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Economia

Aplicativos na internet oferecem falsos empregos; proteja-se contra a fraude

Esse tipo de golpe costuma ser enquadrado como estelionato, com pena de um a cinco anos de reclusão e multa.

No período de um ano, foram identificadas 608 mil tentativas de golpes de falso emprego. (Foto:Tânia Rego/AgB)

Salários altos, baixa carga horária e quase nenhum pré-requisito. A oportunidade de empego parece perfeita, porém a oferta pode ser uma fraude. Entre setembro de 2021 e fevereiro do ano passado foram identificadas 608 mil tentativas de golpes de falso emprego, de acordo com uma pesquisa realizada pela empresa de segurança digital Psafe.

O passo a passo para a suposta admissão costuma ser bem simples, e a abordagem pode funcionar de diferentes formas. Uma delas induz a vítima a clicar em links ou preencher formulários com dados pessoais. Assim, os golpistas conseguem roubar informações como nome completo, CPF, telefone, informações bancárias e senhas.

Outro esquema recorrente é a oferta de cursos. Ao longo da negociação para contratação, a suposta empresa explica ao candidato que é necessário um certificado específico. A vítima é orientada a pagar pelo curso que não existe e é bloqueada logo em seguida.

Esse foi o caso do nutricionista André Belarmina, de 25 anos, que percebeu ser vítima de um golpe depois de transferir R$ 700 para o pagamento de dois cursos. “Ele me indicou uma escola para fazer os cursos e pegar os certificados. Entrei em contato e me disseram que era R$ 350 cada um e que eu poderia fazer a transferência via Pix”, explicou. A proposta foi recebida pelo Whatsapp.

O golpista se apresentou com o nome de Júlio Mendes, disse que era chefe de RH de um hospital conhecido pelo nutricionista e pediu que André entrasse em contato “o mais rápido possível”. Segundo ele, o salário oferecido foi de R$ 5 mil com todos os benefícios. Após pedir o dinheiro de volta, André foi bloqueado no aplicativo de mensagens.

Como evitar

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 12 milhões de pessoas estão desempregadas no Brasil. Além disso, em 2022, quase 1/3 dos desempregados procuravam vaga há pelo menos dois anos. Dessa forma, muitos ficam vulneráveis a esses golpes pela esperança de retornar ao mercado de trabalho.

As falsas propostas costumam ser enviadas por aplicativos de mensagens e pelas redes sociais, mas também podem aparecer de outras maneiras. Por isso, o mais importante, explica o advogado trabalhista Fábio Medeiros, sócio do escritório Lobo de Rizzo, é que a pessoa peça todas as informações possíveis sobre o processo seletivo, além de entender o objetivo da empresa. Outra dica de Medeiros é que, se possível, toda comunicação seja feita por e-mail, porque, segundo ele, é a melhor plataforma para o armazenamento de informações de mensagens.

Nos golpes, existem dois cenários: as quadrilhas criam uma empresa fictícia para cometer o crime ou usam o nome e a imagem de uma companhia que já funcione. Em ambos os casos, uma forma de conferir se a empresa existe e quais atividades realiza, explica o advogado, é por meio do CNPJ, que pode ser consultado pela internet por qualquer pessoa.

Outra forma de checar a vaga é entrando em contato com a empresa por canais oficiais de comunicação, como e-mail de suporte, redes sociais verificadas, telefone ou chats on-line. A mesma lógica pode ser seguida para verificar se o recrutador é de fato quem diz ser. Plataformas como o LinkedIn podem ser usadas para pesquisa.

Poucas informações sobre os pré-requisitos, erros de digitação, baixa carga horária, sites suspeitos e pedidos de transferência também podem ser sinais amarelos. O gerente de gente e gestão Danilo Camapum diz que “normalmente as empresas fazem contato por aplicativos de mensagens ou redes sociais, mas este é apenas o canal”.

“Não é comum que todo o processo seletivo seja realizado por mensagens, muito menos a contratação”. alerta Camapum. Assim, uma primeira forma de averiguar a veracidade da vaga pode ser perguntar como a pessoa teve acesso ao número de telefone, por exemplo.

Camapum dá outra dica para evitar um golpe: pedir um e-mail da empresa com a proposta formalizada, constando cargo, salário e benefícios antes de seguir com a entrega da documentação.

Sobre os requisitos para uma vaga real, ele explica que é comum a exigência de documentação pessoal como RG, CPF, comprovante de endereço, título de eleitor, título de reservista, além de documentos trabalhistas como carteira de trabalho e cartão do cidadão ou nº do PIS. Em alguns casos, o comprovante de escolaridade para a posição e atestado de saúde ocupacional podem ser solicitados. A exigência de extrato bancário, senha de banco ou número do cartão com código de segurança é bastante incomum, alerta.

Como denunciar

Se a vítima for enganada, a primeira coisa a fazer é se certificar de que todas as informações estão salvas. “Quando você vai comprar um imóvel, você guarda todos os documentos, tira foto da planta, das transações. Na contratação de emprego não pode ser diferente”, acrescenta Medeiros. “É necessário tirar print de tudo, guardar todas as conversas e informações que você tenha sobre o ocorrido.”

Depois do golpe, os criminosos costumam deletar as contas ou bloquear a vítima. Ainda assim, é possível fazer a denúncia, afirma o advogado trabalhista. “A investigação policial tem meios de obter mais informações sobre o ocorrido mesmo nesses casos”, explica.

Medeiros esclarece que esse tipo de golpe costuma ser enquadrado como estelionato, com pena de um a cinco anos de reclusão, e multa. Danos morais e materiais também costumam ser reivindicados nesses casos. “Se a pessoa se sentiu afetada moralmente, o valor da indenização pode chegar a até 50 vezes a remuneração oferecida na falsa vaga”, explica.

A denúncia pode ser feita on-line pelo site da Polícia Civil ou presencialmente em uma delegacia de polícia.


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