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Amazonas

Gabinete de desembargador do AM suspeito de fraude de quase R$ 150 milhões da Eletrobras é alvo de buscas pela PF

Operação ocorre na manhã desta segunda-feira (24), dias após o afastamento cautelar do desembargador Elci Simões e do juiz Jean Pimentel, determinado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Uma operação da superintendência da Polícia Federal de Brasília (PF), com apoio de agentes no Amazonas, foi realizada na manhã desta segunda-feira (24), com a realização de mandados de busca e apreensão no gabinete do desembargador Elci Simões, dentro do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), zona Centro Sul de Manaus. Ele e o juiz Jean Pimentel foram afastados das funções pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), na última sexta-feira (21), por supostas irregularidades na emissão de documentos que possibilitaram a retirada de quase R$ 150 milhões da Eletrobras.

De acordo com o site g1, os agentes da Polícia Federal e do Conselho Nacional de Justiça chegaram à sede do TJAM vestidos à paisana.

Desde o afastamento de Elci, o gabinete foi interditado por determinação do CNJ e os magistrados estão proibidos de acessar os locais. Na sexta-feira, uma foto tirada da porta do escritório mostrava faixas e um papel impresso informando sobre a interdição.

Afastamento de juiz e desembargador

Segundo o CNJ, o afastamento de ambos foi decidido com base em uma denúncia formal contra os magistrados. A Eletrobras (Centrais Elétricas Brasileiras S.A.) alegou que eles podem ter cometido irregularidades, como autorizar documentos que possibilitaram a retirada de quase R$ 150 milhões da empresa.

A autorização do documento em questão é uma execução de título extrajudicial aberta em 2021 por um homem identificado como Bruno Eduardo Thomé de Souza, que afirma ter direito a títulos de créditos emitidos pela Eletrobrás em 1966. A empresa contesta e alega fraude na decisão. O g1 tenta localizar a defesa de Bruno.

O CNJ ressaltou que a decisão foi tomada devido à rapidez excessiva no processo contra a Eletrobras, que não condizia com o volume de trabalho da Vara Única. Para o ministro Campbell Marques, o juiz agiu sem a devida cautela ao avaliar a validade dos documentos, seu conteúdo e a legitimidade dos beneficiários.

“O comportamento dos envolvidos causa sérios danos à imagem do Poder Judiciário do Amazonas, principalmente por sugerir possíveis violações da imparcialidade e igualdade que devem ser garantidas aos julgadores. Por isso, o afastamento cautelar dos magistrados é essencial”, afirmou o ministro.

A Corregedoria Nacional também ordenou o bloqueio dos acessos dos dois magistrados aos sistemas do Tjam. Além disso, os equipamentos de trabalho do desembargador e do juiz da titular da Vara Única da Comarca de Presidente Figueiredo foram lacrados para perícia e coleta de dados, com o objetivo de dar continuidade à investigação da reclamação disciplinar.

De acordo com o CNJ, os magistrados têm cinco dias para se manifestarem. A reclamação disciplinar tramita em sigilo.

Por meio de nota, o juiz Jean Carlos Pimentel dos Santos afirmou ter ‘atuado em conformidade com determinações provenientes de instância superior. O magistrado também diz que o valor de R$ 150 milhões, prejuízo alegado pela Eletrobras, já retornou à conta judicial após determinação feita por ele próprio, no dia seguinte a decisão em desfavor da empresa.

Jean também afirma que, atualmente, a Eletrobras ‘busca utilizar o CNJ para questionar no âmbito administrativo decisões já transitadas em julgado’, e reafirmou seu compromisso com a transparência da atuação judicial.

O g1 tenta contato com a Eletrobras e a defesa de Elci Simões, mas até a atualização mais recente desta reportagem, não houve manifestação das partes.


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