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Amazonas

Novos casos de Covid-19 no AM mais que dobraram em dezembro, com relação a novembro

Cientista Jesem Orellana alerta que o Amazonas está em “franco espalhamento viral”

No primeiro bimestre de 2021, a rede pública de saúde entrou em colapso com a falta de oxigênio hospitalar; pacientes foram transferidos para outros estados – Foto: Aguilar Abecassis

A Fundação de Vigilância Sanitária do Amazonas (FVS-AM) contabilizou 3.510 novos casos de Covid-19 no estado amazonense, entre os dias 1º e 28 de dezembro de 2021. O aumento foi de 62,80% em novas infecções da doença se comparadas com novembro, que somou durante todo o mês 2.156 novos casos. Até ontem, conforme o boletim epidemiológico, 29 mortes pelo novo coronavírus ocorreram em dezembro.

O epidemiologista da Fiocruz Amazônia Jesem Orellana destacou que o recrudescimento da pandemia no Amazonas resultou em larga contaminação de Covid-19. “Estamos em franco espalhamento viral, resultando em muitos casos de Influenza e da Covid-19, ambos notadamente subnotificados”, destacou.

Jesem Orellana salientou novamente que os números podem ser maiores em razão da subnotificação de novos casos e não descartou um aumento de internações e mortes.

“Certamente o número de síndromes gripais segue fortemente subnotificado, já que temos uma vigilância epidemiológica sofrível e uma igualmente pobre vigilância laboratorial. É muito provável que, assim como em dezembro em relação a novembro de 2021, em janeiro de 2022 tenhamos um número ainda maior de casos, o que pode refletir no aumento de internações e óbitos plenamente evitáveis”, alertou.

Risco

Questionado sobre quem está mais em perigo no atual cenário amazonense, Jesem Orellana observou que o grupo dos não vacinados correm mais riscos, e observou que as crianças de 5 a 11 anos ainda não foram vacinadas e são potenciais vetores de transmissão da Covid-19. “(Mais em risco) Vacinados e não vacinados seguem em perigo, pois vacina nenhuma faz milagre, seja contra a Covid-19 ou não. Agora, aqueles que estão com esquema incompleto ou que não tomaram nem a primeira dose, certamente, tem um risco muito maior de adoecimento e até mesmo de morte por Covid-19. O caso das crianças de 5-11 anos é emblemático, pois elas não são elegíveis à vacinação e seguem não só em risco de infecção (ou reinfecção), mas também como potenciais agentes disseminadores do vírus, infelizmente devido à negligência do Governo Federal”, analisou Jesem, informando que “que países como Argentina, Chile e Bolívia, por exemplo, já estão vacinando esse grupo etário há semanas, prevenindo não só infecção e adoecimento, como também contribuindo para o controle da epidemia”, completou.

Culpa

Jesem Orellana disse que não se pode “culpar” apenas a população pelo crescimento significativo de novos casos de Covid-19 no Amazonas. “E sim a trágica combinação de autoridades sanitárias negligentes e população negligente”, frisou.

Perguntado se é possível acreditar que ainda há falta de informação por parte da população em quase dois anos de pandemia, o pesquisador da Fiocruz Amazônia ressaltou que há um excesso de informação. “Mas boa parte falsa e isso gera muita confusão na cabeça das pessoas, principalmente quando se nota, de um lado, o Governo do Amazonas permitindo shows com dezenas de milhares de pessoas e fazendo pouco em termos de fiscalização das aglomerações, assim como, de outro, o presidente Bolsonaro minimizando os trágicos efeitos da epidemia e denegrindo a ciência, as vacinas e o uso de máscaras, por exemplo”, finalizou o epidemiologista.

Até ontem (28), a FVS havia contabilizado 433.454 casos da doença no estado e 13.832 mortes.

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