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Morre aos 78 anos, Robert Hunter, letrista da banda Grateful Dead
“As palavras saltavam do meu subconsciente para a página”, disse ele ao jornal America’s Independent em 2014.
Robert Hunter, que escreveu algumas das letras mais vívidas e poéticas da banda americana de rock, Grateful Dead, morreu, nesta última segunda-feira (23) em sua casa, na Califórnia, aos 78 anos.
Enraizada na tradição folclórica americana, suas letras de narrativas deram a “The Dead” um brilho cósmico de alteridade em músicas como Ripple, Truckin ‘e Dark Star.
“Adoramos Bob Hunter e sentiremos sua falta inimaginavelmente”, escreveu o baterista do Grateful Dead, Mickey Hart, no Twitter. Ele passou a chamar seu colega de banda de “um visionário extraordinário em palavras”.
“Para um homem que nos forneceu tantas palavras significativas, a trilha sonora de nossas vidas, ele nos deixou um pouco sem palavras com sua morte”, disse David Lemieux, arquivista da banda.
“Robert Hunter tem sido parte integrante do legado do Grateful Dead tanto quanto aqueles que gravaram a música para acompanhar suas palavras”, escreveu ele em comunicado no site oficial da banda.
Experimentos com LSD
Robert Hunter nasceu na Califórnia em 1941. O letrista conheceu o vocalista do Grateful Dead, Jerry Garcia, em 1961, em uma produção local do musical Damn Yankees.
Os dois não se deu bem imediatamente, mas a música acabou unindo-os. Hunter costumava tocar bandolim e baixo nas bandas pré-fama de Garcia. No entanto, ele recusou um convite para se juntar ao Grateful Dead, para ir a Universidade de Stanford.
Lá, ele se ofereceu em um programa de pesquisa psicodélica patrocinado pelo governo, ingerindo alucinógenos, incluindo LSD, psilocibina e mescalina.
As drogas desbloquearam algo em seus escritos.
“As palavras saltavam do meu subconsciente para a página”, disse ele ao jornal America’s Independent em 2014. “Era melhor do que clicar nas teclas da máquina de escrever”.
Hunter enviou parte de sua poesia para Garcia, que o convidou para se tornar o principal letrista dos Grateful Dead.
Ele escreveu algumas das músicas mais memoráveis do Dead, incluindo Dark Star, Truckin ‘(“Que viagem longa e estranha tem sido”) e seu maior sucesso comercial, Touch of Grey, de 1987.
O processo de escrita foi fluido. Às vezes, Hunter entregava pacotes de letras para Garcia, que escolhia os que mais gostava e sugeria alterações. Em outras ocasiões, ele se inspirava nas fitas de ensaio da banda – como no Uncle John’s Band.
Cheia de imagens psicodélicas e oníricas, suas letras eram uma fonte de fascínio e especulação para os fãs de Grateful Dead. Hunter proibiu deliberadamente a banda de publicar suas palavras em seus discos, aumentando o mistério.
“As pessoas podiam dublar em seus próprios erros, acrescentando um pouco de si à música”, explicou ele.
A Fama
Depois que Garcia morreu em 1995, Hunter trabalhou com nomes como Elvis Costello, Bruce Hornsby e Bob Dylan – com quem ele co-escreveu a maior parte do álbum Together Through Life, de 2009.
“Ele tem jeito com as palavras e eu também”, disse Dylan na época. “Nós dois escrevemos um tipo de música diferente do que hoje se passa nas composições”.
Quando o Grateful Dead foi introduzido no Hall da Fama do Rock and Roll em 1994, Hunter foi incluído como membro da banda. Ele ainda é o único não-artista a receber tal honra.
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