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Amazonas

Moradores de Manaus veem ar poluído como pior problema ambiental, aposta pesquisa

Pesquisa de opinião realizada pelo Ipec revelou percepção pública sobre qualidade do meio ambiente; o calor excessivo foi apontado como principal impacto da mudança climática.

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Os manauaras consideraram a poluição do ar, queimadas e desmatamento como os principais problemas ambientais que mais afetam a cidade. A constatação faz parte de uma sondagem, realizada pelo instituto Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec), que entrevistou 3.500 moradores das dez capitais mais populosas, e a poluição atmosférica, foi mencionada por 52% dos entrevistados como a reclamação mais comum na pesquisa de opinião publicada no jornal O Globo.

Apesar ter sido toda colhida em áreas urbanas/metropolitanas, a pesquisa sobre a percepção de precariedade ambiental varia conforme o lugar. Em Recife (PE), por exemplo, o maior problema segundo seus habitantes é a poluição de rios e mares, enquanto em Salvador (BA), a poluição sonora encabeça a lista.

A pesquisa foi encomendada ao Ipec pelo Institututo Cidades Sustentáveis, com o objetivo de subsidiar governos municipais com informações para políticas públicas de meio ambiente.

— Em cada lugar, o cenário local tem diferentes destaques. No Rio de Janeiro, onde a poluição do ar foi mencionada por 41%, problemas de abastecimento de água ficaram em segundo lugar, com 30%, o que chama a atenção — diz Igor Pantoja, coordenador de relações institucionais da entidade.

Porto Alegre, segundo o Ipec, é uma cidade que divergiu da média porque considerou os problemas de gestão hídrica aqueles que mais afetam a população na área ambiental, com 60% dos moradores citando este como o item mais importante. A cidade sofreu inundações de grande escala em 2024.

As duas capitais amazônicas incluídas na pesquisa, Manaus (AM) e Belém (PA), aparecem de maneira distinta. Enquanto os manauaras consideraram poluição do ar, queimadas e desmatamento entre os três principais itens, os belenenses colocaram como maiores preocupações a falta de saneamento, a coleta deficitária de lixo e a poluição sonora.

Nos números nacionais, esse problema caracterizado pela onipresença de ruído excessivo também se destacou, tendo sido o segundo item mais mencionado em média, citada por 34% das pessoas. (Na pesquisa as somas dos itens não completam uma cifra de 100% porque cada entrevistado pode incluir mais de um na resposta.)

A sondagem do Ipec também teve como objetivo entender quais são considerados os principais desafios advindos da mudança climática para a população.

Em 9 das 10 cidades pesquisadas, o calor excessivo encabeça a lista. Só na capital gaúcha, as enchentes foram apontadas como principal impacto da crise do clima.

O problema econômico mais citado como consequência do aquecimento global foi o da inflação no preço dos alimentos, que é preocupação para 11% dos entrevistados.

Segundo Pantoja, a pesquisa do Ipec desfez um pouco a noção de que as mudanças climáticas são um tema pouco relevante para gestões municipais.

— Essa percepção já existe, em certa medida. Quando a gente pergunta se o município tem responsabilidade no tema, mais de 80% das pessoas dizem que sim. Se a gente pergunta qual a principal ação que o município pode tomar, as pessoas escolhem um item — afirma. — Eu acho que existe, sim, uma crescente conscientização.

Resultado por cidade

As maiores preocupações ambientais de cada capital pesquisada

São Paulo (SP): Poluição do ar
Rio de Janeiro (RJ): Poluição do ar
Belo Horizonte (MG): Poluição do ar
Fortaleza (CE): Poluição do ar
Manaus (AM): Poluição do ar
Porto Alegre (RS): Enchentes/alagamentos
Salvador (BA): Poluição sonora
Recife (PE): Poluição dos rios/mares
Belém (PA): Sistema de esgoto
Goiânia (GO): Falta de coleta seletiva de lixo

Os entrevistadores do Ipec também perguntaram aos moradores que ações podem ser tomadas por prefeituras para combater a mudança climática. A medida sugerida que mais recebeu menções (54%) foi a de “controlar o desmatamento e a ocupação das áreas de manancial”.

Em segundo lugar, mencionados por 52%, ficaram outras três: “reduzir a utilização de combustíveis fósseis no transporte público”, “ampliar as áreas de preservação ambiental” e “promover a destinação adequada dos resíduos sólidos”.

Para Pantoja, o resultado do levantamento é sinal de que os temas ambientais precisam ser mais debatidos nos processo político e nas eleições em escala local e regional.

— Falta pensar em como efetivamente transformar essa ideia que as pessoas têm sobre meio ambiente em ações e em políticas públicas — diz Pantoja. — Talvez o caminho seja valorizar mais os políticos que tenham esse compromisso.


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