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Rodovias federais têm 167 bloqueios nesta quarta; Amazonas tem 3 interdições, diz PRF

Grupos são contrários ao resultado das eleições. STF já mandou corporação e PMs estaduais retirarem manifestantes.

Bloqueio de caminhoneiros na via Dutra/SP. (Foto: Lucas Lacaz/Estadão)

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que, às 6h30 desta quarta-feira (2), havia 167 bloqueios em rodovias federais do país, realizados por grupos contrários ao resultado das eleições. No Amazonas, há três interdições ao longo da BR 174, de acordo com dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

O total de manifestações é menor que o registrado no início da manhã de terça (1º), quando eram 271 pontos de retenção.

A PRF afirma que já desfez 563 manifestações. Os grupos ocupam as rodovias ilegalmente desde domingo (30), após o anúncio do resultado da votação. Na segunda (31), o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que a corporação e as polícias militares estaduais tomem as medidas necessárias para desobstruir as vias.

Veja como está a situação de cada unidade da federação, de acordo com informações da PRF, às 6h30 desta quarta-feira:

Amapá: sem ocorrências
Acre: cinco interdições
Alagoas: sem ocorrências
Amazonas: três interdições
Bahia: um bloqueio
Ceará: sem ocorrências
Distrito Federal: sem ocorrências
Espírito Santo: cinco interdições
Goiás: duas interdições
Maranhão: sem ocorrências
Minas Gerais: 10 interdições e dois bloqueios
Mato Grosso: 30 interdições
Mato Grosso do Sul: três interdições
Pará: 17 interdições
Paraíba: sem ocorrências
Pernambuco: três interdições e dois bloqueios
Piauí: sem ocorrências
Paraná: nove interdições e nove bloqueios
Rio de Janeiro: sem ocorrências
Rio Grande do Norte: sem ocorrências
Rondônia: 15 interdições
Roraima: sem ocorrências
Rio Grande do Sul: uma interdição
Santa Catarina: uma interdição
Sergipe: sem ocorrências
São Paulo: três interdições
Tocantins: nove interdições

Segundo a PRF, interdição é interrupção parcial do trânsito, já bloqueio é quando o tráfego fica totalmente impedido nas rodovias.

Impactos

Os bloqueios nas rodovias prejudicam milhões de pessoas em todo o país. Um grupo de sete passageiros, presos em uma rodovia federal entre Paraná e Santa Catarina, decidiu deixar o veículo e percorrer cerca de 13 km a pé até a cidade mais próxima.

Houve também registro de acidentes, como o que matou o empresário Osmar Alceu Wichocki, de 56 anos, na BR-364, em Cuiabá. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal, chovia quando ele bateu o caminhão que dirigia na traseira de uma carreta que estava parada na manifestação. Ele ficou preso nas ferragens, não resistiu aos ferimentos.

Por causa dos bloqueios, 25 voos que sairiam do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, foram cancelados entre segunda e esta terça. A pista só foi aberta por volta das 10h. No Terminal Rodoviário do Tietê, um dos maiores da América Latina, 880 ônibus foram cancelados.

Os impactos são sentidos também na indústria. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) alertou, para “iminente risco de desabastecimento e falta de combustíveis, caso as rodovias não sejam rapidamente desbloqueadas” e informou que “as indústrias já sentem impactos no escoamento da produção” e que “as paralisações já atingem o transporte de cargas essenciais, como equipamentos e insumos para hospitais”.

A CNI declarou ainda que é “veementemente contrária a qualquer manifestação antidemocrática que prejudique o país e sua população”.

Caminhões com carga de ovos para produção de vacinas ficaram oito horas em um bloqueio e só chegaram ao Instituto Butantan com escolta.

Já segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), mais de 70% dos supermercados em sete estados e no DF apresentam problemas de abastecimento por conta dos bloqueios. Os produtos mais afetados são as frutas, legumes, verduras e carnes, segundo a associação.

Para esses alimentos, o estabelecimentos costumam atuar com estoque de um a três dias, o que demanda maior frequência na reposição. De acordo com a associação, o movimento de consumidores nos supermercados se intensificou na tarde desta terça, em meio ao receio de desabastecimento.

Houve ainda registros de violência durante os bloqueios. No Paraná, um homem afirmou ter sido agredido por manifestantes em um bloqueio na BR-277, na Região Metropolitana de Curitiba, na tarde de segunda. Segundo o homem, policiais da PRF estavam presentes no momento da agressão, mas não interviram na situação.

Na Via Dutra, rodovia que liga a cidade de São Paulo à cidade do Rio de Janeiro, pelo menos dois carros foram atacados durante um protesto de caminhoneiros na manhã da segunda. Os casos foram divulgados em vídeos em redes sociais.

Em outro caso, um carro ficou encurralado ao tentar passar pelo ponto de bloqueio. Os manifestantes não foram flagrados quebrando o veículo no vídeo, mas as imagens mostram o vidro dianteiro do automóvel destruído e o grupo ofendendo a motorista.

Alunos e professores do curso de geologia, da UFRJ, denunciam que tiveram o ônibus barrado em um bloqueio de manifestantes. “A gente se sentiu intimidado a todo momento. Eles cercaram o ônibus, começaram a filmar. A gente anda pela cidade e passa gente provocando, perguntando se votou no Lula. É uma situação humilhante e perversa”, disse uma aluna.

Torcedores do Corinthians desbloquearam um trecho da Marginal Tietê, na altura da Ponte das Bandeiras, na noite desta terça.

Vídeos que circulam pelas redes sociais mostram que, assim que o grupo de corintianos se aproximou, os autores do bloqueio saíram rapidamente com os carros (veja vídeo acima).

No alto da ponte, parte dos torcedores gritaram “democracia” e penduraram uma bandeira com a frase: “Somos pela democracia”. Eles também soltaram rojões.

Pronunciamentos

Nesta terça-feira, o presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou as ocupações nas rodovias federais. A declaração foi feita durante seu primeiro pronunciamento após a derrota nas eleições presidenciais deste domingo.

“As manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas, mas os nossos métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população, como invasão de propriedade, destruição de patrimônio e cerceamento do direito de ir e vir”, disse Bolsonaro.

O ministro da Infraestrutura, Marcelo Sampaio, também se pronunciou e defendeu a liberação dos pontos de bloqueio. Em nota, Sampaio pediu “apoio” para que seja garantida a “circulação em nossas rodovias de medicamentos, insumos, bens e combustíveis”.

Atuação da PM

Nesta terça, o ministro Alexandre de Moraes reiterou que as polícias militares dos estados são capazes de desobstruir rodovias federais bloqueadas e identificar, multar e prender os responsáveis.

Normalmente isso cabe a PRF, mas o STF determinou que a PM possui “plenas atribuições constitucionais e legais para atuar” na questão. Até esta terça-feira, ao menos 13 estados e o DF determinaram que a PM atuasse para liberar as rodovias.

Em alguns locais, a PM chegou a usar bomba de gás lacrimogêneo para dispersar manifestantes, como ocorreu em Novo Hamburgo, na região metropolitana de Porto Alegre. No Rio Grande do Norte, houve uso de spray de pimenta. Em São Paulo, a Tropa de Choque da Polícia Militar foi acionada para retirar os manifestantes.

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