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Amazonas

Escoamento de produtos da Zona Franca está comprometido e vazante ameaça chegada de alimentos, aponta presidente da Fieam

Algo precisa ser feito com urgência. O Estado deveria decretar estado de emergência e o governo federal liberar recursos para a dragagem do rio Madeira”, disse Antônio Silva à Rádio CBN.

“Já não conseguimos mais chegar com produtos na Zona Franca de Manaus (ZFM) para a produção e temos dificuldade para escoar o que estamos produzindo”, disse o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Antônio Silva, em entrevista à Rádio CBN. As informações são do site Gazeta do Povo.

O industrial considerou que o próximo grande impacto será a chegada de alimentos, comprometendo refeições diárias de centenas de milhares de pessoas. “Logo teremos problemas com abastecimento de alimentos. Algo precisa ser feito com urgência. O Estado deveria decretar estado de emergência e o governo federal liberar recursos para a dragagem do rio Madeira”, completou Silva, durante entrevista.

A estiagem diminuiu o nível dos rios, formando bancos de areia e piorando a navegação e seis de cada dez produtos que saem da Zona Franca de Manaus são escoados por rios. Entre eles estão eletrônicos, aparelhos de ar condicionado e televisores.

Sem chuvas no Norte e agravamento da seca, os principais canais de navegação seguem travando na região. Fabricantes e empresas que operam no escoamento de produtos lembram que, além do rio Madeira, a situação se repete nos rios Negro e Solimões. “Não temos como transportar. Hoje estamos preocupados com o industrial de Manaus, mas do jeito que está acontecendo, se as autoridades não tomarem providências, teremos em breve problemas ainda mais sérios”, alertou o presidente da Fieam.

Na entrevista à CBN, o empresário destacou que mercadorias que antes podiam ser entregues em até cinco dias estão levando de 20 a 25 dias para chegar ao destino. Isso vale para todos os insumos no modal de cabotagem. Nesta semana, o nível do rio Negro, em Manaus, chegou à sua 13ª pior vazão em 120 anos e a tendência é de piora. “A meteorologia revela que a seca vai continuar, só tende piorar”, completou.

Outro agravante que pode provocar aumento imediato nos preços é a chamada “taxa de seca” cobrada pelas empresas com profissionais conhecidos como práticos, que auxiliam na indicação de percurso e rota para que navios atraquem nas bacias. A Federação das Indústrias tem defendido medidas que possam regular o modal fluvial no período chamado de vazante.

Em períodos de cheia, os práticos cobram, em média, R$ 80 mil por embarcação, de acordo com o órgão. Com o secamento do canal, os valores dispararam para R$ 800 mil por navio, tornando a operação quase inviável. Em documento enviado à Marinha, a Fieam destacou que é preciso “promover o equilíbrio econômico aos usuários das hidrovias, coibindo a prática de preços abusivos pelos atores do sistema”.

O presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), Jorge Nascimento, alertou que, em alguns casos, há registro de aumento no transporte de cerca de 50% e que os efeitos só não devem ser ainda piores de imediato porque as empresas enviaram produtos antecipados para a Black Friday, que neste ano será no dia 24 de novembro.

Porém, reconheceu ele, se a seca se estender até o próximo mês pode haver risco de desabastecimento de produtos para o Natal e outras datas comemorativas.

A Eletros reforçou que, por enquanto, os produtores têm absorvido esse aumento no preço dos transportes, condição que pode não se estender por muito tempo.

Para o setor produtivo local, parte dos problemas estaria solucionada se a BR-319 – que liga Manaus a Porto Velho, depois Porto Velho a Cuiabá e a São Paulo – estivesse em melhores condições. A rodovia tem longos trechos com estrada de chão, dificultando o transporte e encarecendo o tráfego de caminhões. Com a dificuldade para navegação pelos rios e estradas sem asfalto, o que pode restar é o tráfego aéreo, mas as organizações alertam que o modal não vai dar conta da demanda e vai encarecer ainda mais a logística e, consequentemente, os produtos.

O diretor-executivo da Associação Brasileira de Armadores de Cabotagem (Abac), Luís Fernando Resano, considerou que mesmo que as empresas tenham feito estoques para o fim do ano, eles podem acabar rápido dependendo do volume aguardando comercialização.


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