Amazonas
Em Parintins, presidente Lula minimiza ameaça contra sua vida: ‘Se tivesse medo, não era presidente’
Lula disse que “cachorro que ladra não morde”. “Se eu tivesse medo, eu não tinha nascido. Se eu tivesse medo, eu não era presidente da República.
O presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva (PT), afirmou hoje, em agenda em Parintins (AM), que não tem medo de ameaças e que pretende começar a usar carros abertos em agendas públicas. A PF prendeu ontem homem que ameaçou dar um tiro no petista.
Lula disse que “cachorro que ladra não morde”. “Se eu tivesse medo, eu não tinha nascido. Se eu tivesse medo, eu não era presidente da República. Eu aprendi com a minha mãe a não ter medo de cara feia”, afirmou.
“Vocês vão ler a notícia hoje, vocês vão ter notícia de que a Polícia Federal prendeu um cidadão em Santarém (PA) que disse que ia me matar hoje quando eu chagasse lá. Ele está preso. Há boatos de que em Belém também tem um cidadão que diz que ia matar. Se eu tivesse medo, eu não tinha nascido. Se eu tivesse medo, eu não era presidente da República. Eu aprendi com a minha mãe a não ter medo de cara feia. Cachorro que late não morde. Portanto, vou fazer deste país um país civilizado”, afirmou.
Presidente reclamou por andar em carros blindados. “Quando a gente é candidato, a gente anda de carro aberto, com os dentes arreganhados, sorrindo para vocês. Quando a gente ganha, colocam a gente dentro de um carro blindado com insulfilm e nem eu vejo vocês e nem vocês me veem. Então, eu quero pedir desculpas”, disse Lula.
Lula deu as declarações em evento na cidade amazonense para relançar o programa Luz Para Todos, que contou com a presença do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Segundo o governo, a política pública vai beneficiar até 500 mil famílias até 2026.
De acordo com o governo, o objetivo dessa nova fase do Luz para Todos é levar energia elétrica à população rural, em especial no Norte do país e em regiões remotas da Amazônia Legal.
Nesta nova etapa do programa, também poderão ser consideradas novas demandas por acesso à energia elétrica, inclusive de famílias de baixa renda que vivem em áreas urbanas, mas não têm acesso ao serviço.
O presidente recebeu homenagens dos bumbos Garantido e Caprichoso, que representam o folclore do município. A primeira-dama Janja Lula da Silva dançou durante a celebração.
Energia
A expectativa do governo é beneficiar até 500 mil famílias até 2026 com essa nova fase do Luz para Todos, que se pauta por diretrizes de combate à pobreza energética e também de valorização e respeito à cultura de povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais.
Desde o lançamento do programa, em 2003, segundo o governo, mais de 3,6 milhões de famílias foram atendidas com acesso ao serviço público de distribuição de energia elétrica. “Nessa nova etapa, o desafio é construir políticas de universalização do acesso e uso da energia elétrica ainda mais justas e inclusivas”, explicou o Planalto, em comunicado.
Também foi inaugurada a interligação de Parintins e Itacoatiara, no Amazonas, e Juruti, no Pará, ao Sistema Interligado Nacional (SIN), conhecida como Linhão de Tucuruí.
Os estudos para o projeto começaram em 2006 e, após atrasos, sua efetiva interligação foi licitada no Leilão de Transmissão em 2018, com investimento de R$ 1,76 bilhão. As linhas têm um total de 480 quilômetros de extensão, partindo de Oriximiná (PA), que também interliga o município de Juruti.
Antes da interligação de Parintins ao Linhão de Tucuruí, a cidade dependia de uma usina termelétrica movida a diesel, que consumia cerca de 45 milhões de litros desse combustível anualmente.
O presidente ainda assinou a ordem de serviço para as obras do Linhão Manaus-Boa Vista, que também interligará Roraima ao SIN. Serão investidos R$ 2,6 bilhões nas obras, com previsão de serem concluídas em setembro de 2025.
Roraima é o único estado isolado do sistema nacional. Os moradores de Boa Vista e cidades próximas dependem de usinas termelétricas movidas a óleo diesel, gás natural, biomassa e uma pequena central hidrelétrica.
Interligação sul-americana
Um outro decreto assinado por Lula, nesta sexta-feira, trata das possibilidades de intercâmbio de energia elétrica com países que fazem fronteira com o Brasil. Atualmente, o Brasil realiza intercâmbios internacionais com Argentina e Uruguai, além do Paraguai, por meio da Usina Hidrelétrica de Itaipu.
Ontem (3), em entrevista a rádios dos estados amazônicos, o presidente Lula também afirmou que vai recuperar a relação energética com a Venezuela. De 2001 a 2019, o estado de Roraima foi abastecido com a energia elétrica via Linhão de Guri, que ligava Boa Vista ao complexo hidrelétrico de Guri, em Puerto Ordaz. Após uma série de apagões no país vizinho, em 2019, o fornecimento foi interrompido e, desde então, Roraima é dependente de energia de termelétricas.
O texto prevê a possibilidade de importação de energia para atendimento aos sistemas isolados, com o objetivo de reduzir os gastos da Conta de Consumo de Combustível (CCC), que chegam a R$ 12 bilhões em 2023. Ela representa quase 35% da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE). A gradativa substituição do sistema acarreta redução nos custos da CCC, que é paga por todos os consumidores de energia elétrica do país, embutida nas contas de luz.
A decreto altera as competências do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), que deverá avaliar as propostas de importação apresentadas. Caberá ao CMSE deliberar sobre o preço, volume e eventuais diretrizes adicionais, avaliando os benefícios econômicos da importação e a preservação da segurança energética do sistema atendido.
Ainda, inclui como competência do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) definir orientações para o estabelecimento de políticas nacionais de integração do sistema elétrico e de integração eletroenergética com outros países.
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