Brasil
AM também é sede das facções criminosas Cartel do Norte e Revolucionários do Amazonas, além de PCC e CV, aponta levantamento
Levantamento de O Globo aponta que o Brasil tem hoje 64 facções espalhadas pelas 27 unidades da federação, com menor ou maior tamanho e influência sobre a sociedade.

Além do Primeiro Comendo da Capital (PCC) e do Comando Vermelho (CV), o Amazonas é sede das facções criminosas Cartel do Norte (CDN) e Revolucionários do Amazonas (RDA), de acordo dados coletados pelo jornal O Globo ao longo do último mês junto a fontes das secretarias de Segurança Pública, Administração Penitenciária e Ministérios Públicos de todos os estados. Segundo o levantamento, o Brasil tem hoje 64 facções espalhadas pelas 27 unidades da federação, com menor ou maior tamanho e influência sobre a sociedade.
Entre os grupos mencionados pelas autoridades, 12 têm presença em mais de um estado, e os outros 52 são, até onde se sabe, organizações locais. Há duas delas, contudo, com presença efetivamente nacional. O PCC está em 25 unidades da federação, enquanto os fluminenses do CV se encontram em 26. Os grupos só não estão, ainda, no Rio Grande do Sul. O crime gaúcho gerou suas próprias facções interestaduais: Bala na Cara (BNC) e Os Manos.
Bahia (17), Pernambuco (12) e Mato Grosso do Sul (10) são os estados que mais concentram grupos criminosos. Enquanto os dois do Nordeste têm um cenário fragmentado, com muitas facções locais disputando espaço, o território sul-mato-grossense é o maior “importador” de facções de outros estados.
A Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) chegou a mapear 88 grupos atuando dentro de presídios em 2024, cifra maior do que os governos estaduais registram em conjunto para as facções com atividade na rua. O órgão federal não divulga, porém, os nomes desses grupos em seu mais recente relatório.
Algo que dificulta a contabilidade, também, é o fato de que algumas organizações têm regime exclusivo “intramuros”, caso do Povo de Israel (PVI), atuante em prisões do Rio de Janeiro.
A despeito das dificuldades para estudar o tema, acadêmicos acreditam que existe uma tendência de ‘faccionalização’ no Brasil, explica o professor de ciência política da Universidade de Chicago Benjamin Lessing. Grande parte disso continua sendo reflexo da expansão do PCC.
A ampliação territorial passou a ser uma estratégia de negócios para o grupo paulista a partir de 2010. Em São Paulo, berço da facção, criminosos de fora faziam uma espécie de estágio para aprender a transformar pasta base em cocaína, e lucrar mais.
O grupo chegou a financiar núcleos de outros estados, mandando armas e drogas, e a ensinar o funcionamento das extintas rifas, fonte importante de arrecadação. A intenção não era dominar mas estar presente em locais interessantes do ponto de vista logístico para o tráfico internacional. Muitas das facções que emergiram no Nordeste e Norte surgiram como uma reação à chegada dos paulistas.
Foi o caso dos Guardiões do Estado (GDE), no Ceará, e da Família do Norte, no Amazonas. Esta segunda já é considerada extinta pelas autoridades. — Esse avanço do PCC deu impulso à criação de facções locais, que representam o crime daquele lugar, se defendendo do “imperialismo” do PCC — explica Lessing.
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