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Em recado a Lula, presidente da Colômbia fala em negacionismo de esquerda e pede fim do petróleo

Presidente Gustavo Petro, da Colômbia, voltou a defender o fim da exploração de petróleo na região.

Lula e Gustavo Petro. (Foto:Reprodução)

“Vamos falar dos dissensos, pois os consensos já estão escritos.” Com essa frase de abertura, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, fez duras críticas à exploração de combustíveis fósseis em discurso na Cúpula da Amazônia.

Petro voltou a defender o fim da exploração de petróleo na região. O país tentou emplacar essa meta na Declaração de Belém, mas o texto deixou de fora qualquer menção a combustíveis fósseis.

“Há um enorme conflito ético, sobretudo por forças progressistas, que deveriam estar ao lado da ciência”, afirmou, em referência ao consenso científico sobre a crise climática.

“[Os governos de] direita têm um fácil escape, que é o negacionismo. Negam a ciência. Para os progressistas, é muito difícil. Gera então outro tipo de negacionismo: falar em transições”, afirmou, em referência ao frequente termo usado por governos para justificar a continuidade dos investimentos em energias de fontes fósseis.

Mais cedo, em seu discurso na Cúpula, Lula mencionou a transição ecológica como uma oportunidade para a Amazônia mudar seu lugar atual de fornecedora de matérias-primas para o mundo.

Na negociação da Declaração de Belém, o Brasil conseguiu focar o compromisso ambiental apenas no setor florestal, com menções sobre combate ao desmatamento e o objetivo de evitar o ponto de não retorno da floresta.

Para Petro, “cuidar da floresta de verdade não é só pensar em desmatamento”. Ele afirmou que, diante do aquecimento global, a floresta pode não conseguir “evitar o ponto de não retorno” –a expressão aparece quatro vezes no rascunho da Declaração de Belém, que deve ser assinada ao final do dia.

A crítica implica que a falta de compromissos com a redução de emissões de gases vindos dos combustíveis fósseis pode comprometer os objetivos declarados no texto.

Petro ainda criticou a cobrança de recursos financeiros aos países ricos, algo que Lula também reforçou em seu discurso. “Pedir que nos deem dinheiro não é suficiente. Essa é uma maneira retórica do Norte dizer que está fazendo algo. Se nós valorizarmos [a Amazônia], ela vale muito mais. Não é com presente do Norte que vamos fazer isso”, apontou, emendando uma proposta de reforma do sistema financeiro global.

“Podemos fazer um plano Marshall para gerar o motor econômico da revitalização da selva amazônica. Seria uma proposta importante”, sugeriu.

O que é a Cúpula

A Cúpula da Amazônia, que se estende até essa quarta, tem o objetivo inicial de discutir questões socioambientais entre os países amazônicos.

A ideia da realização da cúpula foi apresentada pelo então presidente eleito Lula em discurso feito no ano passado durante a COP27, em Sharm El-Sheikh, no Egito. Em abril deste ano, houve a concretização da ideia com o agendamento do evento.

A ideia é reunir os países-membros da OTCA. Além desses, outras nações também foram convidadas para o evento. O presidente francês, Emmanuel Macron, por exemplo, havia sido convidado para a cúpula (afinal, a Guiana Francesa tem em seu território —que é parte da França— parte da floresta amazônica), mas não virá ao encontro.

Oficialmente, o governo diz que a cúpula serve para fortalecer a OTCA e para a “definição de uma posição em comum pelos países em desenvolvimento que detêm reservas florestais”. Ao final do evento, é esperado a assinatura de um tratado conjunto.

Além de autoridades, nomes da sociedade civil têm atuado com propostas para embasar e direcionar as discussões na cúpula.


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