Em meio a denúncias e pedidos de CPI, governador do AM faz discurso para agradar deputados na Assembleia

No ano em que buscará votos para se manter na cadeira, o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), envolvido em denúncias de corrupção e ameaçado de CPI e pedidos de impeachment, buscou agradar os deputados estaduais, nesta terça-feira (01/02), na leitura de mensagem anual, na retomada das sessões da Assembleia Legislativa do Estado (ALE-AM).

O governador prometeu pagar todas as emendas parlamentares este ano e afirmou que a gestão dele foi a que mais pagou emendas parlamentares. “Assim que o orçamento estiver aberto para as emendas, os deputados já podem conversar com os seus assessores, tramitar para que a gente possa executar o mais rápido possível. Faço isso porque essas emendas vão ajudar lá na ponta. Onde vocês estão e onde nem sempre o governador consegue chegar”, disse o governador.

No orçamento deste ano, os deputados estaduais aprovaram 1.124 emendas parlamentares, entre impositivas individuais e de bancadas. No ano passado, o governo pagou R$ 117,3 milhões em emendas. Os cinco parlamentares com maiores valores de emendas pagas foram da base do governo: Roberto Cidade, o presidente da Casa (R$ 7,2 milhões); Fausto Jr. (R$ 6,8 milhões), Cabo Maciel (R$ 6,3 milhões) Felipe Souza (R$ 6,1 milhões) e Abdala Fraxe Junior (R$ 5,9 milhões).

Com a promessa e o pagamento das emendas, o governador praticamente agradeceu aos parlamentares de sua base por ser mantido no cargo mesmo após vários pedidos de impeachment que estão na gaveta da Mesa Diretora da Assembleia, em função da sua atuação no combate à pandemia e em consequência das acusações de corrupção no governo.

Tragédia

Wilson Lima não fez menção à tragédia sanitária da pandemia no Estado. Não se solidarizou com os familiares e amigos dos mortos. Não lembrou da falta de oxigênio hospitalar na rede pública de saúde que matou dezenas de pessoas no ano passado, nem das acusações criminais do Ministério Público Federal (MPF) que lhe tornaram réu no Superior Tribunal de Justiça (STJ), em 2021, acusado de comandar esquema de superfaturamento na compra de respiradores para pacientes de Covid-19 que sequer serviam para casos mais graves.

Administrando as maiores arrecadações de todos os tempos do Amazonas, Wilson Lima disse aos deputados e eleitores que fez “história. “O que nós enfrentamos no ano passado foi algo excepcional, mas enfrentamos a maior crise sanitária de todos os tempos, a maior enchente, mas também fizemos história, entregas históricas que mudaram e tem mudado esse estado. Diante dos acontecimentos há uma afirmação que deve ser feita e precisa ficar registrada. Todos os esforços possíveis foram realizados para minimizar as perdas, sobretudo de vidas. Vale ressaltar, que nenhum governador de Amazonas passou pelo que minha equipe e eu passamos e nunca nenhum deles viu todos os fatos pela perspectiva que nós vimos”, disse o governador.

“Quero fazer mais e melhor a cada dia. Aprendi muito ao longo desses três anos de mandato. Sou sem nenhuma dúvida um governador e sobretudo um homem completamente diferente daquele que assumiu em 1º de Janeiro de 2019. Durante este tempo vi muita coisa (…) Equivoquei, sim, algumas vezes, mas me reinventei, cresci infinitamente”, disse.

Na Educação, Wilson Lima afirmou que a gestão dele foi a que mais entregou Escola de Tempo Integral no Amazonas. De acordo com ele, foram entregues oito escolas deste tipo de 2019 a 2021, praticamente todas já contratadas de gestões anteriores. Ele também disse que pagou o “maior abono da história” aos professores da rede estadual de ensino, que tiveram os salários congelados por mais de dois anos e continuam reivindicando reposições devidas.

Wilson Lima ainda fez referência à parceira com o prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), em uma série de ações que, segundo ele, têm feito de forma conjunta, como o asfaltamento de ruas na capital, os mutirões de vacinação contra a Covid-19, reforma de feiras e o passe livre estudantil.

No final do discurso, o governador agradeceu o apoio dos parlamentares, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos secretários.

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