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Brasil

Monitor diz que número de assassinatos caiu 1% no Brasil em 2022; AM ficou em 4º no ranking

No Amazonas, de janeiro a setembro de 2022, foram registrados casos, contra 1.037 no mesmo período de 2021, de acordo com os números no Monitor.

O número de assassinatos caiu 1% no Brasil em 2022. Foram 40,8 mil mortes violentas em todo o país — média de mais de 110 vítimas por dia. É o que mostra o índice nacional de homicídios criado pelo g1, com base nos dados oficiais dos 26 estados e do Distrito Federal. As informações são do site g1.

O Amazonas teve uma queda de 8,8% no número de crimes violentos em 2022. É o que mostra o levantamento, feito com base nos dados oficiais dos 26 estados e do Distrito Federal. Foram 1.432 crimes violentos no estado, de janeiro a dezembro do ano passado. Desse total, 1.340 foram homicídios dolosos, 56 latrocínios, que é roubo com resultado morte, e 36 lesões corporais seguida de morte.

O Estado, com 33,5, ficou em 4º lugar no ranking da taxa de assassinatos por 100 mil habitantes, atrás de Pernambuco (35,3), Bahia ( 34,2) e Alagoas (33,5).

O total de mortes violentas ainda é elevado, mas representa um alento: o Brasil atingiu o menor número da série histórica do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que coleta os dados desde 2007, e do Monitor da Violência, que coleta desde 2018. É o segundo ano seguido que isso acontece: em 2021, foram 41,2 mil mortes.

Os dados, no entanto, acendem um alerta: a tendência de queda de violência no país, iniciada em 2018, pode estar chegando ao fim, avisam especialistas.


Veja os principais destaques do levantamento:

-O Brasil teve 40,8 mil assassinatos em 2022, o menor número da série histórica do FBSP – uma queda de 1% em relação a 2021;
-No último trimestre, porém, um alerta: houve alta de 6,5% nas mortes;
-Redução das mortes foi puxada por Norte (-3,5%) e Nordeste (2,2%);
-Destaque para as quedas no Amapá (-28,5%) e Roraima (14,1%);
-Mesmo com a queda nacional de 1%, 14 estados brasileiros tiveram alta de mortes;
-Centro-Oeste puxou a alta (4,5%), liderado pelo Mato Grosso (24,1%);
-Número de mortes voltou a subir em São Paulo (7,1%) e Minas Gerais (6,3%).

Segundo os especialistas, diversos fatores estão por trás dos indicadores de violência em queda nos últimos anos: políticas públicas estaduais, mudança nas dinâmicas dos grupos criminosos, mais recursos disponíveis para o setor da segurança pública, entre outros.

Este levantamento faz parte do Monitor da Violência, uma parceria do g1 com o Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

 

 


Queda histórica e seus motivos

O número de assassinatos no Brasil em 2022 é o menor se for levada em conta a série histórica do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, iniciada em 2007, e os levantamentos realizados pelo Monitor da Violência desde 2018.

O patamar impressiona porque, até 2011, o Fórum contabilizava as ocorrências (em que é possível ter mais de uma vítima). Já os dados coletados desde 2012 pelo Fórum e desde 2018 pelo g1 se referem a números de vítimas. Mesmo assim, os números dos últimos anos são os menores da série histórica.

Os especialistas do Núcleo de Estudos da Violência da USP e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública elencam alguns pontos para explicar a queda dos indicadores nos últimos anos:

Mudança na dinâmica do mercado de drogas brasileiro: “Hoje temos um mercado de drogas mais eficiente, menos truculento e menos custoso, o que amplia o poder econômico e o poder político desses grupos”, diz Bruno Paes Manso, do NEV-USP.

Criação de programas de focalização e outras políticas públicas: “Várias unidades da federação adotaram, ao longo dos anos 2000 e 2010, programas de redução de homicídios pautados na focalização de ações nos territórios. O Pacto Pela Vida, em Pernambuco, o Estado Presente, no Espírito Santo, e o Ceará Pacífico, no Ceará, são exemplos de projetos que buscaram integrar ações policiais e medidas de caráter preventivo”, afirmam Samira Bueno e Renato Sérgio de Lima, do FBSP. Os especialistas também citam outras políticas públicas que estão sendo desenvolvidas pelas unidades da federação, focadas na integração das forças policiais com o fortalecimento dos mecanismos de inteligência e investigação.

Redução do número de jovens na população: “Tem a ver com as mudanças demográficas, algo que a gente já vem apontando há alguns anos no Atlas da Violência, que é a redução do número de jovens na populacão. É sabido que a maior parte da violência letal atinge jovens do sexo masculino. E o Brasil esta diante de uma grande mudança demográfica”, afirma Samira Bueno, do FBSP.

