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Brasil e Bolívia lideram ranking de perda florestal, mostra pesquisa da Global Forest Watch

“Perda florestal” indica a remoção ou mortalidade da cobertura arbórea, não necessariamente por desmatamento.

A preservação da floresta Amazônica é um desafio para todos os oito países onde ela está circunscrita, mas Brasil e Bolívia lideram o ranking de perda florestal, tanto em números absolutos quanto proporcionais ao total de floresta em seus territórios.

Os dados dos últimos 20 anos de perda florestal colhidos pela Global Forest Watch indicam que a Bolívia é o país que mais perdeu cobertura florestal original no bioma, com 9,06% perdido entre 2002 e 2022, último ano com dados fechados. Na sequência está o Brasil, com 8,46%.

“Perda florestal” indica a remoção ou mortalidade da cobertura arbórea, não necessariamente por desmatamento. Essa perda pode estar relacionada a diversos fatores, como queimadas – legais e ilegais -, danos decorrentes de fenômenos naturais, entre outros.

“Brasil e Bolívia têm tido as maiores taxas de perda de floresta”, afirma Jefferson Ferreira-Ferreira, coordenador de ciência de dados do World Resources Institute Brasil (WRI Brasil), responsável pela plataforma Global Forest Watch. “A Bolívia tem uma dinâmica de desmatamento muito forte, com similaridade com o Brasil, de perda de floresta para agricultura e mineração”, informou.

A organização compilou os dados de uma colaboração entre a Universidade de Maryland, a Google, a USGS e a NASA, e usa imagens de satélite Landsat para mapear a perda de cobertura de árvores anual a uma resolução de 30 × 30 metros.

A Bolívia apresenta resultados negativos crescentes. No ano passado, o aumento foi de 32% em relação ao ano anterior, resultado que só ficou atrás, entre os países sul-americanos, do desempenho do Equador, com taxa de 68,49%.

A porção do território francês na América do Sul, a chamada Guiana Francesa, é o território com maior preservação, com perda de 0,72% do bioma nos últimos 20 anos.

Mas Ferreira destaca que a perda florestal no território francês está em aceleração. De 2021 para 2022, o aumento foi de 68,45%, a segunda pior da região, logo atrás do Equador. “Embora tenha um grande bloco de floresta conservada e com o desmatamento pequeno, dos menores em área absoluta, é claro que 68% é uma taxa grande”, afirma.

Na região, o destaque negativo recai sobre o Brasil por conta da área total perdida. “Não percentualmente, mas historicamente o Brasil é o que mais perde floresta em toda a Amazônia em área total”, afirma.

A média de floresta brasileira perdida de 2002 a 2022 é de 1,3 milhão de hectares por ano. Em 2022, esse total chegou a 1,69 milhão de hectares, o pior resultado desde 2017, que totalizou 1,96 milhão de hectares de floresta a menos que no ano anterior.

O cientista também fala da importância do engajamento dos governos não só na preservação da floresta, mas na transparência dos dados sobre sua conservação. “Em relação ao Brasil, a gente tem um sistema com várias iniciativas de outros setores da sociedade, além do sistema oficial, o que permite um bom nível de transparência”, afirma.

“Em alguns países isso se repete. Na Bolívia e Colômbia existe um bom grau de transparência, mas em alguns países isso ainda é meio obscuro, como na Venezuela”, aponta. “A gente ainda não vê muita iniciativa do governo para esse tipo de transparência. Mas felizmente a sociedade civil e a academia têm feito um bom trabalho de modo geral.”

Segundo o especialista, os dados apontam que os anos de El Niño favorecem a maior perda florestal por representarem clima mais seco e, com isso, mais propensão ao fogo. Mas, além disso, outras ações humanas também levam a uma maior perda em toda a região.

“O preço internacional da carne e outras commodities e a própria taxa de câmbio do dólar mostra influência na perda florestal. Isso aumenta o apetite para a produção em detrimento da floresta”, afirma Jefferson.


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