Amazonas
Deputado volta a alertar sobre contrato bilionário firmado pelo governo do Amazonas com OS para gerir Complexo Hospitalar Leste
Segundo Wilker Barreto, OS já foi alvo de investigações por irregularidades em Santa Catarina, Ceará e Rio de Janeiro. E tem histórico de ações por erro médico em unidades administradas pela no Sul do país e até operações policiais envolvendo seus gestores.

O deputado estadual Wilker Barreto (Mobiliza) voltou à tribuna da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), nesta terça-feira (21/10), para, segundo ele, reforçar seu alerta sobre o contrato firmado pelo Governo do Estado com a Organização Social Instituto de Desenvolvimento, Ensino e Assistência à Saúde (Ideas), escolhida para administrar o Complexo Hospitalar Leste, que reúne o Hospital e Pronto-Socorro João Lúcio e o Hospital da Criança da zona Leste (Joãozinho), em Manaus.
O contrato, segundo a Portaria nº 850/2025-GAB/SES/AM, foi firmado pelo valor de R$ 1,93 bilhão e vigência de 60 meses (cinco anos), com o primeiro repasse de R$ 31,6 milhões, segundo o deputado, já realizado no início de outubro. Para Wilker, “o cenário reforça a necessidade de uma fiscalização rigorosa por parte dos órgãos de controle”.
“Na pesquisa que fiz, o CNPJ desta OS (Organização Social) não é tão limpo para administrar a coisa pública”, afirmou. Segundo afirmou, o Instituto já foi alvo de investigações por irregularidades em Santa Catarina, Ceará e Rio de Janeiro. O parlamentar ressaltou que o histórico da organização é preocupante, “com mais de dez ações por erro médico em unidades administradas pela OS no Sul do país e até operações policiais envolvendo seus gestores”.
“Mães denunciam mortes e sequelas após negligência em hospital de Santa Catarina. Sabem qual é a instituição? IDEAS. São mais de dez ações de erro médico em Joinville e Criciúma. Eu pergunto: é isso que nós queremos para a saúde do Amazonas?”, questionou.
Também disse que a Controladoria-Geral da União (CGU) e o Tribunal de Contas de Santa Catarina (TCE-SC) “já identificaram relações ocultas entre sócios do Ideas e empresas contratadas pela própria OS com recursos públicos, o que reforça a gravidade das denúncias”.
O deputado também chamou atenção para o modelo de gestão adotado pelo Governo do Estado, que, disse, concede autonomia plena à OS para contratações, aquisições de equipamentos e definição de metas assistenciais. Segundo Wilker, esse formato transfere o poder público para um ente privado, com baixo controle externo e pouca transparência.
“O que mais me assombra é não ter caído uma gota de suor e o contrato ser assinado e já cair R$ 31 milhões na conta. Eles recebem na frente. Estou alertando aqui que eu não quero isso para o nosso Estado, eu quero que o Estado acerte”, disse.
O parlamentar afirmou que a legislação federal (Lei nº 13.019/2014) prevê mecanismos de transparência na execução de parcerias com organizações sociais e afirmou que “o Decreto Estadual nº 42.086/2020, que regulamenta o modelo no Amazonas, não obriga a publicação periódica de indicadores clínicos e financeiros, o que limita a fiscalização pela sociedade e pelo Parlamento”.
Wilker Barreto destacou o papel fiscalizador da Assembleia Legislativa e defendeu que a Comissão de Saúde da Casa adote providências para acompanhar de perto a execução do contrato com o Ideas. Segundo ele, é dever do Parlamento evitar que o modelo de terceirização da gestão hospitalar resulte em prejuízos ao erário e ao atendimento da população.
“A Assembleia Legislativa precisa tomar as devidas providências. Nós temos uma Comissão de Saúde que precisa urgentemente se posicionar”, cobrou.
O deputado informou que irá protocolar ofícios ao Tribunal de Contas do Estado (TCE-AM), ao Ministério Público de Contas (MPC-AM) e à CGU, solicitando uma auditoria preventiva e o acompanhamento minucioso da execução contratual, a fim de garantir a proteção dos recursos públicos e a qualidade do atendimento nas unidades de saúde da capital.
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