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Amazonas

Ministério Público instaura inquérito para apurar falta de emissão de carteira PCD no interior do Amazonas

Promotor diz que pelo ritmo de emissão das carteiras, Sejusc levará até 46 anos para atender mais de 58 mil pessoas com deficiência no AM

Promotor de Justiça pontuou o não cumprimento de recomendações por parte da Sejusc – Foto: Raine Luiz/ Sejusc

O Ministério Público do Amazonas (MP-AM) instaurou Inquérito Civil contra o Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc), para “apurar a falta de interiorização do atendimento, do recebimento, do processamento e da entrega dos pedidos de cadastro de Pessoas com Deficiência (PCD) para a expedição da Carteira de Identificação para a Pessoa com Deficiência (CIPcD), no interior do estado”.
A determinação foi assinada pelo promotor Vitor Fonseca, da 42ª Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos Humanos da Pessoa Idosa e da Pessoa com Deficiência (PRODHID), e publicada no Diário Oficial do MP-AM na edição do último dia 15 de fevereiro.

Em seu despacho, o promotor leva em consideração o desdobramento do Procedimento Administrativo n.
09.2020.00001027-2, instaurado para acompanhar a implementação pelo Governo do Amazonas da Carteira de Identificação da Pessoa com Deficiência e a falta de cumprimento da Sejusc ante às recomendações expedidas pelo MP. A constatação, segundo o promotor em despacho, obtidas nas primeiras apurações, é de que até o dia  05/08/2020, a Carteira de Identificação dos PCDS, prevista na Lei n. 241/2015, não estava sendo entregue no interior, não sendo expedido nenhum documento de identificação até aquele momento.

Segundo o despacho do promotor, considerando a omissão da secretaria, foi expedida a Recomendação Nº
0002/2021/42PJ, em 07/10/2021, para o cumprimento integral do estabelecido no art. 110 da Lei Estadual n.
241/2015, especialmente o atendimento, o recebimento e o processamento do pedido de cadastro da Carteira de Identificação para a Pessoa com Deficiência por pessoas com deficiência residentes no interior do Estado do Amazonas, no prazo de 90 dias.

O promotor Vitor relata no despacho de instauração de inquérito que em resposta à recomendação expedida, a
SEJUSC respondeu por e-mail no dia 09/02/2022, “a interiorização da Carteira de Identificação da Pessoa com Deficiência ainda não foi implementada pelos seguintes motivos: a) pandemia de COVID-19; b) histórica enchente do Rio Negro de 2021; c) escassez de recursos; d) limitada conexão com a rede de internet”.

Ritmo lento
O promotor de Justiça salienta que a velocidade em que as carteiras dos PCDs são emitidas atualmente pela Sejusc, a contemplação de aproximadamente 58 mil pessoas com deficiência no Amazonas se daria em 46 anos.
“Considerando que até o dia 27/05/2021, foram emitidas 947 (novecentas e quarenta e sete) carteiras, mas que, segundo estimativa do IBGE do Censo 2010, o Estado do Amazonas tem 58.366 pessoas com alguma deficiência e que, a depender da velocidade com que as carteiras de identificação estão sendo emitidas pela Sejusc, demorará mais de 46 (quarenta e seis) anos para que todas as carteiras sejam entregues às PCDs do interior do Estado do Amazonas”, decidiu o promotor.

Vitor Fonseca reitera que a Sejusc apresentou nos autos um cronograma de emissão de carteiras de PCDs no interior a partir de março/2021, mas a programação não foi cumprida, e a Sejusc só entrega a carteira em Manaus.

“Considerando a dupla vulnerabilidade inerente às pessoas com deficiências residentes no interior do Estado, pois além da deficiência em si, essas pessoas, distantes da capital e de vários recursos e de serviços de atendimento do Estado, estão sendo desprovidas de seu direito a ter a Carteira de Identificação como PCD, pois a carteira está sendo entregue apenas em Manaus”, finaliza o promotor de Justiça.

O 18 Horas/Rádio Mix FM aguarda posicionamento da Sejusc.

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