apetite e a quantidade de alimentos ingeridos também são fundamentais. Sinais físicos, como mudanças na pele, cabelos e unhas, além de quedas frequentes e dificuldades para se movimentar, são indicativos importantes.

Além disso, exames laboratoriais detectam deficiências de proteínas, vitaminas e minerais. Algumas ferramentas de avaliação são usadas para a triagem nutricional e para apoiar o diagnóstico.

Os familiares e cuidadores devem ficar atentos a sinais simples, mas importantes, como a diminuição da ingestão alimentar.

“É essencial observar se há dificuldade para engolir, engasgos ou tosse durante as refeições. Mas, sem dúvida, o principal sinal de alerta é a perda de peso involuntária. Se o idoso começa a emagrecer sem intenção, isso indica um risco nutricional que precisa ser investigado rapidamente”, alerta Clineu Almada, geriatra do Hospital Albert Einstein.

Como prevenir

Uma das estratégias é fracionar a alimentação em cinco a seis refeições diárias, aumentando a densidade calórica e nutricional dos alimentos consumidos. Algumas estratégias indicadas são:

Garantir a ingestão adequada de proteínas, entre 1 e 1,2 gramas por quilo de peso por dia, priorizando fontes fáceis de mastigar e digerir, com adaptações conforme as necessidades individuais;

Realizar suplementação de micronutrientes, como vitamina D, B12 e cálcio, conforme indicação médica;

Estimular a hidratação constante, mesmo quando não houver sensação de sede;

Preparar alimentos caseiros atraentes, com variedade de cores, texturas e sabores para incentivar o apetite;

Identificar e tratar dificuldades que prejudiquem a alimentação, como disfagia, problemas dentários ou depressão;

Utilizar suplementos orais quando o apetite estiver muito reduzido ou as necessidades nutricionais forem elevadas.

Como deve ser a alimentação do idoso?

A alimentação do idoso deve ser balanceada, diversificada e adequada às suas necessidades fisiológicas e condições de saúde.

De acordo com Isolda Prado, nutróloga e diretora da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia), sempre que possível, a dieta desse grupo deve conter:

Proteínas de alta qualidade para preservar a massa muscular e evitar a perda muscular associada à idade;

Frutas, verduras e legumes que são importantes fontes de fibras, vitaminas e antioxidantes que auxiliam no bom funcionamento do organismo;

Gorduras saudáveis, como as encontradas no azeite, abacate e oleaginosas, são boas para a saúde cardiovascular;

Carboidratos complexos, preferencialmente com baixo índice glicêmico, fornecem energia de forma constante e evitam picos de glicose no sangue;

Hidratação deve ser mantida, mesmo na ausência de sede, para prevenir a desidratação e garantir o funcionamento adequado do corpo;

Fracionamento da alimentação em pequenas porções ao longo do dia ajuda na digestão e na absorção dos nutrientes.

“O acompanhamento nutrológico e multiprofissional é importante e essencial para detectar precocemente sinais de desnutrição, ajustar a dieta conforme as doenças e limitações do idoso, e promover um envelhecimento saudável, com autonomia e qualidade de vida”, diz a nutróloga.


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