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Conflito motivado por garimpo provoca duas mortes na Terra Indígena Ianomami, em Roraima

Ministério Público Federal afirma que região vive tragédia humanitária por causa da ocupação pelo garimpo.

Garimpo na Terra Indígena Ianomami, em Roraima. (Foto: Polícia Federal)

Dois indígenas morreram e outros cinco ficaram feridos em um conflito entre duas comunidades na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, na tarde desta segunda-feira (11), segundo relato do presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye´kuana, Júnior Hekurari Yanomami.

“Junto com os garimpeiros, a comunidade Tirei atacou a comunidade Pixanehabi, onde morreram dois yanomamis”, disse Hekurar em vídeo divulgado pelo G1. Segundo ele, os moradores da comunidade atacada são contra o garimpo. “Por isso os garimpeiros deram 80 armas para a comunidade Tirei, incentivando o conflito”.

Também nesta segunda, o MPF (Ministério Público Federal) divulgou um pedido à Justiça Federal para obrigar a União a retomar ações de proteção e operações policiais contra o garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami.

O pedido é baseado em denúncias de crimes contra indígenas e ameaças à saúde e à existência das comunidades. Em visita realizada à Serra das Surucucus, em Roraima, o Ministério Público Federal constatou que a região foi toda ocupada por garimpeiros ilegais, que usam as pistas de pouso da Secretaria de Saúde Indígena como apoio logístico para dezenas de aeronaves e helicópteros.

“Isoladas do contato com a sociedade, as comunidades indígenas estão cada vez mais próximas do garimpo e não podem usufruir de seu habitat tradicional, já completamente degradado pelo desmatamento e poluição dos rios”, diz o MPF.

Segundo os promotores, operações realizados no ano passado pelo governo federal não foram suficientes para conter o avanço do garimpo ilegal e é preciso realizar ações urgentes de repressão contra crimes socioambientais que ocorrem na região.

Para o MPF, o que ocorre na Terra Indígena Yanomami é uma tragédia humanitária e há o risco de a população tradicional da região ser dizimada por causa da grande quantidade de garimpeiros que ocupam ilegalmente o território e da forma de estruturação da atividade.

YANOMAMI SOB ATAQUE

O relatório “Yanomami Sob Ataque: Garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomai e propostas para combatê-lo”, divulgado nesta segunda pela Hutukara Associação Yanomami, denuncia ataques criminosos contra comunidades indígenas.

De acordo com o documento, em 2021 o garimpo ilegal avançou 46% em comparação com 2020. Entre 2016 e 2020, o garimpo cresceu 3.350% na Terra Indígena Yanomami.

O relatório revela que existem hoje 273 comunidades e 16 mil pessoas afetadas diretamente pelo garimpo ilegal. Isso significa que 56% da população da terra indígena sofre as consequências dessa prática irregular. Vinte e nove mil pessoas moram em cerca de 350 comunidades na região.

Entre as consequências da extração ilegal de ouro e cassiterita está a explosão de casos de doenças como malária, além de casos de violência como o ocorrido nesta segunda.

O documento destaca também o desmatamento da floresta, a poluição dos rios e a formação de crateras.

“O governo precisa avaliar suas ações, pois muitas operações de combate ao garimpo não surtiram efeito”, disse Dario Kopenawa, vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami. “O meu povo está sofrendo. Pedimos o apoio da população para se unir ao nosso grito de socorro para a retirada imediata dos garimpeiros do nosso território”.

A informação é da Folha de São Paulo.

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