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Amazonas

Morte de botos avança por outro lago do Amazonas; mais 70 carcaças são encontradas

Ainda não é possível determinar as causas das novas mortes no lago Coari. A suspeita é que seja em função das altas temperaturas registradas na água.

Pesquisadores do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, no Amazonas, encontraram mais 70 carcaças de botos e botos tucuxis, desta vez no lago Coari, no município de mesmo nome, a 363 quilômetros de Manaus. O novo número se soma a outras 154 carcaças de botos e tucuxis encontradas no município vizinho, Tefé (AM), em meio à seca histórica que atinge a Amazônia.

Os tucuxis são menores que os botos. Um boto pode atingir até 2,55 metros, enquanto um tucuxi não passa de 1,5 metro. Outra diferençaestá na alimentação: o tucuxi se alimenta de peixes menores e de cardumes, enquanto o boto se alimenta dos peixes maiores.

Líder do Grupo de Pesquisa em Mamíferos Aquáticos Amazônicos do Instituto Mamirauá, a oceanógrafa Miriam Marmontel afirmou ao Estadão que há suspeita de que as mortes de botos e botos tucuxis estejam mais disseminadas na região.

“Neste caso, dependemos um pouco da colaboração da população local para enviar informações e fotos para que, se necessário, possamos também dar apoio em outros locais. Estamos finalizando parcerias para fazer sobrevoo em lagos do entorno de Coari para verificar a presença de carcaças”, disse.

Segundo ela, ainda não é possível determinar as causas das novas mortes no lago Coari, mas a suspeita é que seja um desdobramento do mesmo evento registrado no lago Tefé, em função das altas temperaturas registradas na água. Apesar disso, ela ressalta haver diferenças entre as duas ocorrências.

“Vários animais morreram, mas em Coari são poucos por dia. Nunca houve o boom de Tefé (19 mortes e depois 70). Nos dois locais, são botos e tucuxis, mas em Coari, ⅔ são tucuxis, ao contrário de Tefé, onde a maior mortandade ocorreu com botos”, afirmou.

Outro ponto divergente entre os locais é a temperatura da água em Coari, que não foi registrada pelos pesquisadores acima dos 40 °C, como foi visto em Tefé. “Mas não monitoramos o evento desde o início, como em Tefé. Entretanto, em Coari existe a mesma dramática amplitude de variação de temperatura, cerca de 10 °C ao dia”, comentou.

Para além da temperatura, outra hipótese menos provável é que as mortes possam ter a ver com a maior proliferação registrada da alga Euglena Sanguinea nos lagos de Tefé e Coari, que tem potencial ictiotóxico e pode causar morte de peixes.

No entanto, segundo boletim do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que também acompanha o caso, ainda não há evidências de que as toxinas da alga estejam relacionadas às mortes.

“Continuamos aguardando a finalização das análises das amostras de Tefé, encaminharemos material adicional de Coari aos parceiros para termos ideia da situação em geral, dado que são duas localidades sofrendo o mesmo evento único de mortalidade de golfinhos de rio amazônicos”, explicou a oceanógrafa do Instituto Mamirauá.

O lago Tefé, formado pelo rio de mesmo nome, é um afluente da margem direita do rio Solimões, um dos principais corredores aquáticos do Amazonas. De acordo com dados da Praticagem Ocidental dos Rios da Amazônia (Proa), o nível do rio Solimões em Tabatinga (AM), município brasileiro na fronteira com Peru e Colômbia, subiu 49 centímetros nos últimos três dias, até sexta-feira, 10. A recuperação do nível da água já é considerada como o fim da estiagem deste ano.

As informações são do jornal Estado de São Paulo.

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