Brasil
Mortes violentas na Amazônia estão ligadas ao narcotráfico e ao desmatamento, mostra estudo
Análise foi publicada no Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2021, divulgado na última quarta-feira, pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
As mortes violentas intencionais (MVI) na Amazônia se conectam às redes de narcotráfico e desmatamento, segundo análise do projeto “Cartografias da Violência na Amazônia”, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública em parceria com a Universidade do Estado do Pará e o Instituto Clima e Sociedade ( ICS). O estudo mostra como os diferentes modais de transporte da região são utilizados no crime organizado e como há uma sobreposição territorial de diferentes ilegalidades e violências.
Segundo o estudo, narcotráfico, desmatamento, grilagem de terras ou garimpos ilegais são tipos de ilegalidades que, no mundo formal, demandariam a atenção de diferentes agências de fiscalização e controle, incluindo as polícias. “Mas, ao não atuarem de forma integrada e existir fricções federativas e entre órgãos de Estado, não surpreende que muitos dos pontos identificados sejam exatamente aqueles locais/municípios com maiores taxas de mortes violentas intencionais”, diz Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado na última quarta-feira.
O estudo contatou que, na disputa por quem tem a competência legal para atuar no território, as brechas são criadas pela falta de governança e coordenação. E que tais brechas têm sido utilizadas pelas redes de ilegalidades que, muitas vezes estão conectadas e atuando de forma articulada.
Também diz que a Amazônia estaria convivendo com um fenômeno já observado nos grandes centros urbanos do país, que consiste da ampliação do controle territorial por facções de base prisional e por milícias, que exploram diferentes redes de ilegalidades, mas o foco do debate tem sido deslocado por falsas oposições entre desenvolvimento sustentável e soberania.
“Temos que o crime violento na região tem se aproveitado das brechas de governança do sistema de proteção da Amazônia e que hoje, no debate sobre a região, é preciso aprofundar o conceito de “soberania verde”, proposto por Ana Toni e Izabella Teixeira, e que tenta articular o debate sobre o modelo de desenvolvimento ambientalmente sustentável com a necessidade de se repensar a forma de se garantir a plena soberania do território brasileiro, hoje comprometida pelas redes internas e internacionais de criminalidade organizada”, diz o estudo.
Professor de pós-gradução em geografia na Universidade do Estado do Pará, Aiala Colares Couto pesquisa há 12 anos a relação entre geopolítica, criminalidade e meio ambiente na Amazônia. Autor de diversos estudos sobre o tema, Couto preparou a ampla pesquisa, em conjunto com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, sobre a relação entre o crime organizado e a degradação ambiental na Amazônia. “Ambos estão relacionados”, diz.
“Os grupos criminosos que atuam na região e a transformam numa zona de conflito também desmatam a floresta através do garimpo e a extração ilegal de madeira”.
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