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Amazonas

Pacientes de doenças crônicas denunciam suspensão de serviço pelo Governo do Amazonas

A Secretaria de Saúde informou que a decisão foi tomada pelo Hospital Universitário Getúlio Vargas , que não tem ingerência sobre o programa, mas que irá rever o fluxo de atendimento

Pacientes terão de enfrentar fila com mais de 10 mil pessoas para consulta

Pacientes com doenças crônicas denunciaram que foram surpreendidos, na manhã desta quinta-feira (25/11), com a informação de que o atendimento especializado no Ambulatório Araújo Lima, do Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV) foi encerrado para quem precisa de tratamento para artrite reumatoide, artrose, lúpus, esclerose múltipla, entre outras doenças.

O programa de atendimento especializado no tratamento das doenças crônicas existe há mais de 30 anos, garantindo consultas e medicação com mais celeridade para os pacientes.

A aposentada Ionete Rodrigues, 56 anos, disse que, a partir de agora, terá de enfrentar a própria sorte na fila do SisReg em busca da próxima consulta. Ela faz tratamento para artrite reumatoide, fibromialgia e artrose e seus remédios chegam a custar por mês quase R$ 30 mil.

“Eu adquiri artrite reumatoide, fibromialgia, artrose e tenho que fazer cirurgia do joelho, cirurgia dos dois quadros e agora cirurgia das duas vistas, que estou com catarata, devido às medicações e dificuldade que estou para andar. Estou na fila. Só Deus na minha vida. Fiquei sabendo que o programa vai acabar e fica ruim para mim, porque eu só vivo em crise. Só fico procurando a doutora. Porque eu devo passar um ano para voltar e como vai ficar? Eu só vivo em pronto-socorro, porque quando eu não posso vir com a doutora, ela pede para eu procurar um pronto-socorro. A minha medição eu pego na central de medicamentos e é R$35 mil. Eu pego de 6 em 6 meses. Aí é maior dificuldade. Mas eles pedem muitos exames e fica muito complicado para gente. Vai ficar difícil”, comentou.

Graciete Mouzinho, que é presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Santas Casas, Entidades Filantrópicas e Religiosas e Estabelecimentos de Saúde do Estado do Amazonas (Sindpriv-AM), disse que precisa de tratamento para artrite rematoide na unidade. Segundo ele, desde que a gestão do governador Wilson Lima (PSC), ao longo da pandemia de Covid-19, firmou parceria com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) que gerencia o ambulatório, a estrutura de alguns programas foi prejudicada.

“Este ano, o governador fez uma parceria com a EBSERH, e com isso, pediu em troca de botar paciente de Covid para cá, e que o estado ficaria com 70% e com isso mexeu com todos nós que fazemos tratamentos de doenças crônicas”, disse.

Graciete Mouzinho disse, também, que no Ambulatório Araújo Lima são distribuídas 80 fichas por dia para todas as especialidades. Com as fichas, os pacientes conseguem marcar consulta no Sistema de Regulação (SisReg), mas sem saber para quando. E para a especialidade de reumatologia, que é o caso dela, são apenas cinco fichas por dia.

“Nós somos mais de dois mil pacientes de artrite que estão inscritos aqui no ambulatório. Sem uma medicação, nós vamos ficar em cima de uma cama, morrer. Tem paciente que não tem marido, que não tem filhos, mora só”, afirmou.

Segundo ela existem dez mil pessoas tentando marcar uma consulta com um reumatologista no ambulatório e não conseguem. “Se o governador não estava ciente desse programa, que ele saiba e faça algo pela população”, disse.

A Secretaria de Estado de Saúde (SES) informou que a decisão foi tomada pelo Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV) e que não tem ingerência sobre este programa no ambulatório Araújo Lima, por ser uma instituição federal.

A SES disse que irá rever esse fluxo e que os pacientes atendidos pelo Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (Ceaf) do Amazonas continuarão recebendo os medicamentos de alto custo.

Graciete Mouzinho contestou a nota da SES-AM questionando como os pacientes pegarão a medicação de alto custo. “Como? Se a gente não tiver a consulta, não tem medicação, porque precisamos levar as receitas carimbadas pelos médicos cadastrados na Cema”.

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