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Economia

Juros do cartão de crédito atingem 430,5% ao ano em março, maior taxa em seis anos, diz BC

Relatório de política monetária divulgado nesta quarta-feira (26) mostra que, em média, os juros cobrados pelos bancos foi de 44,3% ao ano em março.

Os juros cobrados pelas instituições financeiras nas operações com cartão de crédito subiram para 430,5% ao ano em março na comparação entre fevereiro (417,4%). Este é o maior patamar do últimos seis anos: em agosto de 2017, o chamado juro do rotativo estava em 428% ao ano. Os dados foram divulgados na manhã desta quarta-feira (26), pelo Banco Central (BC) em seu Relatório de Política Monetária.

Este tipo de juro – o mais caro do mercado financeiro – em geral, é utilizado pelos usuários de cartão de crédito que não conseguem pagar a fatura por completo e optam por fazer o pagamento da fatura no valor mínimo, gerando juros sobre juros. A modalidade é um dos temas de preocupação do Ministério da Fazenda. O ministro Fernando Haddad vem se reunindo com banqueiros para buscar uma alternativa para a redução dos juros do rotativo.

Esse tipo de crédito imediato vem aumentando a taxa total consecutivamente, mês após mês desde dezembro de 2020. Na época, o rotativo, em média, era de 328% ao ano.

Nas operações de crédito com recursos livres a taxa de juros chegou a 44,3% ao ano em março, aumento de um ponto percentual em relação a fevereiro de 2023, quando marcou 43,3%. No acumulado de 12 meses, a elevação é sete pontos percentuais. As operações com recursos livres não incluem o crédito rural, habitacional e linhas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES).

Já Nas operações para o segmento empresarial, o custo médio do crédito livre ficou em 24,1% ao ano, mantendo-se estável no mês e crescendo 2,7 pontos percentuais em 12 meses. Nas operações realizadas com as pessoas físicas, a taxa de juros manteve-se inalterada em relação ao mês anterior, em 58,3% ao ano. Os dados confirmam a tendência do custo para a tomada de crédito, em especial, na modalidade do cheque especial e rotativo do cartão de crédito.

Crédito

O saldo de operações do Sistema Financeiro Nacional (SFN) alcançou R$ 5,4 trilhões em março, expansão de 0,7% no mês. Esse resultado é decorrente dos incrementos mensais de 0,6% no saldo do crédito destinado às empresas, para R$ 2,1 trilhões, e de 0,8% no saldo do crédito para as famílias, que atingiu R$ 3,3 trilhões. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, o saldo do crédito total cresceu 12% em março, desacelerando ante a expansão de 12,7% no mês anterior. Por segmento, no mesmo período de comparação, tanto o crédito para às empresas quanto às famílias desaceleraram, para 5,5% ante 6% em fevereiro e para 16,5% ante 17,4%, na mesma ordem.

O saldo das operações de crédito com recursos livres para as pessoas jurídicas somou R$ 1,4 trilhão em março, incrementos de 1,1% no mês e de 4,6% em doze meses. Esse desempenho decorreu, basicamente, da expansão da carteira de desconto de duplicatas, aumento das carteiras de cartão de crédito total e de adiantamentos de contratos de câmbio.

O saldo das operações de crédito com recursos livres às pessoas físicas totalizou R$ 1,8 trilhão em março, crescimento de 0,6% no mês e de 15,4% em 12 meses. Destacam-se as evoluções das carteiras de cartão de crédito total, aquisição de veículos e crédito pessoal consignado.

O saldo das operações de crédito direcionado alcançou R$ 2,2 trilhões em março, com aumentos de 0,6% no mês e de 14,2% comparativamente a março de 2022. O crédito direcionado ao segmento empresarial recuou 0,3% no mês e cresceu 7,3% em 12 meses, totalizando R$ 735,8 bilhões. O crédito direcionado às famílias continuou em expansão, com aumentos de 1,1% no mês e de 18% em doze meses.

Inadimplência

A inadimplência permaneceu estável em março, em 3,3%. No caso das empresas e pessoas físicas também foi mantida a estabilidade, em 2,1% e 4,1%, respectivamente. No crédito com recursos livres, a inadimplência aumentou 0,1 ponto percentual ao atingir 4,6%.

O endividamento das famílias alcançou 48,6% em fevereiro, o que representou decréscimo de 1,2% em 12 meses. O comprometimento de renda registrou chega a 27,4% nos últimos 12 meses.


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