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Amazonas

Prefeito de Manaus mandou unidades básicas usarem medicamentos sem eficácia contra Covid-19

Davi Almeida afirmou , em janeiro, que estava fazendo uma grande compra dos medicamentos para distribuir à população gratuitamente no menor espaço de tempo possível.

Prefeito Davi Almeida reuniu-se com governador Wilson Lima e com o ministro da Saúde, à época, Eduardo Pazuello.(Foto: Dhyeizo Lemos / Secom)

A distribuição de medicamentos sem comprovação científica para tratamento da covid-19 foi uma das medidas mais defendidas pelo prefeito de Manaus, Davi Almeida (Avante), durante a maior crise sanitária do Amazonas, em janeiro deste ano, na pandemia do coronavírus. Agora, a Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) afirma, em nota, que “em nenhum momento o prefeito David Almeida ou a Secretária Municipal de Saúde exerceram – ou exercem – qualquer influência sobre as escolhas médicas na rede municipal de saúde”.

A defesa do prefeito pela difusão do kit covid-19 difundido pelo Ministério da Saúde no auge da pandemia no Amazonas foi amplamente repercutida pela imprensa local e nacional. Davi Almeida destacou a estratégia quando divulgou em janeiro à Rádio Bandeirantes que fechou uma “grande compra” de medicamentos para serem aplicados, no sistema de saúde local.

A Semsa, no entanto,  não informou a quantidade de medicamentos adquiridos e distribuídos em Manaus. Ao contrário disso, a assessoria “esclarece que não há, por parte da gestão – tanto da Prefeitura quanto da Semsa, ingerência sobre prescrição de medicamentos e/ou adoção de tratamento na rede municipal de Saúde”. A nota da Semsa completa  que a Secretaria não “distribui” medicamentos. As prescrições médicas, constando da Relação Municipal de Medicamentos Essenciais (REMUME), são entregues gratuitamente nas farmácias, mediante receituário padrão do SUS, com retenção de cópia.

No entanto, Davi Almeida ressaltou, em janeiro, que a prescrição dos medicamentos do kit-covid deve ser considerada “no início dos sintomas em pacientes contaminados com covid-19”. “[Cloroquina e ivermectina] é o tratamento profilático que se dá. Eu mesmo usei no meu tratamento ivermectina, azitromicina, vitamina C e D, prednisona. Esse é o tratamento que estamos propondo no início dos primeiros sintomas para que a doença não se agrave. Vamos usar, sim. Estamos fazendo uma grande compra para distribuir à população gratuitamente no menor espaço de tempo possível”, afirmou em entrevista, à época.

Em outra entrevista, ainda na crise da saúde, o prefeito de Manaus reafirmou que que irá seguir a ‘cartilha’ indicada por Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, e distribuir o “kit Covid” nos hospitais da capital do Amazonas – durante a crise de abastecimento de oxigênio hospitalar e lotação nos leitos de pacientes com coronavírus.

Essa disposição do prefeito em seguir com a distribuição de remédios sem eficácia também ficou evidente em uma reunião no dia 11 de janeiro de 2021, que reuniu o então ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, o governador Wilson Lima (PSC)e a secretária de gestão do trabalho e educação na Saúde, Mayara Pinheiro.

Mesmo com a informação da gravidade da iminente crise de oxigênio na capital amazonense, Almeida confirmou a adoção do “tratamento precoce” para a população de Manaus segundo informações do ex-ministro Pazuello divulgada sobre o depoimento à CPI da Covid, no Senado. “Ouvi do David (Almeida) falar aqui sobre tratamento precoce. Senhores, senhoras, não existe outra saída. Avisei ao Wilson (Lima) que seria mais incisivo em algumas palavras. (…) Eu conversei pessoalmente em vídeo com todos eles”, disse Pazuello.


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