Criação do SUSP e mudanças nas regras de repasses: “Em 2018, o governo federal conseguiu aprovar, depois de tramitar por 14 anos, a lei que criou o Sistema Único de Segurança Pública, responsável por regulamentar a Constituição de 1988 no que diz respeito à integração e eficiências das instituições de segurança pública. Ainda em 2018, (…) houve uma mudança nas regras de repasse de recursos arrecadados pelas Loterias da Caixa que, na prática, fez com que cerca de 80% de todo o dinheiro da segurança repassado para estados e Distrito Federal de 2019 a 2021 tenha as loterias como origem e, com isso, novos recursos puderam ser destinados à área”, dizem Samira e Renato.

Bruno Paes Manso destaca que, desde 2018, houve uma redução de mais de 18 mil casos de mortes no país por ano. “Isso incluindo quatro anos do governo Bolsonaro, onde mais de 1 milhão de armas entraram em circulação. É uma grande incógnita que a gente precisa lidar”, diz.

“O governo [Bolsonaro] argumentava que, com mais armas em circulação, as pessoas ficam com mais receio de assaltarem os outros. Por isso, as mortes diminuem. Isso é um equívoco, uma fala fora da realidade porque, do total de mortes, menos de 5% são decorrentes de assaltos. O que acontece é que, com mais armas em circulação, como mostram diversos estudos, aumentam homicídios circunstanciais, em brigas de trânsito, em brigas de bar. Aumentam também os suicídios e a violência doméstica.”

Ele ainda destaca que houve um crescimento de homicídios políticos — ou seja, motivadas por questões e opiniões políticas. Mesmo com estes fatores, as mortes de forma geral conseguiram cair motivadas pelos pontos citados acima, como mudanças no cenário criminal e políticas públicas estaduais, defendem os especialistas.

E o que vem pela frente?

Mesmo com a queda dos últimos anos, há pontos de atenção. A oscilação de 1% em 2022 é um deles. Inclusive, este índice foi puxado para cima por conta do final do ano, que representou uma mudança de direção nos indicadores de violência.

“Uma informação preocupante é o crescimento no quarto trimestre de 2022 em relação ao mesmo período de 2021 de 6,5%. Ou seja, o que antes vinha como uma queda muito acentuada e marcada, agora, no último trimestre do ano, se transformou em uma subida”, diz Renato Sérgio de Lima, do FBSP.

Renato destaca que a alta é puxada por estados da região Sudeste — e não de regiões historicamente mais violentas, como Norte ou Nordeste. “Mostra que alguma coisa desandou em estados que tinham bons indicadores para mostrar”, aponta o pesquisador.

Renato e Samira Bueno, do FBSP, ainda afirmam que os pontos de atenção não estão apenas nos números, mas também no cenário político dos últimos anos.

“A política [de Jair Bolsonaro] na área relegou as polícias estaduais a meras coadjuvantes e ficou concentrada na liberação irresponsável e irrestrita de armas de fogo e munições; no incentivo à radicalização ideológica de integrantes das forças de segurança, sobretudo as militares; e na divulgação de grandes operações de apreensão de drogas pela PRF e pela PF”, dizem.

“Se esse cenário for mantido, o governo Lula corre o sério risco de encerrar seu primeiro ano à frente do país com crescimento da violência letal e, na guerra de narrativas, é preciso que reformas substantivas sejam levadas a cabo ao mesmo tempo que a inapetência e a inexistência de políticas nacionais da gestão passada sejam explicitadas.”

Alertas regionais: disputas entre facções

Em termos regionais, também há pontos de atenção, já que aproximadamente metade dos estados brasileiros teve aumento na violência no ano passado – 14 das 27 unidades da federação.

Em dois casos mais dramáticos, do Mato Grosso e do Acre, disputas entre facções estão por trás da escalada de violência — o que mostra que a situação não está mais tão pacificada, já que disputas territoriais seguem causando mortes em locais específicos do país, apesar do processo de profissionalização passado pelas facções nos últimos anos.

Veja abaixo o ranking dos estados pela taxa de assassinatos a cada 100 mil habitantes:

Pernambuco: 35,3 (mortes a cada 100 mil habitantes)
Bahia: 34,2
Alagoas: 33,5
Amazonas: 33,5
Ceará: 32,2
Rio Grande do Norte: 30,9
Rondônia: 28,5
Roraima: 28
Tocantins: 27,2
Mato Grosso: 27
Paraíba: 26,9
Pará: 25,9
Amapá: 25,8
Espírito Santo: 25,6
Sergipe: 25,4
Piauí: 24,9
Maranhão: 24,8
Acre: 23,8
Mato Grosso do Sul: 18
Rio de Janeiro: 18
Paraná: 17,7
Goiás: 17,1
Rio Grande do Sul: 15,3
Minas Gerais: 12
Distrito Federal: 9,7
Santa Catarina: 8,7
São Paulo: 7,1


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