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Anielle Franco é eleita uma das mulheres do ano pela revista Time

Anielle é irmã de Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro morta em 2018 em uma emboscada, junto com o motorista dela, Anderson Freitas.

Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. (Foto:Reprodução)

O perfil publicado pela Time diz que “a ministra da Igualdade Racial do Brasil nunca planejou entrar na política”. “Então sua irmã foi assassinada”, destacou.

“A trágica história familiar, a personalidade calorosa e o uso hábil das mídias sociais transformaram Anielle, ora reservada, em uma líder improvável no movimento pelos direitos dos negros no Brasil”, descreveu a revista (leia mais sobre o artigo).

Na lista também há atrizes, como Cate Blanchett e Angela Bassett, e esportistas, como Ramla Ali e Megan Rapinoe (veja aqui todas as laureadas).

Em entrevista à GloboNews, a ministra afirmou que jamais esperava a homenagem.

“A gente sabe que tem feito um trabalho muito árduo. A minha vida literalmente mudou muito desde 2018. Eu saindo da sala de aula, acontece tanta coisa negativa… mas também a gente recebeu carinho de tanta gente”, disse.

“Tem sido um trabalho incansável, feito com afeto, com muito caráter e valor para manter a memória da Mari viva e chegar aonde estamos chegando hoje”, destacou.

“Eu acho que é dar orgulho para minha mãe, para as minhas tias lá no Nordeste, para a minha avó. Eu sempre imagino que ela poderia estar nesse lugar aqui, mas eu também entendo o nosso valor e o quanto que a gente tem trabalhado”, emendou.

Homenagem à mãe e à irmã

“Faltam alguns dias para a gente completar cinco anos dessa tragédia, desse crime covarde que foi contra a Mari. Eu fico muito emocionada e feliz por tudo que ela investiu em mim e por toda a educação a que eu tive acesso”, disse.

“Para que eu pudesse chegar e estar nesse lugar, meus pais ralaram muito, a Mari também. Venderam sacolé, roupa e sapato nas feiras da Maré e em Vilar dos Teles, para que eu pudesse sempre galgar conhecimento.”

Governo ‘de ódio’

“A gente só dá valor pelo que a gente recebe e por estar aqui nesse Ministério por ter passado por esses quatro anos de muito ódio, de muito ataque, e ter hoje um governo federal que cuida da gente, que cuida do caso da Mari, que cuida do povo preto. É entender que a gente está de uma certa maneira vencendo esse ódio.”

Elucidação do atentado

“Eu espero que para os próximos dias, para os próximos meses, que a gente não precise esperar mais cinco anos para descobrir quem mandou matar a Mari. Isso é uma das nossas missões de vida.
Esse reconhecimento hoje da Time me emociona muito, e eu tenho certeza de que ela também está muito orgulhosa, assim como minha mãe, minha família.”

O que a Time disse de Anielle

O perfil feito pela revista destaca que Anielle teve que assumir a dianteira na busca por justiça pela irmã e pelas causas que ela defendia, como a igualdade racial.

A Time destaca que Anielle tem hoje 38 anos, a mesma idade que Marielle Franco tinha quando foi assassinada, e hoje é a ministra da Igualdade Racial do governo Lula, responsável por cobrar que o país dê chance a segmentos da população historicamente marginalizados.

“Eu perdi o medo quando eles mataram a minha irmã. Agora eu luto por algo muito maior do que eu mesma”, disse Anielle à publicação.

A revista destaca que Anielle cresceu no Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio de Janeiro, e se apaixonou pelo vôlei aos 8 anos de idade. Aos 16 anos, o esporte deu a ela a oportunidade de jogar nos Estados Unidos. Anielle permaneceu no país por 12 anos, onde estudou inglês e jornalismo em duas universidades historicamente negras. A experiência a ajudou a construir a própria identidade.

Anielle foi uma das fundadoras do Instituto Marielle Franco, em julho de 2018, poucos meses após a morte da irmã. A ONG produziu relatórios sobre a desigualdade na sociedade brasileira, principalmente em relação a mulheres negras.

O perfil da Time destaca ainda que um número recorde de mulheres negras concorreu a cargos eletivos nas últimas eleições no país. E que 29 delas foram eleitas para a Câmara dos Deputados, contra apenas 13 em 2018. Mas que, mesmo assim, o número representa menos de 6% das cadeiras em um país em que as mulheres negras representam 28% da população.

“Eu espero que a população negra ocupe o papel de protagonistas na nossa sociedade, e não apenas a capa de jornais como vítimas de um genocídio”, disse Anielle à publicação norte-americana.

As outras laureadas

Anielle faz parte de uma lista de 12 mulheres do ano divulgada pela Time Magazine. As outras mulheres são:

a atriz australiana Cate Blanchett;
a atriz e cantora norte-americana Angela Bassett;
a ambientalista paquistanesa Ayisha Siddiqa;
a executiva japonesa Makiko Ono;
a jornalista iraniana Masih Alinejad;
a jogadora de futebol norte-americana Megan Rapinoe;
a ativista ucraniana Olena Shevchenko;
a cantora e compositora norte-americana Phoebe Bridgers;
a escritora, produtora e atriz norte-americana Quinta Brunson;
a boxeadora e modelo somali Ramla Ali;
a ativista mexicana Verónica Cruz Sánchez.


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