Brasil
Garimpeiros não recuam na Terra Yanomami, mesmo com forças de segurança, mostra reportagem
A equipe de reportagem do Fantástico constatou a presença de garimpeiros na área do Xitei, quando a Força Aérea pousou para entregar alimentos.
Reportagem divulgada neste domingo pela Rede Globo mostrou a presença de garimpeiros que não se intimidaram com a presença da força de segurança na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, cenário de uma tragédia humanitária.
Em um pequeno espaço devastado e perto de um imenso garimpo que segue o leito de um rio, o helicóptero da Força Aérea pousou para fazer a entrega de mantimentos, distribuição de remédios, alimentos e resgatar mulheres e crianças doentes. A prioridade era a ajuda humanitária, não o enfrentamento – e há muita gente precisando de ajuda.
A equipe de reportagem constatou a presença de garimpeiros na área do Xitei, quando a Força Aérea pousou para entregar alimentos.
A reportagem do Fantástico entrou na Terra Yanomami com o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena, Junior Hekurari, e o novo secretário da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena), Weibe Tapeba. “A gente vivia, a gente tinha a vida, a gente tinha trabalho, pescava. A gente não tem hoje. Não tem, porque o povo Yanomami está doente. Então, a situação é muito grave”, relata Junior Hekurari.
A situação mais grave está na parte Norte, onde estão dos pelotões especiais de fronteira do Exército – e a maior concentração de garimpo no Território Yanomami.
A partir de 2017, o garimpo avançou por dezenas de quilômetros na região do Homoxi. Os garimpeiros tomaram a pista da Sesai, expulsaram a equipe de saúde e usaram o posto como depósito de combustível.
Em 2022, policiais federais estiveram lá e destruíram máquinas do garimpo. Em represália, os garimpeiros botaram fogo no posto de saúde.
Casos subnotificados
No ano passado, foram registrados 22 mil casos de malária – em uma população de 30 mil Yanomamis. No entanto, no Homoxi, onde o posto foi tomado e queimado pelo garimpo, houve apenas 7 casos notificados. Isso deixa claro que os números oficiais não refletem toda a realidade.
Nos anos 1990, uma grande operação do Governo Federal retirou os garimpeiros que haviam invadido a região. Em 1992, a Terra Yanomami foi demarcada. Depois disso, o garimpo quase desapareceu. Mas voltou em 2016 – e em escala brutal.
Os números mostram que o aumento dos casos de malária acompanha o do garimpo. Em dezembro de 2022, a área atingida pelo garimpo chegava a 5 mil hectares. Um aumento de mais de 300% em relação ao final de 2018.
“Durante esses quatro anos, piorou muito as situações graves. Chegou malária, desnutrição do povo Yanomami. Desde que que eu levei o primeiro Fantástico, né? E, desde então, o pessoal não recebeu nenhuma ajuda”, relembra o líder indígena Junior Hekurari.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi a Boa Vista, capital do estado, acompanhado de ministros.
“A gente não pode entender como um país que tem as condições que tem o Brasil deixar os indígenas abandonados como eles estão aqui”, afirmou.
A crise sanitária matou 570 crianças Yanomami de 2019 a 2022, 29% a mais que nos quatro anos anteriores. Os dados do Ministério da Saúde foram compilados pela agência Sumaúma.
A reportagem completa exibida pode ser acessada pelo link.
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