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Amazonas

UOL: Amazonas vive alta de mortes mesmo com taxa de transmissão baixa, diz pesquisa

O aumento no número de hospitalizações e mortes por conta da covid-19 no Amazonas está
ocorrendo sem que o Rt (taxa de transmissão do vírus) esteja em alta, o que sugere que fatores como o colapso no sistema público ou mesmo uma mudança no vírus para tornar a infecção mais agressiva podem ser responsáveis pela tragédia vista nos últimos dias no estado.

A análise é do projeto de pesquisa Covid Analytics, encabeçado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), segundo notícia publicada com exclusividade pelo UOL. O estado registrava, até a terça-feira (12), 218.070 casos da doença e 5.810 mortes.

Os dados apontam que o Rt no momento está um pouco abaixo de 1, o que indica uma redução, e não uma alta no ritmo da pandemia. Taxa abaixo de um quer dizer que uma pessoa doente, em média, passa o vírus para menos de uma outra. Essa média aponta um arrefecimento no ritmo da pandemia a médio prazo.

Os dados do Covid Analytics usam como base informações oficiais como o número de casos, hospitalizações e mortes e faz um ajuste utilizando outras 180 variáveis. Por meio deles, uma metodologia calcula a taxa de transmissão do vírus. Os dados, ressalte-se, podem apresentar alguma distorção em caso de subnotificações.

O descompasso entre a taxa aferida, em tese, não tão alarmante, e o estrangulamento da estrutura de saúde pode ser reflexo da frágil rede do estado, avalia André Maranhão, pesquisador na área de estatísticas do projeto.

“A severidade pandêmica (vista pelo número de óbitos) pode está aumentando, mas com a redução
no número de casos, e as taxas de reprodução podem estar caindo. Isso se deve mais à fragilidade do sistema de saúde do estado do que por conta da pandemia”, explica. “Não estamos vendo uma
segunda onda claramente anunciada nos dados”, completa.

Prova do avanço da doença é que a média móvel de mortes no estado quase dobrou em janeiro (de 13 para 23, segundo dados do Ministério da Saúde). Além disso, na terça-feira, foram 166 sepultamentos registrados nos cemitérios da capital do Amazonas, recorde desde o início da pandemia. Antes da covid-19, essa média era de 30.

A diminuição de subnotificações é outro fator considerado no retrato revelado pela pesquisa. Cientistas no estado estão analisando amostras de pacientes infectados em dezembro e janeiro. Eles afirmam que descobriram uma nova variante do novo coronavírus com origem local e ainda não sabem exatamente o que este virus poderia causar a pessoas infectadas.

Pelas mutações encontradas, a tendência é que o vírus tenha ficado mais transmissível, mas não necessariamente cause doença mais grave. “Isso ainda precisa de análise, mas pelo que vimos as mudanças facilitam a transmissibilidade”, conta o pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz – Amazônia, Felipe Naveca.

Além da nova variante poder estar causando mais casos, um fator que ele cita como importante para justificar a sobrecarga nos hospitais é que o período de viroses por causas respiratórias têm pico entre dezembro e janeiro. “Esses dois fatores somados à nossa histórica deficiência do sistema de saúde pública e às aglomerações que vimos nas eleições, nos protestos contra o fechamento do comércio e em festas de fim de ano podem ter criado o que chamamos de ‘tempestade perfeita’ no Amazonas”, diz.

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