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Amazonas

MPC denuncia autoridades de meio ambiente do Amazonas por omissão e fraude no combate ao desmatamento

Procurador diz que, em 2019, com os resultados das investigações federais da Operação Arquimedes, que revelou “lamentável estado de coisas de descontrole da administração estadual sobre a gestão de planos de manejo florestal.

O Ministério Público de Contas (MPC) denunciou ao Tribunal de Contas (TCE) o secretario do Meio Ambiente e Presidente do Conselho Estadual do Meio Ambiente, Eduardo Taveira, os conselheiros do colegiado e o diretor-presidente do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), Juliano Valente por omissão e fraude no combate ao desmatamento ilegal no Estado.

O MPC, em Representação assinada pelo procurador Ruy Alencar de Mendonça, pede apuração “de má-gestão e ilegalidade por omissão de providências hábeis a corrigir de pronto as fragilidades e deficiências, normativas e operacionais, do sistema de controle estadual sobre a exploração de recursos madeireiros e manejo florestal no Estado, para evitar desmatamento ilegal, por fraude no sistema Documento de Origem Florestal (DOF) e lavagem de madeira pública irregularmente extraída com uso de Plano de Manejo Florestal Sustentável (PMFS) expedidos e monitorados pela administração estadual”.

O procurador diz que, em 2019, com os resultados das investigações federais da OperaçãoArquimedes, que revelou “lamentável estado de coisas de descontrole da administração estadual sobre a gestão de planos de manejo florestal, autorização das explorações e seu monitoramento, no âmbito do Ipaam”.

Ele diz que, após a Operação Arquimesdes – uma das maiores investigações relacionadas aos crimes de exploração ilegal de recursos florestais na Amazônia -, foram feitas recomendações para reformar as normas para aprovação e monitoramento dos planos de manejo e sua execução.

Mas, afirma, “conforme reconhece o dirigente do Ipaam representado, por meio do Ofício N. 280/2021-IPAAM , de 02 de março, pendem de encaminhamento e conclusão, até aqui, reformas normativas no Cemaam (Conselho Estadual do Meio Ambiente) e operacionais internas preconizadas, de suma essencialidade, no sentido do retorno à legalidade e à eficiência (…) fundamentais para refrear os ilícitos”.

Ele diz que o Ipaam alegou insuficiência de recursos, mas afirma que não é dado ao gestor apresentar desculpa e se conformar “ante a constatação de cenários de fraudes e uso indevido das autorizações e licenças expedidas para extração irregular de madeira de florestas públicas (imóveis de propriedade pública)”.

Diz que é “intolerável” a expedição de Autorização Prévia à Análise Técnica de Plano de Manejo Florestal (APAT) sobre terras públicas, em benefício de pessoas privadas e que os próprios órgãos fundiários reconhecem o descontrole das ocupações, “grande parte a mercê da grilagem (…) a revelia de antigos ocupantes e de primitivos assentados na gleba estatal”.

A Representação diz que resta pendente, no âmbito do Ipaam, a falta de transparência ativa e digitalização processual dos atos de licenciamento dos manejos florestais e que nada foi feito, de forma autônoma, pela administração estadual (Sema/Ipaam), no sentido de concretizar a rastreabilidade assim como a análise de movimentações suspeitas de madeira. E que continua admitida, indiscriminadamente, no processo administrativo de licenciamento, a dispensa de vistoria das áreas pretendidas para manejo florestal.

O procurador diz que o Conselho Estadual de Meio Ambientes está há meses com assunto em mesa (por meio de sucessivos órgãos fracionados, referidas câmaras técnica, jurídica e sucessivas reuniões) e não resolve a pauta de reforma no nível normativo. E que, “paralelamente, há indícios de que os gestores enfrentam apelos/pressões dos empresários do ramo para fazer passar as suas reivindicações”.

“Enquanto isso, as explorações madeireiras fraudulentas prosperam sob a vulnerabilidade do sistema atualmente em operação, com o pernicioso efeito de estimular a clandestinidade, a ilicitude e o desmatamento ilegal com o conseguinte curso de destruição do bioma Floresta Amazônica”, afirma.

Inglaterra

O secretário Eduardo Taveira, participou, nesta quinta-feira (4), de uma reunião com o príncipe Charles, da Inglaterra. Segundo o governo do Amazonas, o encontro integrou a agenda do Amazonas na 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP26), que acontece em Glasgow, na Escócia.

Taveira representou o governador do Amazonas, Wilson Lima.

O encontro, que ocorreu no Kelvingrove Art Gallery and Museum, tem a finalidade de lançar o Fórum de Investidores “Race to Zero” SMI-Brasil, que integra a Iniciativa de Mercados Sustentáveis (SMI). Para o secretário Eduardo Taveira, o encontro marca o protagonismo no Amazonas no combate às mudanças climáticas.

“Estamos muito felizes em fazer parte dessa campanha para reduzir as emissões no estado do Amazonas. Recentemente, também recebemos a aprovação para aderir à Coalizão Leaf. Essas conquistas significam que o Amazonas está ocupando espaços de protagonismo no combate às mudanças climáticas”, afirmou o secretário.

Outro lado

A Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), pasta vinculada ao Conselho Estadual do Meio Ambiente (Cemaam), informa que a revisão da Resolução n.º 30/2018 já foi iniciada pelo colegiado, mediante solicitação do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam).

As minutas de resoluções que visam alterar a normativa em questão já foram aprovadas, dentro dos devidos prazos, pela Câmara Técnica de Florestas do Conselho e encontram-se, neste momento, em aguardo do parecer da Câmara Técnica de Assuntos Jurídicos.

Segundo o Regimento Interno do Cemaam, em seu art. 67, o prazo para manifestações das Câmaras Técnicas é de até 60 (sessenta) dias corridos, ressalvados os casos de elaboração de políticas públicas e normas, prorrogados com a devida justificativa.

Entretanto, por motivo não especificado pelo conselheiro relator, que representa a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) dentro do Cemaam, o parecer a respeito das minutas ainda não foi entregue para posterior deliberação dos demais conselheiros.

Desta forma, a Sema, no que tange às suas competências dentro do colegiado, seguindo os prazos definidos pelo Regimento Interno do órgão, enviou um ofício à Ufam, no dia 3 de novembro, solicitando o parecer do relator em caráter de urgência, para que seja analisado na próxima reunião da Câmara Jurídica, marcada para ocorrer dia 10 de novembro.

A Secretaria informa ainda que tem cumprido, de forma integral, todas as suas atribuições legais referentes à atuação no Conselho Estadual do Meio Ambiente – órgão deliberativo máximo das políticas públicas ambientais -, a fim de dar celeridade à revisão da referida resolução.


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