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Economia

IPCA desacelera para 0,61% em abril; inflação acumula alta de 4,18% em 12 meses, diz IBGE

Apesar da perda de força em relação a março, índice veio acima do esperado pelo mercado e por especialistas; em 12 meses a inflação acumula alta de 4,18%.

O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) — índice oficial da inflação do país —, desacelerou para 0,61% em abril, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (12). Em março o IPCA marcou alta de 0,71% e de 1,06% em abril de 2022. Nos 12 meses até abril o índice acumula alta de 4,18% e de 2,72% nos primeiros quatro meses de 2023.

O mercado, segundo projeções da Reuters, esperava um avanço de 0,54% na base mensal e de desaceleração a 4,10% na anual. Especialistas ouvidos pela CNN também já projetavam desaceleração do IPCA, mas ainda acima da meta de inflação definida pelo Banco Central (BC) para o acumulado de 12 meses. A meta do governo para o IPCA é de 3,25%, com margem de 1,5 ponto porcentual para cima ou para baixo. Ou seja: o teto da meta é de 4,75% e o acumulado de 12 meses até abril converge para isso.

Segundo o IBGE, todos os nove grupos analisados, entre produtos e serviços, tiveram alta no mês de abril. O destaque ficou com Saúde e Cuidados Pessoais, que teve o maior impacto e a maior variação, de 0,19 ponto porcentual e 1,49%, respectivamente.

Segundo André Almeida, analista da pesquisa, a alta no setor foi puxada pelos preços de produtos farmacêuticos. “Isso é justificado pela autorização do reajuste de até 5,60% nos preços nos medicamentos, a partir de 31 de março”, explica ele, em nota do instituto.

Os planos de saúde também subiram 1,2% no mês passado. “Houve incorporação das frações mensais dos reajustes dos planos novos e antigos para o ciclo de 2022 a 2023”, disse. Os itens de higiene pessoal, por sua vez, desaceleraram de 0,76% em março para 0,56% em abril, como resultado da queda de 1,09% em perfumes.

O setor de Alimentação e Bebidas também contribuiu para o resultado do IPCA, acelerando de 0,05% para 0,71% em abril. Ele foi responsável por 0,15 ponto da alta do mês.

A principal alta veio do subgrupo de alimentação no domicílio, que, da deflação de 0,14% registrada no mês anterior, passou à alta de 0,73% em abril. A pesquisa destaca os preços do tomate (10,64%), do leite longa vida (4,96%) e do queijo (1,97%), e, entre os produtos em queda, são destaque a cebola (7,01%) e o óleo de soja (4,44%).

Já a alimentação fora do domicílio variou 0,66%, acima dos 0,6% em março. Lanches desaceleraram para 0,93%, ante 1,09%, enquanto refeições fizeram o caminho inverso e saltaram para 0,51%, de 0,41%.

Em Transportes, houve uma desaceleração a 0,56%, ante 2,11% em março — uma contribuição de 0,12 ponto para o resultado final do IPCA. “Contribuíram para esse resultado a queda de 0,44% dos combustíveis, que haviam registrado alta de 7,01% em março”, explica Almeida.

O etanol subiu 0,92%, enquanto o óleo diesel recuou 2,25%. O gás veicular caiu 0,83% e a gasolina, 0,52%.

As passagens aéreas subiram 11,97% em abril, após queda de 5,32% em março. As tarifas de metrô subiram 1,24%, pressionadas pelo reajuste de 6,15% no Rio de Janeiro. Já as de ônibus avançaram 1,11%, por influência dos aumentos de 15,75% em Fortaleza e 33,33% em Belo Horizonte.

Regiões

Todas as regiões do país registraram alta da inflação em abril. O IBGE destaca Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul (MS), que teve a maior variação (0,89%) por causa do aumento da energia elétrica residencial (6,11%).

A menor variação foi registrada em Recife (0,16%), com influência das quedas da gasolina (3,41%) e conserto de automóveis (2,51%).

Expectativas

Em sessão no Senado, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, afirmou que o país teria uma “surpresa” quanto aos dados do mês passado. Segundo ela, viriam um pouco abaixo da expectativa — o que não se concretizou no resultado do IBGE.

O BC segue atento às divulgações do indicador: a desinflação, em especial no horizonte de longo prazo, pode ditar as expectativas quanto à taxa Selic, que está em 13,75% ao ano desde agosto do ano passado.

A taxa de juros tem sido um dos principais pontos de tensão entre a autoridade monetária e o governo federal. Enquanto a ala econômica espera cortes na Selic, o BC trabalha com o chamado “sistema de metas”, que ancora as expectativas do mercado quanto ao comportamento da taxa inflacionária.

O resultado do acumulado de 12 meses — em 4,18% — mostra que a inflação vem convergindo para a meta do ano na casa dos 3,25%, com intervalo de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Para Alexandre Maluf, economista da XP Investimentos, o IPCA de 12 meses poderá atingir seu ponto mínimo em junho, ficando abaixo da marca de 4% – segundo a projeção da XP, pode ser de 3,9%.

Mas, segundo ele, isso não significa que o índice fechará o ano dentro da meta. “Vemos uma aceleração durante o segundo semestre da inflação, por conta do efeito base das medidas que foram anunciadas no ano passado durante o governo Bolsonaro para a redução de bens administrados, como gasolina e energia elétrica. Teve tanto o PLP 18 que reduziu o ICMS sobre esses bens, quanto desonerações federais sob Pis e Cofins”, explica.

O economista acrescenta que isso leva a variação do IPCA de 12 meses para baixo, até junho, com provável reaceleração forte no segundo semestre, encerrando o ano em 6,2% no IPCA – 2,68 pontos percentuais acima da meta. “É consensual no mercado que haverá essa alta no segundo semestre e que a inflação deve fechar o ano acima da meta”, diz Maluf.


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