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Amazonas

Posse de reitora da Ufam teve ritual indígena de proteção e purificação, conduzido pelo pajé Jaime Diakara Dessano

A pelerine (traje) usada pela professora Tanara Lauschner foi feita pelo estilista indígena Sioduhi, com bordados inspirados no calendário cosmológico do alto Rio Negro.

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A solenidade de transmissão do cargo de reitor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) do ex-reitor, Sylvio Puga para a reitora Tanara Lauschner, e a posse dos gestores da instituição para os próximos quatro anos, foi marcada pelo Bahsese, ritual indígena da região do rio Negro, de proteção e purificação, conduzido pelo kumu (pajé) Jaime Diakara Dessano, doutorando em Antropologia do colegiado indígena do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS/Ufam).

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Sob a fumaça, adentraram a reitora, professora Tanara Lauschner, o vice-reitor eleito, professor Geone Maia, os oito pró-reitores e os demais gestores a serem empossados. Durante o ritual foi lida a “Carta da comunidade acadêmica indígena e do movimento indígena à reitora da Ufam”, documento no qual foram apresentadas as suas principais demandas aos novos gestores da Universidade.

A solenidade teve a participação de representantes indígenas, autoridades políticas e acadêmicas, a comunidade da Ufam, familiares e amigos testemunharam o ato democrático no âmbito da Universidade. A cerimônia foi realizada nq última sexta-feira (04/07), às 19h, no Auditório Eulálio Chaves, setor Sul do campus universitário de Manaus.

Na medicina tradicional indígena, a fumaça do tabaco e do breu branco é agenciada pelo kumu como forma de ativar efeitos benéficos de purificação e proteção.

A pelerine (traje) usada pela professora Tanara Lauschner foi feita pelo estilista indígena Sioduhi, com bordados inspirados no calendário cosmológico do alto Rio Negro. Foi a primeira vez que uma autoridade universitária da Ufam usa uma peça com essas referências, reiterando os compromissos institucionais com os povos da Amazônia e suas lutas.

Em seu pronunciamento, a reitora falou de seu objetivo de retomar o protagonismo da Ufam como universidade amazônica, inclusiva, plural e transformadora, contando para tanto com o apoio da comunidade universitária e das instituições e entidades parceiras.

“Aqui não está apenas a Tanara, está a representação de tantas pessoas que estudaram a vida inteira em escolas públicas, que enfrentaram a dificuldade de sair do interior para vir à capital e que ainda hoje caminham superando desafios. Aqui não está apenas a Tanara, estão muitas mulheres que sofrem com o machismo, com a misoginia e com a falta de oportunidades, mulheres que como eu foram criadas por mulheres fortes e hoje criam suas filhas e seus filhos na esperança de um mundo mais justo”, disse.

Presente à cerimônia, a ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Luciana Santos, falou sobre o trabalho desenvolvido pela professora Tanara enquanto integrante da equipe do Ministério e interesse da pasta em atuar no enfrentamento às assimetrias regionais em parceria com a Ufam. “Um dos pilares da nossa política pública de ciência e tecnologia é o enfrentamento da simetria regional. A Amazônia é um território gigantesco do nosso país e é estratégico cada vez mais. Aqui tem uma biodiversidade, talvez uma das maiores riquezas não só do Brasil como do planeta e isso precisa se traduzir em qualidade de vida, em emprego e renda e riqueza para o povo”, disse.

O presidente do CNPq, Ricardo Galvão, destacou a relevância da Ufam para o país e o apoio do órgão ao trabalho da reitora Tanara Lauschner e à Ufam. “A Universidade Federal do Amazonas tem uma importância enorme para o país. Nós temos uma preocupação grande em homogeneizar a atividade científica no país todo e o desenvolvimento e, para isso, a Ufam tem um papel seminal como já tem demonstrado”, disse.

O presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), reitor José Daniel Diniz Melo, ressaltou a importância do momento para a Ufam e o quanto a Instituição é relevante para a região e para o Brasil. “Esse é um momento muito importante, a despedida do reitor Sylvio Puga, a entrada agora da reitora Tanara. A Ufam, nós sabemos, é uma instituição que tem importância muito grande para o nosso país, para a Região Amazônica, e nós viemos prestigiar essa solenidade representando a Andifes, que representa todas as universidades federais do nosso país”.


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