Amazonas
Governador do Amazonas mantém área de Inteligência da polícia sem titular há duas semanas
Especialista pergunta qual o interesse de o Estado não ter setor de Inteligência organizado.
O governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), mantém a Secretaria Executiva Adjunta de Inteligência do Amazonas (Seai) sem um titular oficialmente nomeado. No último dia 9, o então secretário da pasta, o delegado Samir Freire, foi preso, em uma operação do Ministério Público do Estado (MP-AM) com a Polícia Federa (PF), acusado de liderar um esquema de roubo de ouro irregular de garimpeiros.
Samir Freire foi exonerado, após ser acusado de roubar 60 quilos de ouro, avaliados em R$ 18 milhões. Até a edição do último dia 19, não havia registro de nomeação de um novo secretário no Diário Oficial do Estado (DOE), deixando acéfalo o setor de inteligência da Polícia Civil, um dos mais importantes no combate ao crime organizado.
O professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP) e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Rafael Alcadipani, disse que “é no mínimo estranho” o fato do governador Wilson Lima demorar tanto para anunciar um novo titular para a pasta. “Quando a gente não tem a presença de um titular nesta área, isso mostra a total despreocupação do governo estadual com a questão da inteligência”, afirmou.
A Seai é o órgão da Polícia do Amazonas responsável por grandes operações que resultaram na prisão de líderes de organizações criminosas e na apreensão de grande quantidade de drogas ilegais. É responsável por trabalhos estratégicos, como o mapeamento criminal e a elaboração de relatórios que direcionam ações de segurança pública. O foco é o combate ao tráfico de drogas e outros crimes, como a pirataria, com o uso de embarcações táticas, drones, câmeras termais, telefone satelital, além de outros equipamentos de inteligência. Foi criada pela Lei Delegada 63, de maio de 2007.
Homem de confiança do governador Wilson Lima, o delegado Samir Freire foi preso, junto com outros envolvidos no esquema de roubo de ouro, na Operação Garimpo Urbano, deflagrada para coibir a ação de agentes públicos ligados à Segurança Pública do Estado, “envolvidos na subtração de ouro, mediante graves ameaças dirigidas aos transportadores do referido metal”.
Para o professor Rafael Alcadipani, chama muito atenção o fato de não haver um titular ocupando a Seai, na medida que a inteligência “ é central para ter uma política de segurança pública que vá combater de fato o crime organizado. “Até, aliás, dá para se especular sobre qual o interesse de não se ter isso organizado no Estado do Amazonas”, disse.
Segundo Alcadipani, a Secretaria de Segurança Pública deveria “ter um cérebro”, o seu setor de inteligência , atuante. Ele destaca que “o Amazonas é um dos estados centrais para qualquer política pública séria no Brasil”.
“É um dos estados onde se tem região de fronteira com diversos países produtores de cocaína; temos aí a questão de garimpo, que é uma questão extremamente séria, além de falar da preservação da selva amazônica, que a gente sabe que muitas quadrilhas atuam. Ou seja, o que não falta no Amazonas é o crime organizado, é quadrilha especializada que precisa ser combatida”, disse.
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