Amazonas
Folha de S. Paulo diz que resultados de Wilson Lima na Segurança Pública são “calamitosos”
Segundo o jornal, em editorial, “apesar do cenário desolador, o governador Wilson Lima não dá sinais de que mudará de rumo.
Em editorial com o título ‘Estado Policial’, o jornal Folha de S. Paulo disse que os resultados da gestão do governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), na área de Segurança Pública são calamitosos e que “a população amazonense não deixa de padecer com a ousadia do crime organizado”.
Segundo o jornal, “apesar do cenário desolador, o governador Wilson Lima não dá sinais de que mudará de rumo. O Amazonas está refém, pois, de uma nefasta união de ideologia e corporativismo que resulta em péssima política pública”.
A Folha diz que “a onda conservadora que levou Jair Bolsonaro ao Planalto em 2018 também elegeu governadores e parlamentares defensores do endurecimento da ação policial e de interesses das corporações da segurança pública”. E, ainda: “O Amazonas constitui hoje um exemplo de quão deletéria pode ser essa combinação”.
O jornal diz que o governador é “neófito na política e à frente do estado graças à popularidade como apresentador de um programa de TV policialesco”.
Diz que, “em dois anos e meio, a Polícia Militar amazonense já protagonizou três chacinas.
E lembra que, além dos casos de violência extrema, há envolvimento em episódios rumorosos, como o roubo, em maio, de 500 quilos de maconha para redistribuição.
Diz também que, no início do mês, o secretário-executivo de Inteligência, o delegado da Polícia Civil Samir Freire, foi preso por rastrear e se apropriar de ouro de garimpo usando a máquina pública. Segundo investigações, ele e sua equipe monitoravam as vítimas com o Guardião, equipamento sofisticado que grava conversas telefônicas.
“Enquanto isso, a população amazonense não deixa de padecer com a ousadia do crime organizado. Em junho, numa inédita demonstração de força, o Comando Vermelho incendiou e depredou ônibus, prédios públicos e viaturas em Manaus e em outras cidades”.
Segundo o jornal, “apesar do cenário desolador, o governador Wilson Lima não dá sinais de que mudará de rumo. O Amazonas está refém, pois, de uma nefasta união de ideologia e corporativismo que resulta em péssima política pública”.
Veja o editorial na íntegra:
Estado policial
A onda conservadora que levou Jair Bolsonaro ao Planalto em 2018 também elegeu governadores e parlamentares defensores do endurecimento da ação policial e de interesses das corporações da segurança pública. O Amazonas constitui hoje um exemplo de quão deletéria pode ser essa combinação.
Neófito na política e à frente do estado graças à popularidade como apresentador de um programa de TV policialesco, Wilson Lima (PSC) entregou as pastas de Segurança Pública e de Administração Penitenciária a coronéis da PM. Os resultados são calamitosos.
Em dois anos e meio, a Polícia Militar amazonense já protagonizou três chacinas. A primeira delas, ocorrida em 2019 em Manaus, deixou um saldo de 17 mortos — na operação mais letal de sua história.
Na segunda, em agosto de 2020, perto da cidade de Nova Olinda do Norte, registraram-se cinco mortos e três desaparecidos, em reação à morte de dois policiais. A truculência levou a Justiça Federal a determinar que a União adotasse medidas para proteger ribeirinhos e indígenas da ação dos agentes.
A mais recente matança aconteceu na cidade fronteiriça de Tabatinga, em junho, também após o assassinato de um policial. Familiares e testemunhas acusam a PM de ter matado seis jovens, dos quais três foram encontrados no lixão da cidade com sinais de tortura.
Além dos casos de violência extrema, há envolvimento em episódios rumorosos, como o roubo, em maio, de 500 quilos de maconha para redistribuição.
No início do mês, o secretário-executivo de Inteligência, o delegado da Polícia Civil Samir Freire, foi preso por rastrear e se apropriar de ouro de garimpo usando a máquina pública. Segundo investigações, ele e sua equipe monitoravam as vítimas com o Guardião, equipamento sofisticado que grava conversas telefônicas.
Enquanto isso, a população amazonense não deixa de padecer com a ousadia do crime organizado. Em junho, numa inédita demonstração de força, o Comando Vermelho incendiou e depredou ônibus, prédios públicos e viaturas em Manaus e em outras cidades.
Apesar do cenário desolador, o governador Wilson Lima não dá sinais de que mudará de rumo. O Amazonas está refém, pois, de uma nefasta união de ideologia e corporativismo que resulta em péssima política pública. Que ao menos sirva de alerta às outras unidades da Federação e à sociedade.
editoriais@grupofolha.com.br
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