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Amazonas

Manaus: líder do massacre de 2017 em presídios da cidade é condenado a 18 anos na Justiça Federal

Marcio Ramalho Diogo tinha 21 anos quando foi condenado a sete anos e oito meses de prisão por ter roubado 600 reais de um mercadinho em Manaus.

O conselho de sentença do tribunal do júri da Justiça Federal do Amazonas condenou Márcio Ramalho Diogo, 34 anos, conhecido como ‘Garrote’, a 18 anos e 6 meses de prisão, após somadas as penas pelos crimes de homicídio, na forma tentada, e porte ilegal de arma de fogo de uso restrito. O julgamento, no último dia 6, durou mais de 15 horas.

Segundo a Polícia Federal (PF) ‘Garrote’ foi um dos principais líderes do massacre que resultou na morte de pelo menos 56 presos no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) e outras quatro na unidade Puraquequara, em Manaus, em 2017. O júri foi realizado no dia 06 de junho, na sede da Justiça Federal do Amazonas.

Foi uma selfie tirada pra festejar a matança que ajudou a Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) da PF no Amazonas. Nela, ‘Garrtote’ aparece de boné vermelho, ao fundo, em meio a vários comparsas armados com escopetas, pistolas e facões. Garrote era um dos ‘xerifes’ (homem de confiança) de José Roberto Fernandes Barbosa, o Zé Roberto da Compensa, um dos líderes de uma facção criminosa que age dentro e fora dos presídios do Amazonas. Dentro da cadeia, já era ele quem ficava responsável por aplicar as penas aos detentos que variavam de lesões graves à morte.

Quando desencadeou a Operação La Muralla, uma das maiores ações de combate ao tráfico de drogas já feitas no Brasil, em novembro de 2015, a DRE adotou como estratégia tentar desmantelar a comunicação do primeiro e do segundo escalões da facção com as ruas e, principalmente, com a massa carcerária. Dezenove integrantes da facção que domina a rota amazônica do contrabando de arma e droga foram para presídios federais. Outros quarenta ficaram no chamado Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) dentro do próprio Estado. Para os investigadores, a medida deu certo e representou um baque na estrutura financeira e logística da quadrilha.

O prazo de um ano como castigo no RDD, no entanto, acabou. E alguns desses criminosos voltaram ao convívio. Consequentemente, as decisões e as ordens eram tomadas com mais agilidade. “Logo que ele saiu do RDD foi comandar a chacina”, dise, à época, o delegado federal Rafael Caldeira.

Com nove anotações em sua ficha criminal, Garrote é relatado pela PF como “um homem reconhecido no mundo do crime pela extrema violência e crueldade com que atua”. Durante muito tempo operou como braço armado no transporte de grandes cargas que passavam pelo Rio Amazonas. Em 2013, chegou a trocar tiros durante um cerco feito por agentes da própria PF, que resultou na sua captura e na morte de um comparsa. E, mesmo preso, continuou ditando regras numa nova função: a de distribuição de drogas por Manaus.

Em depoimentos à PF na época, Garrote negou qualquer relação com integrantes da facção. No entanto, a selfie em meio aos criminosos que protagonizaram a maior barbárie das cadeias brasileiras não deixa dúvida de seu papel de ‘xerife da matança’.

Marcio Ramalho Diogo tinha 21 anos quando foi condenado a sete anos e oito meses de prisão por ter roubado 600 reais de um mercadinho em Manaus. Sem ensino fundamental, filho de uma empacotadora e um pai sem profissão, morador de favela, iniciou ali uma carreira no crime que incluiu assalto, formação de quadrilha, tráfico de drogas e homicídio. No início da semana, foi apresentado ao Brasil em uma foto na qual aparecia ladeado por comparsas armados de pistolas e facões após ter ordenado a matança de 56 rivais no Compaj, presídio do Amazonas. Agora como Garrote, o jovem que assaltava mercadinho é, aos 34 anos, um dos homens da cúpula da Família do Norte, facção que briga com o Primeiro Comando da Capital pelo controle do tráfico de drogas no país. E foi o “xerife” da segunda maior barbárie da história do sistema carcerário do país.


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