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Amazonas

Com medo de cassação, deputada pede desculpas por acusar colegas de vender votos no AM por R$ 200 mil

Em dezembro do ano passado, Joana Darc acusou 16 colegas de terem recebido dinheiro para votar no presidente Roberto Cidade (PV)

Deputada pediu desculpas dos parlamentares na assembleia

Com o filho recém-nascido nos braços, a deputada estadual do Amazonas Joana Darc (PL) foi à tribuna da Assembleia Legislativa (ALE-AM), nesta quarta-feira (16/06), pedir desculpas por ter feito, segundo ela própria, uma denúncia “injusta e leviana”, ao acusar 16 colegas deputados de receberem R$ 200 mil para votarem e elegerem o deputado Roberto Cidade (PV) presidente da Casa, em dezembro do ano passado.

Em consequência da acusação, a deputada enfrenta um processo de quebra de decoro parlamentar com pedido de cassação do mandato, no Conselho de Ética da Assembleia. Ele pediu que a acusação que fez contra os colegas fossem retiradas dos anais da Casa. “Eu me excedi e fui injusta. Hoje que sou mãe, eu não gostaria que meu filho ouvisse sobre mim algo que não fosse verdade. Talvez naquele momento, até questão da maturidade, por não ser mãe, eu não entendesse o que eu estaria atingindo na família de cada um”, afirmou.

Ela também se dirigiu ao presidente da Casa: “Deputado Roberto Cidade, eu quero falar olhando nos seus olhos dizendo que eu peço desculpas. Espero que isso seja, independente do que aconteça, uma página virada na história desse parlamento, porque nós somos amigos desde o início do mandato, assim como eu tenho uma relação de amizade com todos os colegas aqui na Assembleia”, disse.
“Não tive a oportunidade de vir aqui da mesma tribuna, pedir desculpas. Pedir que se retire, senhor presidente, e meus amigos deputados, que retire dos anais da assembleia as palavras que eu coloquei aqui nesta tribuna, de forma injusta e leviana”, disse a deputada na tribuna da ALE-AM, após comunicar o pedido de suspensão da licença-maternidade.

O deputado estadual Wilker Barreto (Podemos), autor do pedido de cassação da parlamentar, disse que acha válido pedir de desculpas quase sete meses depois das ofensas. “Mas isso não diminuiu o que é ferir o regimento. Eu sou o autor da denúncia. Todos nós temos uma coisa que não podemos perder: a credibilidade perante a opinião pública. Respeito, deputada Joana, a vossa maternidade. A Comissão de Ética vai se posicionar a respeito. O pedido de desculpas talvez não vire a rua Recife (avenida Mário Ypuranga) de alcance. Mas a calúnia contra esta Casa girou o Brasil”, disse Wilker.

O deputado Álvaro Campelo (PP) salientou que não compreende o motivo da deputada Joana ter acusado os 16 deputados de ter recebido os R$ 200 mil para eleger o deputado Roberto Cidade. “No calor da emoção a gente tem de ter equilíbrio, sensatez e maturidade, antes de proferir qualquer palavra, principalmente com colegas desta Casa. Porque a deputada falou se fosse chamada à Justiça, ela apresentaria essas provas, teria essas provas”, comentou o parlamentar.

O deputado Dermilson Chagas (Podemos) é o relator da Representação por Quebra de Decoro Parlamentar com Pedido de Cassação de Mandato da deputada Joana Darc na ALE-AM. Em abril, ele encaminhou ao gabinete do deputado Sinésio Campos, que é o presidente da Comissão Especial de Ética da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (ALE-AM), o Memorando nº 165/2021/GDDC/ALEAM, informando que estão suspensos todos os prazos e quaisquer procedimentos referentes aos trabalhos na relatoria da Representação, na qual a deputada Joana Darc (PL) é alvo.

“Em relação ao pedido de desculpas, temos de analisar o que a lei diz, que tipo de punição alcança a deputada.Como de fato, ela começa a refletir nos seus erros, mas a desculpa dela não tem a mesma proporção das acusações que ela fez. Quem vai determinar o alcance da punição é a lei que ali estabelece que tipo e o tempo que ela vai ser executada”, analisou Dermilson Chagas.

O deputado Serafim Corrêa (PSB) preferiu deixar a questão no passado e enfrentar a situação com os “olhos do perdão”. Ele reafirmou que o movimento que elegeu Cidade presidente foi uma revolta legítima do Parlamento contra a intromissão do Executivo, que preferia o nome de Alessandra Campêlo (MDB), hoje licenciada do cargo.


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