Amazonas
Presidente de instituto denuncia “caos” em UTIs no primeiro dia do novo contrato de enfermeiros pelo governo do Amazonas
Muitas unidades não tiveram sequer coordenadores e alguns enfermeiros estão sendo obrigados a fazer 60 plantões ao mês.
A presidente do Instituto de Enfermeiros Intensivistas do Amazonas (Ieti), Suzany Teixeira, informou, nesta sexta-feira (01/12) que houve “caos” nas Unidades de Terapia Intensiva dos principais hospitais e prontos-socorros de Manaus, no primeiro dia da mudança dos profissionais contratados diretamente pelo Governo do Amazonas, sem concurso e com salários abaixo do piso nacional.
Ela disse que muitas unidades não tiveram sequer coordenadores e alguns enfermeiros estão sendo obrigados a fazer 60 plantões ao mês. Disse, também, que 100% dos coordenadores não têm a titulação exigida pelo Ministério da Saúde (MS) e muitos profissionais que passaram a atuar são ex-técnicos de enfermagem que nunca atuaram como enfermeiros.
“Podemos afirmar que nesse primeiro dia foi o caos. Culminou com a retirada de enfermeiros de outros setores para UTIs”, disse ela, nomeando as unidades Platão Araújo, 28 de Agoso e João Lúcio, onde houve casos de até 70% de faltas.
Suzany disse que ainda aguarda que o governo reveja a nova forma de contratação e passe a fazer as escalas com profissionais com experiência, que atendam os pacientes 24 horas por dia. Segundo ela, uma parte dos coordenadores que compareceram nesta sexta-feira ainda foram chamados de urgência à Secretaria de Saúde e alguns pacientes tiveram picos de glicemia, “coisas que vamos ter que lidar e denunciar todos os dias”.
O 18horas, teve acesso a documentos internos que comprovam os problemas apontados, como a dificuldade da falta de coordenadores nas UTIs.
Segundo a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) número 07 de 2010, do Ministério da Saúde, que normatiza e regulamenta o funcionamento das UTIs, cada UTI deve ter um enfermeiro coordenador que realizará gestão de processos, materiais, equipamentos e recursos humanos, garantindo assim um funcionamento adequado dentro das normas estabelecidas pelo órgão.
Na troca pela administração das UTIs pela SES não foi organizado quem assumiria a função de enfermeiro coordenador em quatro unidades, deixando assim as equipes assistenciais sobrecarregadas, principalmente naquelas onde os enfermeiros tinham pouca experiência na assistência ao paciente grave.
Ainda, segundo a RDC 137 de 2017, o enfermeiro coordenador deve ser titulado, não somente portador do certificado de especialista. Esse título garante que o profissional tem habilidade e competência na atuação em Terapia Intensiva, o mínimo que se espera de um coordenador de UTI.
A presidente do Ieti apontou várias irregularidades no novo processo de contratação do governo:
1) 354 enfermeiros supostamente se inscreveram fora do prazo do edital, que foi de 01 a 10 novembro;
2) enfermeiros que não trabalharam em novembro de 2022;
3) A contratação era para 13 plantões, os enfermeiros farão até 60 plantões cada em dezembro deste ano;
4) Não se inscreveram intensivistas com experiência e titulação em quantidade suficiente para assumir todas as UTIs.
Ainda segundo o Ieti, dos 1.045 inscritos, foram selecionados 200, dos quais 88 não possuem especialização e 72 não possuem experiência em UTI. E ainda foram identificados servidores da SES na lista de classificados.
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