Amazonas
Em pré-campanha eleitoral, governador do Amazonas agora diz que é contra reserva sustentável no interior do Estado
Em discurso na terça-feira (14/06), Wilson Lima disse que não permitirá a criação de reserva ambiental no Rio Manicoré, considerada fundamental para combater invasões e exploração ilegal de madeira no interior do Amazonas.
O governador do Amazonas, Wilson Lima (UB), afirmou, na terça-feira (14/6), que irá “até as últimas consequências” para impedir a criação de reserva de desenvolvimento sustentável (RDS) na região do Rio Manicoré. As informações são do site Metrópoles. A criação da RDS Rio Manicoré é considerada fundamental para combater invasões e exploração ilegal de madeira no interior do Amazonas.
De acordo com o Metropolis, Wilson Lima fez a declaração durante ato político no município de Manicoré. À plateia ele disse que é filho de garimpeiro, e que os avós deixaram o Nordeste para se estabelecer na Amazônia em busca de oportunidades de trabalho.
“Quem está aqui em Manicoré só quer ter a condição de trabalhar e sustentar sua família. Por isso, meus amigos, tem uma situação que eu faço questão de esclarecer aqui e que está acontecendo lá no Rio Manicoré. Tem gente dizendo, levantando a ideia, de que será criada uma reserva ali. Esqueça, porque não há a menor possibilidade de acontecer. Eu vou lutar contra quem quiser fazer isso. Eu vou até as últimas consequências”, disse Lima.
O discurso se contrapõe ao fato de que, no início deste ano, moradores do rio Manicoré tiveram um reforço na luta pela proteção do território com a Concessão de Direito Real de Uso (CDRU) dada pelo próprio governo do Estado à Central das Associações Agroextrativistas do Rio Manicoré (Caarim).
A assinatura da CDRU aconteceu no âmbito da Reunião Anual da Força-Tarefa de Governadores para Clima e Floresta, o GCF Task Force, e foi entregue pelo do governo do Amazonas, no dia 17 de março, em Manaus.
“Esse é um marco para as nossas UC (unidades de conservação). É por meio da CDRU que nós consolidamos a nossa principal aliança com as comunidades em prol da conservação das nossas florestas, pactuando os direitos e deveres de todos – Estado e povos tradicionais – para promover o desenvolvimento socioambiental de comunidades e a execução efetiva dos Planos de Gestão desses territórios”, disse Wilson Lima, em solenidade da Força-Tarefa.
A medida representa um passo importante para a criação de uma Unidade de Conservação (UC) no local, que vem sendo pleiteada há mais de 10 anos pelas lideranças locais.
O pedido para criar a unidade de conservação no Rio Manicoré existe desde 2008. A área, localizada no centro-oeste de Manicoré, tem mais de 392 mil hectares e engloba 15 comunidades, que totalizam uma população de 4 mil pessoas, segundo a ONG WWF.
Com a CRDU, a manutenção do modo de vida das comunidades do rio Manicoré e o combate a atividades ilegais, como invasões e desmatamento, fica fortalecida. No entanto, a criação de uma Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) ainda é urgente. O processo precisa ser reaberto pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Amazonas (Sema-AM).
“Essa CDRU é muito importante para o rio Manicoré, principalmente para aquele povo que esperava por ela há mais de 10 anos. Mas esse é o primeiro ponto da nossa caminhada. Com esse documento, vamos poder acessar linhas de crédito e outras coisas que são importantes, como aposentadoria, Pronaf A (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) e Pronaf B, além de executar diversos projetos de sustentabilidade no rio Manicoré”, afirmou, à época, a presidente da Caarim, Maria Cleia Delgado Campiana ao Observatório BR-319.
A área contemplada pela CDRU é a mesma região demarcada para criação da RDS Rio Manicoré, que deve ocupar 392.239 hectares em terras não destinadas das glebas estaduais Bom Futuro e Marmelos Atininga, além da gleba federal Juqui, na porção centro-oeste do município de Manicoré. No local, vivem, aproximadamente, quatro mil pessoas em 15 comunidades.
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