Conecte-se conosco

Amazonas

Seis meses: programa do governo de Wilson Lima ainda espera ser cumprido

Em programa de governo, o então candidato disse que nenhum serviço público estadual funcionava com a eficiência esperada. Veja vídeos das promessas e o programa que o então candidato registrou na Justiça Eleitoral.

O bordão da campanha eleitoral do então candidato Wilson Lima, “a bronca é comigo”, passou a ser usado contra ele, que, seis meses após a posse no cargo de governador, ainda coloca a culpa de todos os problemas no governo do Amazonas nas administrações anteriores, sem, ainda, apresentar soluções. Lima, em seis meses, fez e faz tudo que disse aos eleitores que não ia fazer se eleito governador do Estado.

Com base no programa que ele registrou na Justiça Eleitoral, no ano passado, é possível fazer as comparações. No programa, ele disse: “hoje se pode asseverar, sem leviandade qualquer, que não há nenhum serviço público estadual que funcione com a eficiência esperada: não há saúde, segurança, educação, moradia e assistência social em condições mínimas ao cidadão”. Veja o programa que o então candidato registrou.

Na segurança pública, o assassinato de 55 presos presos em presídios de Manaus levou à comparação do governo dele com o de José Melo. O jornal Folha de S. Paulo lembrou que o secretário de Segurança Pública do Amazonas, o coronel da PM Louismar Bonates, negociou em 2015 a ampliação do poder de uma facção criminosa no sistema carcerário em troca de “paz nas cadeias”, segundo investigação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal. A violência dos presídios se alastrou para as ruas de Manaus. Quando candidato, prometeu “aumento do efetivo das forças de segurança por concursos públicos, a se realizarem anualmente, a propiciar segurança na capital e interior” e “adoção de medidas cabíveis para gestão do sistema prisional, baseado nos princípios da economicidade e da segurança aos detentos e à população”.

Na Educação, enfrentou uma greve de professores, uma das mais longas da história do Estado. Em campanha, disse que os professores não precisariam fazer greve para ter suas reposições salariais. Disse que o reajuste dos servidores da Educação, de 2018, foram “privilégios” e foi criticado nas redes sociais pelos professores que publicaram um vídeo em que, ao lado da deputada Terezinha Ruiz (PSDB), mulher, prometeu assim que foi eleito, atenderia as reivindicações. Quando candidato, prometeu revisão do Plano de Cargos Carreira e Remuneração (PCCR) “dando enfoque à valorização do professor que se especializa, melhorando a remuneração”. E: “política de valorização do servidor público, com adoção de medidas para o cumprimento dos direitos assegurados em lei, em especial dos Planos de Cargos e Salários, com a observância das datas-bases, além de concursos públicos para as áreas deficitárias”.

Na Saúde, manteve praticamente todas as empresas prestadoras de serviços. Foi acusado pelo Instituto de Traumato Ortopedia do Amazonas (IOT) de maquiar os números ao dizer que todas as empresas e cooperativas estavam recebendo em dia’ e que ‘não há nenhuma empresa, nenhuma cooperativa sequer que esteja com pagamento atrasado’. As filas por exames e cirurgias e a falta de remédios continuam sendo alvo de denúncias. Quando candidato, prometeu revisão de todos os contratos na Susam e Fundações, especialmente aqueles relacionados à terceirização de mão-de-obra e serviços, a fim de identificar excessos e otimizar os recursos.

Em meio à queda na arrecadação e excesso de gastos, o governador assinou um decreto abrindo mão de milhões de reais em receitas do bilionário negócio da produção de gás natural no Estado, para beneficiar uma empresa milionária. Trocou uma possível arrecadação de cerca de R$ 80 milhões por uma ‘doação de R$ 4,8 milhões para o Fundo de Promoção Social (FPS) do Amazonas. O valor não chega a 20% do orçamento inicial da Secretaria de Estado de Assistência Social (Seas) para este ano de 2019. Quando candidato, prometeu “redução tributária para as empresas que aderirem aos programas de incentivo ao jovem aprendiz, ao primeiro emprego, à reinserção no mercado de trabalho, bem como a empregabilidade de mulheres chefes de famílias e de outras pessoas em situação de vulnerabilidade social”.

Wilson Lima quando candidato prometeu combater a corrupção. No período de 5 a 12 de fevereiro, a Secretaria de Estado de Educação (Seduc), sob a administração dele, dispensou R$ 81,9 milhões em licitação das empresas Bento Martins de Souza Eirelli, G.H Macario Bento, que vão fornecer merenda escolar, e IIN Tecnologia Ltda, prestadora de monitoramento de segurança nas escolas. Teve que enfrentar a sua secretaria de Trabalho, Neila Azrak, viajou com o marido, policial militar, com tudo pago pelos contribuintes, para uma viagem à Colômbia. Ele próprio, já recebeu mais de R$ 100 mil em diárias, em mais de 40 dias fora do Estado. E foi acusado pela imprensa nacional de abandonar o Estado, quatro dias após o massacre nos presídios, para uma viagem de turismo a Israel.

Este mês, a imprensa local informou que Wilson Lima vai nomear Ricardo Luiz Monteiro Francisco, irmão do presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, um dos presos no escândalo do Mensalão, para a Secretaria de Cidades, possível denominação da atual Secretaria de Política Fundiária (SPF). O PTB já comanda a Secretaria de Habitação do governo. Quando candidato, ele prometeu “nomeação dos secretários e subsecretários de Estado e equipes de assessoramento com base em critérios de competência, compromisso social e reputação ilibada”.