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Brasil

Falsificação de bebidas alcoólicas quase dobrou no primeiro trimestre, aponta Abrabe

As marcas mais visadas pelas quadrilhas são o gim Tanqueray e as vodcas Smirnoff e Absolut.

Mesma cor, mesmo rótulo, mesma garrafa, mas vendida por tentadores preços abaixo do mercado. Com o consumo crescente de bebidas alcoólicas, e preços também em alta – segundo o IBGE, de 7,4% nos últimos 12 meses – ofertas que chamam atenção são cada vez mais comuns, principalmente pela internet, mas que podem esconder produtos de baixa qualidade, contrabandeados ou até mesmo falsificados.

Um levantamento da Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe) encontrou 1,8 mil ofertas de bebidas ilegais em lojas virtuais e marketplaces. Mas o problema não fica restrito ao comércio virtual. Outros números compilados pela associação dão conta de que a falsificação de bebidas cresceu 98% nos primeiros três meses desse ano, quando comparado com o mesmo período do ano passado. Entre janeiro e março, 56,2 mil garrafas foram apreendidas, como adiantou o colunista do GLOBO Lauro Jardim.

Presidente-executiva da entidade, que representa fabricantes e importadores de alcóolicos, Cristiane Foja alerta que o principal indício de irregularidade é o preço abaixo do mercado. O levantamento da associação encontrou ofertas com até 75% mais baratas do que o preço normal, principalmente de bebidas destiladas, como uísque, gim e vodca.

“O comercio online tem suas vantagens, tanto que tem crescido cada vez mais no mercado, porém não há milagre”, afirma: Segundo ela, “criminosos aproveitam o entusiasmo dos consumidores pelos descontos para aplicar o golpe. Quando você acha uma oferta 70% abaixo do que é ofertado tradicionalmente, tem algo errado. Até porque a bebida alcoólica tem uma carga tributária alta. Então como dar um desconto tão alto?”

À frente da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRPCIM), o delegado Pedro Bittencourt Brasil explica que, no Rio, as marcas mais visadas pelas quadrilhas são o gim Tanqueray e as vodcas Smirnoff e Absolut.

O modus operandi é o seguinte: os criminosos compram garrafas de marcas mais conhecidas — e mais caras — de catadores ou recolhem os vasilhames com os próprios clientes e colocam nas embalagens produtos mais baratos e de baixa qualidade.

“Isso é muito perigoso porque, além de a bebida ser adulterada, não há uma devida higienização. No caso das cervejas, eles compram uma marca barata e trocam as tampas e os rótulos pelos de marcas conhecidas”, explica o delegado.

No levantamento, a associação também encontrou cerca de 400 ofertas de garrafas vazias de bebidas famosas numa única plataforma de marketplace. O nome do site não foi divulgado.
Cristiane explica ainda que quando se fala em bebida ilegal não há distinção entre bebidas adulteradas, com insumos originais trocados por outras substâncias, ou descaminhadas, ou seja, que entraram no país sem que os tributos necessários fossem recolhidos.

Como identificar

-Oferta boa demais? Preços muito abaixo do mercado podem ser um sinal de que, na verdade, a bebida não é de boa procedência
-Atenção redobrada: Se for comprar pela internet, fique atento aos canais de fornecimento. Procure plataformas confiáveis, reconhecidas pela venda de produtos originais, com boas avaliações e reputação consolidada. Outro ponto é exigir sempre a nota fiscal.
– Garrafa em bom estado: Ao comprar o produto presencialmente ou quando recebê-lo em casa, observe a embalagem. Compare com outras garrafas do produto, se tiver em casa, e verifique a vedação. Se é um vinho, veja se a rolha está em bom estado. No caso de outras bebidas, como destilados, confira se a garrafa está lacrada.
– Rótulo: Além da embalagem em si, o rótulo também deve ser analisado. Há avarias? Desconfie. Já no contrarrótulo, na parte traseira, as informações devem estar em português, como determina a lei que regulamenta o a padronização de bebidas. Também é importante encontrar o número de registro do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).


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