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Amazonas

Megagarimpo no rio Madeira, no Amazonas, dá sinal de que começa a se dispersar com medo de fiscalização, informa jornal

Segundo relatos obtidos pela Folha, já não há mais as grandes linhas de balsas no município de Autazes, a 110 quilômetros ao Sul de Manaus.

Várias balsas estão na calha do Madeira, em Autazes – Foto: Silas Laurentino/reprodução BDC Notícias

O jornal Folha de S. Paulo informou, nesta sexta-feira, que, assustados com a repercussão das imagens de centenas de balsas ilegais concentradas em um trecho do rio Madeira, na comunidade de Rosarinho, no município de Autazes (AM) importante afluente do rio Amazonas, os garimpeiros começaram a se dispersar nas últimas horas para fugir da fiscalização anunciada pelo governo federal.

Segundo relatos obtidos pela Folha, já não há mais as grandes linhas de balsas no município de Autazes, a 110 quilômetros ao Sul de Manaus em linha reta, registradas no início desta semana. Na manhã da sexta-feira (26), cerca de 30 já estavam diante da cidade vizinha de Nova Olinda do Norte (AM), município vizinho, também banhado pelo rio Madeira.

O garimpo de balsas é ilegal, mas existe há décadas no rio Madeira e emprega principalmente os ribeirinhos da região. A concentração em Autazes se deveu ao surgimento de uma “fofoca”, quando é encontrada grande quantidade de ouro, provocando uma corrida até o local. Esse tipo de concentração é recorrente na região da operação.

Os garimpos e a mineração ilegais na Amazônia ganharam novo impulso desde 2019, estimulados pelas promessas de legalização do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e pela alta no preço do ouro.

Foto aérea de movimentação de dragas para mineração no rio Madeira – Bruno Kelly/Reuters
Na Terra Indígena (TI) Yanomami, em Roraima, o aumento na presença de garimpeiros acentuou a grave crise de saúde. No Pará, a utilização de escavadeiras (PCs) tem destruído dezenas de margens de rios e igarapés, além de gerar conflitos e violência. Em ambos os casos, a fiscalização tem sido ineficaz para conter o aumento desse crime.

No rio Madeira, já houve algumas tentativas de regularização no Amazonas, que travam na falta de coordenação entre os governos estadual e federal e na pouca estrutura dos órgãos ambientais para licenciar e fiscalizar.

Em 2017, garimpeiros revoltados com a destruição de balsas que atuavam dentro de unidades de conservação, incendiaram as sedes e os carros do Ibama e do ICMBio em Humaitá, no sul do Amazonas e também às margens do Madeira.

Em janeiro, o governo de Rondônia regulamentou o garimpo no rio Madeira, mediante licença ambiental em várias etapas. Mas na prática poucas balsas e dragas (com mais estrutura e poder destrutivo) operam no rio de forma regular.